Com 86 anos de idade, faleceu em 16 de agosto na cidade, o sr. Sebastião Carlos Gomes de Barros, o Carlão. Deixou viúva da. Apparecida e os filhos José Maria (casado com Luzia) e Maria Lígia (casada com Jovercindo), 4 netos e 1 bisneto.
Resumidamente, sua vida em Bauru foi de trabalho, dedicação, caridade e voluntariado. Nos anos 30, era jogador do Smart F. C., campeão amador da cidade em 1934 e logo após passou para o E. C. Noroeste, fazendo parte do plantel em 40/41, como aspirante. Nesses dois anos, o “alvi-rubro) foi campeão amador bauruense.
Em 1946, já era preparador físico e foi convidado para ser o técnico do “time de cima”. Naquela época o sistema era amadorista e como compensação, o jogador do clube era registrado como funcionário da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, que subvencionava a agremiação “alvi-rubra”.
Nesse ano de 1946, o E. C. Noroeste não foi feliz em sua participação no campeonato regional, sendo apenas vice-campeão. O Luzitana (Bauru Atlético Clube a partir de 1.º de agosto) sagrou-se campeão, vencendo o Noroeste na última partida do certame. Depois, o BAC prosseguiu outras fases e foi o Campeão Amador do Estado.
Porém, paralelamente aos amistosos do Noroeste e jogos de campeonato efetuados pelo BAC, decidiu-se que no dia 29 de julho de 1946, fosse disputado o jogo que iria determinar quem seria o “Campeão do Cinqüentenário da Cidade”.
Movimento intenso na cidade que possuía seus quase 50.000 habitantes! O E. C. Noroeste levava uma grande vantagem sobre o ainda Luzitana F. C.: sua torcida era composta de 70% dos bauruenses apreciadores do futebol...
Apesar de sentir a falta do seu centro-avante artilheiro Adolfrizes, que passara a atuar no Santos F. C., Carlão mandou a campo o melhor do plantel que tinha em suas mãos:
Amélio, Xandu, Irineu (Domingos); Godê, Chocolate, Sérgio; Lamônica (Ferreirinha), Crisanto, Godoy (ex-Jabaquara), Pedrinho II, Albercio.
O time de Vila América jogou com: Chiquinho, Borracha, Gino; Biguá, Pedrinho, Dinho; Demais, Waldemar de Brito, Dondinho, Ministro (Nico), Vicente.
A linha atacante do BAC jogou com elementos fora de suas posições, como Demais, Ministro, Nico e Vicente.
Resultado: E. C. Noroeste 3 x Luzitana F. C. 2. Artilheiros: Xandu (penal), Albercio, Godoy - ECN; Ministro, Waldemar de Brito - LFC. Juiz: João Barata (F.P.F.). Renda: Cr$ 18.100,00.
Esporte Clube Noroeste - Campeão do Cinqüentenário de Bauru!
Esse título é conservado até os dias de hoje, sem contestação, demonstrando a “garra” exibida por aqueles heróis da década de 40! Em outubro de 1946, Carlão solicitou demissão de seu cargo, sendo substituído por outro grande técnico, Euclides Paixão, campeão amador do Interior, em 1943.
Carlão fazia parte do quadro de funcionários da NOB, como chefe de departamento e como outros jogadores do clube, pouco tempo tinha para se dedicar aos estudos e um curso superior, porém, na edição de n.º 3086 de 8 de janeiro de 1947 da Folha do Povo, em sua seção “Retalhos Esportivos”, encontramos uma nota agradável:
“Tivemos o prazer de ver incluído no nosso noticiário estudantil, o nome de Carlos Gomes (Carlão) ao integrar a turma de contadorandos formada pelo Colégio Guedes de Azevedo. O ex-técnico do Noroeste (atual preparador físico) dá assim um grande passo na vida, devido exclusivamente ao seu grande esforço e boa vontade. Cumprimentamos Carlão pelo auspicioso acontecimento.” Carlão estava com 31 anos quando se formou pelo Colégio Guedes de Azevedo. Depois, até 1949, ainda formou no time “alvi-rubro” como preparador físico, dando apoio ao técnico da época, Begliomini. Prestou serviços na Estrada de Ferro NOB por 43 anos e por 53 anos no Centro Espírita “Amor e Caridade”. No CEAC, como funcionário, diretor e presidente, Carlão prestou trabalho voluntário, ajudando ao próximo com amor, dedicação e zelo. Esta é uma pequena parte da vida de Carlos Gomes, o Carlão, a quem humildemente presto minha homenagem. Em sua oração, Richard Simonetti, inspirado e emocionado, citou II Timóteo 4:7: “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé”, referindo-se à vida e desapego de Carlão às coisas materiais e principalmente à forma com que o amigo encarava a sua passagem pela Terra.
Não gostaria de encerrar estas palavras de uma maneira que pareça crítica velada a quem quer que seja: “diretores do Esporte Clube Noroeste, onde estavam quando o falecimento de Carlão foi anunciado? Ele merecia receber uma grande homenagem do clube. Por que a omissão?” (Fausto Gamba Gonçalves - RG: 2.339.931)
|
máx. 31° / min. 12°
