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Do homem das cavernas ao feudalismo!...

Do homem das cavernas ao feudalismo!...

(*) José Almodova
É tido e sabido que o ser humano, desde sua presença na terra, buscou proteção nas cavernas, fazendo dali seu esconderijo e moradia até a próxima migração, dada a sua característica de nômade e vida errante. Este teria sido o “presumível predecessor da nossa própria espécie, na provável seqüência genética dos mais antigos seres humanos, os “hominídeos”. A evolução para o “homo sapiens” (homem sábio) teria sido a precursora da nossa espécie evoluindo, presumivelmente, do “homo erectus” (homem erguido), “há cerca de 300 mil anos”. Neste estágio, “o cérebro aumentou para o tamanho atual, os ossos do crânio tornaram-se menos pesados e a parte posterior da cabeça ficou mais arredondada”. Entretanto, inexistem elementos científicos quanto à evolução posterior, que aparentemente se tivesse dividido “em duas linhas principais, a primeira dando origem ao “neandertal” (homo sapiens neanderthalensis), a outra à raça moderna “homo sapiens” (homem sábio)”. Contudo, teria sido neste estágio de evolução crescente daqueles seres já eretos e sábios que os terráqueos teriam abandonado definitivamente as cavernas para viver em abrigos grosseiros, produzidos manualmente em busca das suas próprias defesas, numa demonstração inequívoca de pretensa sabedoria e senso de prevenção. Embora não se conheça claramente a evolução científica, “a última evolução aconteceu gradualmente durante os últimos 125 mil anos”, cujas evidências anatômicas e genéticas teriam se desenvolvido na África, possivelmente no extremo Oriente. Os “humanos anatomicamente modernos apareceram por volta de 50 mil anos atrás, no Oriente Médio”. Enquanto que na Europa chegaram há 35 mil anos, e supõem-se que “muito provavelmente eles não foram nossos ancestrais diretos, e podem ter-se miscigenado com a raça moderna, vinda da África para a Europa via Oriente Médio”.

Uma coisa, porém, é muito mais importante neste contexto. É que sendo nossos ancestrais ou não, os “homo sapiens” e os “homo habilis”, que sucederam os que se utilizaram da evolução “homo erectus”, ao contrário daqueles, teriam conseguido construir sua segurança num modelo primitivo de habitação, certamente em tocas - inicialmente envolvidas em barro - mais tarde, fortalecidas por madeiras de galhos aproveitáveis. Estes, em princípio e aos poucos, substituiram as cavernas e os refúgios naturais, por muito tempo abrigando-se nas tocas e em acidentes geográficos naturais, por milhares de anos antes de Cristo. Trata-se da presença e afirmação de que o homem de então soubera - embora na forma mais simplista e de conformidade com seu intuitivo saber - produzir para si o que hoje consideramos e lutamos por conseguir: nosso próprio abrigo, isto é, a casa de moradia traduzida no lar de cada família.

Certamente muito mais tarde se definiram os limites de propriedade das respectivas terras de cada país em formação, naturalmente sob infindáveis guerras e lutas pelo poder e posse. Em tal estágio, o homem que se firmara em algum lugar (quando no estágio da inexistência de propriedade públicas das terras) e conseguira proteção segundo suas possibilidades e esforço próprio erguendo sua humilde habitação familiar, teria sido desterrado por ocasião da criação do pós recente Estado pátrio. No mundo Ocidental da Idade Média, do século V aos meados do século XV - em especial na Europa, entretanto, ao ensejo da criação do Feudalismo, o homem (que já houvera perdido a liberdade de viver ou radicar-se aonde bem quisesse, dado que as terras ainda não tinham dono), se viu definitivamente despojado do que houvera construído até então. Como única fonte do poder, a terra passava a pertencer ao senhor, em caráter hereditário, numa intrincada organização hierárquica de feudos, em que o senhor, beneficiário da doação passava a vassalo do doador (suserano), independentemente do seu título nobiliárquico. Contudo, embora “ficando ambos ligados por laços de lealdade e ajuda mútua, a propriedade da terra não era plena”, quem recebeu a doação não poderia vende-la, “e a propriedade era herdada, una e indivisível, pelo filho primogênito”. - Fico por aqui...

(*) José Almodova é professor-mestre em Projeto, Arte e Sociedade pela Unesp.




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