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Projeto de lei vai corrigir erro histórico

Projeto de lei vai corrigir erro histórico

Gilmar Dias
Município não tem data de fundação definida; em 1.º de agosto de 1896 lei transfere sede de Fortaleza para Bauru.

Um projeto de lei assinado pela Comissão de Cultura da Câmara Municipal, presidida pelo vereador José Walter Lelo Rodrigues (PTB), vai corrigir um erro histórico. A proposta vai revogar lei aprovada em 1967, que define 1º de agosto de 1896 como o dia da fundação do Município.

Segundo o historiador Luciano Dias Pires (foto), diretor do Instituto Histórico Antônio Eufrásio de Toledo, em 1º de agosto de 1896 foi assinado, pelo presidente da província da época, o decreto lei que transferiu a sede do Município de Espírito Santo de Fortaleza para Bauru.

Portanto, a cidade não foi fundada nessa data como se divulga até os dias de hoje. Fortaleza - fundado em 1887 - era um município que se localizava a alguns quilômetros de Bauru, onde hoje está instalada a fábrica da Duratex, às margens da rodovia Marechal Rondon. Atualmente, a área pertence a Agudos.

A transferência da sede do Município de Espírito Santo de Fortaleza para Bauru se concretizou através de uma manobra política. Tudo começou na eleição realizada no dia 30 de julho de 1895, quando o então povoado de Bauru elegeu seis vereadores à Câmara de Fortaleza.

Cinco meses depois, em 7 de janeiro de 1896, os seis parlamentares decidiram, em comum acordo, transferir a sede do Município para Bauru, que na época já despontava mais progressista do que Fortaleza. Para que não encontrassem resistência por parte de opositores, eles adiantaram o relógio e iniciaram a histórica sessão, registrando em ata a decisão. Quando os opositores chegaram, a manobra já estava consolidada.

Um dia depois do fato, 8 de janeiro, os vereadores providenciaram a mudança, em carro de boi, dos móveis da Câmara e do pouco de dinheiro que o Legislativo tinha em caixa para Bauru. A comitiva foi recebida com fogos de artifício pela população.

A primeira reunião da Câmara Municipal de Bauru foi realizada no mesmo dia, na residência de Manoel Jacintho Bastos. O presidente da província só legalizou a transferência do Município no dia 1º de agosto de 1896, através da assinatura do decreto lei de número 428, que diz o seguinte:

“A partir desta data, o Município de Espírito Santo de Fortaleza passa a denominar-se Bauru, mudando para este último povoado a sede do Município.”

Mas sete meses antes do ato legal ser assinado a cidade já possuia Câmara Municipal, Prefeitura, cartório, Igreja Católica, juiz e até mesmo a rua Araújo Leite, via em que se aglomerou as primeiras casas do povoado. “Não se pode usar o dia 1º de agosto como data de fundação do Município, mas sim como data oficial da transferência de sua sede de Fortaleza para Bauru”, corrige Pires.


Bahurú de 1850


Segundo o historiador Irineu de Azevedo Bastos, foi no ano de 1850 que pela primeira vez o povoado de Bauru (na época escrevia-se Bahurú) foi mencionado oficialmente em registro burocrático.

A povoação, que localizava-se no extremo Oeste do Estado, era o limite das terras conhecidas e cartografadas de São Paulo. Além do povoado estava o “sertão desconhecido”, habitado por “selvícolas”.

Bastos explica que Bauru foi mencionada numa citação de alistamento eleitoral promovida pela Comarca de Itapetininga. O povoado estava enquadrado como quarteirão - menor unidade administrativa da organização política brasileira - daquele município. Outros povoados, dentre os quais Botucatu e Lençóis Paulista, também estavam subordinados a Itapetininga.

“Em 1850, foi registrado que em Bauru havia um aglomerado de sítios”, relata o historiador. Vinte anos depois, em 1870, chega a cidade o mineiro Valentim Goulart, natural de Guaxupé. Goulart, em entrevista concedida em 1930 ao jornalista José Fernandes, do Correio da Noroeste, confirma o registro histórico.

“Na entrevista ele conta que o povoado tinha vários sítios interligados por caminhos precários”, diz Bastos. Na época, Botucatu era o principal povoado da região. Alguns produtos essenciais, como tecidos e sal, eram adquiridos naquela localidade, que era atingida por cavalos e carros de boi, em viagem que durava sete dias, entre ida e volta.




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