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"Vidas Secas" é tema de palestra no Sesc

"Vidas Secas" é tema de palestra no Sesc

Redação
A formanda da Faculdade de Letras da USP Fabiana Garcia Coelho ministra uma palestra hoje, às 19 horas, no Sesc Bauru, sobre o livro “Vidas Secas”. A palestra integra a segunda edição do projeto Leitura Obrigatória, que aborda obras literárias pedidas nos principais exames vestibulares do País. Em seguida, será exibido o filme premiado de Nelson Pereira dos Santos, produzido em 1964 e inspirado no livro. As atividades são gratuitas e serão realizadas no ginásio.

Graciliano Ramos nasceu em Quebrângulo, em Alagoas, em fins de outubro de 1892. Lá, passou sua infância e parte da adolescência, repartindo-se, com a família, entre as cidades de Buíque, Viçosa e Palmeira dos Índios. Primeiro dos 15 filhos, Graciliano foi sempre visto pela família como um sujeito difícil, taciturno e introspectivo.

Fez os estudos secundários em Maceió, sem, no entanto, cursar nenhuma faculdade. O pai vivia do comércio e o filho mais velho foi aventurar-se: esteve, por breve período, no Rio de Janeiro, onde, por volta de 1914, trabalhou como revisor e redator nos jornais Correio da Manhã e A Tarde.

Mas, ao saber que três de seus irmãos tinham morrido de febre bubônica, retornou ao Nordeste e passou a ser jornalista, fazendo política também. Foi prefeito de Palmeira dos Índios entre os anos de 1928 e 30. É dessa época o seu primeiro romance, “Caetés”, de 1933.

De 1930 a 1936 viveu em Maceió, dirigindo a Imprensa e a Instrução do Estado de Alagoas. De março de 36 a janeiro de 1937 viveu os mais difíceis dias de sua vida. Acusado de subversivo e comunista, passou dez meses em prisão, sem saber do que o acusavam, sem sequer ser ouvido em depoimento ou processado. Desse tempo terrível, nasceu mais tarde “Memórias do Cárcere”, um relato que soma a angústia de existir, o medo e a inquietação.

Mudou-se para o Rio de Janeiro. Seus romances, histórias para crianças e artigos passaram a ser reconhecidos como um dos maiores legados literários desde Machado de Assis. Em 1945, filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro e, em 1952, viajou para a Rússia e países comunistas; o que presenciou nessa peregrinação está contido num outro livro: “Viagem”.

Em 1953, morreu no Rio, vítima de câncer. Suas obras já foram traduzidas para o russo, francês, inglês, alemão.

Serviço

Palestra sobre “Vidas Secas”, hoje, às 19 horas, no Sesc Bauru. Em seguida, exibição do filme homônimo de Nelson Pereira dos Santos. O Sesc fica na rua Aureliano Cardia, 6-71. Informações: (14) 235-1750.

Resumo da obra

“Vidas Secas” é o último romance de Graciliano Ramos e a única experiência do autor com foco narrativo na terceira pessoa. A obra é constituída em forma de espiral, cujo início fechado (“Mudança”, cap. 1) abre-se no final, com o último capítulo (“Fuga”), conduzindo os personagens para um destino inusitado, mas que mantém o elo da desdita, da miséria, da fome e da pobreza.

Entre os dois capítulos-limites são constituídos 11 quadros que, aparentemente, nada têm em comum a não ser os personagens e a paisagem. Um tênue fio narrativo faz o leitor conhecer a história de uma família de retirantes nordestinos que foge da seca, encontra período de passageira estabilidade e parte novamente em retirada quando as chuvas deixam de cair, prenunciando um novo período de seca. A economia (de estilo, de linguagem, de vida e de cenário) pode ser destacada como a característica básica do volume.




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