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Motociclos, uma preferência nacional

Motociclos, uma preferência nacional

Marcelo Ferrazoli
Número de pessoas que aderiram ao uso de motos e ciclomotores em detrimento de carros, circulares e metrô aumentou quase cinco vezes na década de 90.

O mercado de motociclos vem ganhando cada vez mais espaço na disputa pelo bolso do consumidor brasileiro. Anualmente, cresce o número de pessoas que optam por substituir o uso dos carros, ônibus coletivos e metrô pelas motos, ciclomotores, motonetas e até bicicletas.

É o que mostra uma pesquisa elaborada pela ABRACICLO - Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas e Bicicletas. Ela revelou que durante a década de 90 o perfil do comprador de motociclos alterou-se radicalmente.

Enquanto no início da década, em 1.990, comprar um motociclo para substituir a utilização de automóveis, ônibus e metrô era a razão principal para 15% dos consumidores, no ano 2.000 estes passaram a ser os fatores primordiais para 72% das pessoas.

Outro item da pesquisa que demonstra a migração da preferência para os motociclos é a posse de automóvel. Em 1.990, 69% dos que adquiriam um motociclo possuíam pelo menos um veículo, enquanto 31% não tinham. Já no final da década a relação se inverteu, onde 69% das vendas foram feitas para consumidores sem automóveis. Uma amostra disso pode ser notada nos números da própria ABRACICLO. Segundo a associação, de janeiro a julho de 2001 foram comercializadas 413.185 unidades, representando um aumento percentual de 26,5% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram vendidas 326.717 unidades.

Mesmo com a instabilidade econômica do mercado brasileiro nos últimos meses, o desempenho do segmento de motociclos, em julho, foi considerado positivo, com 56.292 unidades vendidas. Embora tenha sido registrada uma retração de 4,3%, comparando-se ao mês anterior (58.760 unidades), o acumulado do ano continua em ritmo de crescimento.

Os números apontam, ainda, uma expansão de 10,7% nas vendas, se comparado ao mês de julho ao mesmo período de 2000.

A boa performance do segmento também foi registrada no mercado externo. Foram contabilizadas no mês de julho 7.157 unidades, o que representa um crescimento de 62% quando comparado a idêntico período de 2000. Na soma total dos primeiros sete meses do ano foram comercializadas 37.080 unidades, 5.155 a mais do que no ano anterior.


Motivos


Em Bauru, cidade que segundo estimativa da 4ª Companhia da Polícia Militar conta atualmente com uma frota de mais de 130 mil veículos, a tendência verificada na pesquisa da ABRACICLO é a mesma. Paulo Rogério, integrante do departamento de vendas da concessionária Honda Super Moto, atesta: “O mercado cresceu muito durante os anos 90, batendo recordes de vendas. A pesquisa realmente demonstra a realidade do setor, que está relativamente aquecido”, diz ele.

Os motivos para a expansão do segmento são muitos. Para Paulo, os consumidores que optam pelas motos procuram aliar fatores como a economia de combustível, praticidade, manutenção barata e agilidade no trânsito. “O perfil desses compradores é o da pessoa que assimila as facilidades e a economia proporcionadas pelas motos, especialmente nos custos com a gasolina, a manutenção e na hora de encontrar algum lugar para estacionar na cidade”, avalia ele.

Paulo ressalta ainda que a estabilidade dos preços, os consórcios e a flexibilização do mercado financeiro também ajudaram a alavancar as vendas do setor. “Hoje é muito mais fácil se adquirir uma motocicleta. Atualmente pode-se comprar uma moto com entradas extremamente acessíveis e pagar o restante em até 36 meses. Além disso, ultimamente os carros subiram muito mais que as motocicletas, pois chegamos a ficar quatro anos sem reajustar os seus preços, que hoje estão estabilizados”, afirma Paulo.

O vendedor Elidio Giacon Júnior, da concessionária bauruense RPM/Yamaha, enfatiza que cerca de 35% de seus clientes estão mudando de condução. “De cada 100 motos vendidas, pelo menos 35 são para pessoas que estão substituindo seu veículo. Além disso, mais de 20% nunca tiveram qualquer meio de transporte”, diz ele, para depois complementar:

“Atualmente há uma verdadeira enxurrada de clientes que estão abandonando o uso de mais de dois carros. Muitos vendem um de seus veículos, ficando com o melhor, e optam por adquirir uma motocicleta. Com isso, a relação custo-benefício é clara, pois troca-se de carros que fazem de 10 a 12 quilômetros por litro por motos que chegam a atingir 40 quilômetros/litro”.

Segundo Elidio, alguns clientes que dependem de ônibus circulares para transporte se apegam à relação de que o gasto com esse tipo de condução seria suficiente para pagar as prestações de um consórcio ou financiamento de moto. “A economia está acima de tudo. Não há como comparar, por exemplo, o custo de manutenção de um carro com uma moto, que é muito mais barata”, conclui o vendedor.


Meio de vida


Mais do que um simples transporte, as motos são utilizadas para o “ganha-pão” de um número incalculável de trabalhadores.

O gráfico bauruense Marcos Roberto Gonçalves é um desses. Proprietário de uma Honda Today há três anos, vendeu um Volkswagen Voyage pensando em economizar no gasto com combustível. E conseguiu. “Com R$ 2,00 no tanque, ando uns três dias de moto. Chegava a gastar R$ 80,00 por mês com gasolina quando tinha o carro. Hoje, dispendo cerca de R$ 20,00 e tenho uma autonomia muito maior de quilômetros para rodar. Além disso, fiz as contas e cheguei à conclusão que também economizaria se deixasse de pegar ônibus todo dia”, ressalta Marcos.

O mesmo raciocínio também foi seguido pelo técnico de baterias Elias Marques, de 24 anos. O jovem comprou uma moto há cinco meses e a utiliza basicamente para se deslocar até seu trabalho. “Andar de ônibus não compensa. Com ele, gastaria R$ 28,00 todo mês e esse valor é suficiente para eu rodar 30 dias de moto”, enfatiza ele.





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