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Biofeedback: a terapia do século 21

Biofeedback: a terapia do século 21

Fabiana Teófilo
Biofeedback é uma técnica em que se aprende o controle voluntário de funções das quais não se têm consciência

Os avanços científicos relativos ao funcionamento cerebral têm sido de tal grandeza que a expressão justifica-se plenamente. O crescimento tecnológico tem permitido o desenvolvimento das mais variadas técnicas de abordagem da mente e do corpo em um nível nunca antes imaginado.

São as modernas tecnologias da mente onde se incluem o Biofeedback, as mind-machines (aparelhos de estimulação cerebral por luz e som), CES (aparelhos de estimulação elétrica do cérebro), as técnicas de aprendizagem acelerada, etc. Dentre elas se destaca o Biofeedback como a mais revolucionária e promissora forma de abordagem do funcionamento mental e corporal, podendo ser considerada como uma das terapias que predominarão neste século.

Esta forma de terapia, muito difundida em países desenvolvidos como EUA, Japão, Canadá, França, etc. tem apresentado um índice de crescimento extraordinário e um nível de sofisticação e desenvolvimento inconcebíveis há uma ou duas décadas atrás. No Brasil, apenas recentemente tal modalidade terapêutica foi introduzida.

Imagine uma criança hiperativa, isto é, que não pára de se mexer, inquieta e rebelde, distraída e relaxada com tudo, que só quer brincar e se divertir, incapaz de se sentar e fazer os seus deveres escolares. É aquele tipo de criança que já mudou de escola várias vezes, considerada um pequeno demônio pela vizinhança e cujos pais não sabem mais o que fazer para incutir nas mesmas o sentido de responsabilidade e tranqüilidade. Através de uma aparelhagem apropriada, conectada a um computador, esta mesma criança é colocada a jogar um game (o que aliás, elas adoram). Após alguns meses, a mesma revela-se mais calma, conseguindo ficar sentada e cumprir com seus deveres escolares, revelando acentuada melhora em seu aproveitamento escolar. Milagre? Não. Na realidade o game é um programa especial, feito para treiná-la a modificar determinadas ondas cerebrais, exatamente aquelas que respondiam pelo seu comportamento anteriormente desajustado. Do mesmo modo, pode-se treinar as pessoas a dominarem inúmeras outras condições psicológicas ou físicas, obtendo assim o alívio de sintomas advindos do transtorno dessas condições.

De acordo com a especialista em neurofeedback e dependência química, Cláudia Catão Siqueira, que é também mestre formada pela USP, biofeedback é uma técnica em que se aprende o controle voluntário de funções fisiológicas das quais as pessoas normalmente não têm consciência, com a finalidade de recuperar, manter ou melhorar sua saúde e/ou seus desempenhos. “Isto é feito através do uso de determinados aparelhos que medem com precisão e instantaneamente como se encontra a função fisiológica em estudo, informando ao sujeito, de modo visual ou sonoro, quais os valores medidos”, explicou Cláudia.

De acordo com ela, com esta informação e orientado pelo biofeedbackterapeuta, o sujeito tem possibilidade de alterar tais valores, para mais ou para menos, segundo a sua vontade e conforme o que for mais desejável. Com um treinamento repetido, supervisionado pelo biofeedbackterapeuta, o paciente consegue condicionar aquele processo fisiológico a funcionar de modo estável e desejado.

O que significa feedback

Quando você programa um aparelho de ar condicionado para manter a temperatura de uma sala, por exemplo, entre 20.ºC e 25.ºC, acontece o seguinte: se a temperatura da sala atingir 25.ºC, um sensor detecta aquele valor e manda uma ordem ao aparelho para refrigerar a sala. Com a refrigeração a temperatura irá cair e quando chegar a 20.ºC, o sensor acusa e manda nova ordem ao aparelho: interrompa a refrigeração. Se a temperatura volta a subir a 25.ºC, o ciclo recomeça e assim vai indefinida e automaticamente. Este é o mecanismo da retroalimentação (ou servomecanismo) e que equivale em inglês à palavra “feedback”: corrigir o curso de um processo, intervindo em um ponto anterior do seu desenvolvimento ou ciclo. Quando você coloca um termômetro para medir sua febre ou sobe numa balança para verificar seu peso, você está usando um procedimento idêntico ao anterior. A informação dada pelo termômetro ou pela balança leva você a ter um comportamento para baixar a febre (tomar antitérmico ou antibiótico) ou para diminuir o peso (com dieta, exercícios). Se sua febre ou o seu peso aumentarem, você irá tomar novas providências para sua queda. Quando o termômetro lhe informar que sua temperatura voltou ao normal, ou a balança acusar que você atingiu o peso desejado, você então interrompe o tratamento ou o regime. Biofeedback é a aplicação desta idéia aos processo biológicos.

