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Assassinato de Azarias Leite acelera transferência da Comarca de Bauru

Assassinato de Azarias Leite acelera transferência da Comarca de Bauru

Daniela Bochembuzo
Um dos primeiros líderes políticos da história local, Azarias Leite teve influência decisiva em dois momentos cruciais: a transferência da sede de município e da Comarca, de Agudos para Bauru. O preço desta última conquista foi pago com sua própria vida. A morte do principal líder político de Bauru na virada do último século, coronel Azarias Ferreira Leite, acabou por acelerar a transferência da sede da Comarca de Agudos para Bauru.

Em 1910, com a vitória garantida nas urnas, Azarias e os “hermistas” aumentaram a tensão entre Bauru e Agudos e, com isso, as ameaças de mortes se sucederam, até o acontecimento do crime. Num dos registros escritos do Legislativo da época ficou a marca do fato que sacudiu o ano de 1910: “No dia 19 de outubro do corrente, às 9 horas da manhã, chegou-nos a infausta notícia do assassinato do coronel Azarias Ferreira Leite, presidente desta Câmara Municipal e presidente da Junta Republicana local”. A repercussão foi imediata. O secretário da Segurança do Estado fez partir um trem especial da Sorocabana, conduzindo um delegado e 30 praças. O grupamento chegou no dia seguinte e, imediatamente, passou a procurar o assassino.

O enterro foi acompanhado pela Banda Municipal. Foi calculado em 500 o número de pessoas que o acompanharam. No cemitério, sentidos discursos foram pronunciados pelo dr. Nelson Noronha de Gustavo e o major José Carlos Freyre de Figueiredo. Em sinal de luto, o comércio, quase em geral, fechou suas portas trez (sic) dias. As escolas públicas suspenderam as aulas...”

As diligências comandadas pelo delegado enviado por São Paulo resultaram na prisão de Joaquim Honorato Pereira, que confessou o crime e acusou como mandantes Francisco José Baptista, conhecido por Antônio Mineiro, e Alfredo Barbosa.

No entanto, numa petição da queixa-crime que a viúva Vicentina Ferreira Leite enviou à Justiça, ficou claro que os mandantes, na verdade, eram “testas de ferro” do verdadeiro encomendador do crime. A partir de então, passou-se a apontar o juiz de Direito da Comarca de Agudos, José Pedro da Costa, como o verdadeiro mandante do assassinato de Azarias Leite, apavorado que ficara com a inexorável transferência da comarca para Bauru, como já havia acontecido antes, quando a comarca de Lençóis foi transferida para Agudos.

O fato previsto por todos àquela altura consumou-se dois meses após o assassinato de Azarias Leite, através de projeto de lei do senador Almeida Nogueira, transformado em lei no dia 16 de dezembro de 1910 por Albuquerque Lins. A instalação da comarca deu-se em 9 de março de 1911, sendo Rodrigo Romeiro nomeado o primeiro Juiz de Direito de Bauru e Benjamin Pinheiro, o primeiro Promotor Público.

Azarias Leite foi morto numa cilada, quando saía de sua fazenda para inaugurar o Banco de Custeio Rural, o que aumentaria ainda mais seu poder sobre a região. Ele próprio havia previsto um atentado contra si, em carta que endereçou a Álvaro de Sá, apontando o juiz José Pedro como o mandante.




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