Campo de aplicação

Cláudia afirmou que o biofeedback é uma terapia revolucionária e tudo indica ser uma das terapias do futuro. Seu campo de aplicação é muito amplo e a cada dia surgem aplicações em novas áreas. Na atualidade, tem sido aplicado com sucesso nas seguintes condições e distúrbios:

1. Todas as manifestações de estresse, estafa e síndrome de fadiga crônica.
2. Quadros ansiosos, fobias, síndrome do pânico, distúrbio obsessivo-compulsivo (DOC).
3. Depressão.
4. Distúrbios de aprendizagem, em especial os devidos a déficit de atenção com ou sem hiperatividade (ADD/ADHD).
5. Alcoolismo e dependência a drogas.
6. Enxaqueca e dores de cabeça tensionais.
7. Dores crônicas lombares, na nuca e ombros, etc.
8. Hipertensão arterial essencial, arritmias cardíacas.
9. Problemas musculares como torcicolo, bruxismo (TMJ), Lesões por esforço repetido (LER).
10. Reabilitação neuromuscular em seqüelas de AVC (espasticidade ou flacidez), concussão cerebral, paralisia cerebral.
11. Asma e doenças alérgicas.
12. Doença de Raynaud.
13. Insônia.
14. Incontinência fecal e urinária.
15. Transtornos psicóticos

Além do seu aspecto terapêutico, o biofeedback é uma ferramenta educacional, prestando-se ao aprimoramento de desempenhos. Neste sentido, tem sido aplicado nas equipes olímpicas (EUA, Canadá, Japão) visando levar seus atletas a alcançarem desempenhos máximos, de excelência (peak performance). Contudo, o treinamento de desempenhos de excelência não se restringe à esfera esportiva, aplicando-se a outras classes de desempenho, como os da esfera executiva, a educacional, a de comunicações, etc.

Terapia

A terapeuta Cláudia disse que a terapia é feita através de uma a três sessões semanais de 30 a 50 minutos cada uma. “A duração total do treinamento é variável conforme a modalidade e o distúrbio a ser tratado”, afirmou. Em termos gerais, considera-se uma média entre 20 a 40 sessões. No entanto, observa-se uma diminuição no número de sessões de ano a ano, segundo a experiência do terapeuta e o crescente desenvolvimento tecnológico que tem permitido a construção de aparelhos mais sofisticados e eficientes.

A biofeedbackterapia é uma técnica cuja aplicação não é de uso exclusivo de uma categoria profissional. Assim sendo, ela pode ser praticada por profissionais de diferentes áreas. Sua aplicação tem sido prioritariamente realizada por profissionais da área de saúde (médicos, psicólogos, odontólogos, enfermeiras, etc.) e da área educacional. A exigência fundamental é uma adequada formação em anatomia e psicofisiologia humana. Isto implica a freqüência em cursos de especialização e formação técnica e científica para a aquisição dos conhecimentos e o desenvolvimento da destreza necessários à prática da biofidbackterapia.

Vantagens

A biofeedbackterapia apresenta inúmeros pontos positivos quando comparados com outras formas de tratamento. Ao contrário do que acontece no tratamento medicamentoso, a biofeedbackterapia não apresenta efeitos colaterais. Além disso não é invasiva como o são as cirurgias. É portanto uma forma de terapia praticamente inócua, completamente indolor. Acresce-se ainda que é extremamente segura. Outro ponto a ser mencionado é que o paciente tem o controle da evolução da terapia. A participação consciente e voluntária do paciente desempenha um papel decisivo no sucesso da terapia. Como já foi mencionado, o biofeedback não é apenas terapia. Sua dimensão educacional acaba por acarretar no paciente uma modificação de hábitos e comportamentos levando a uma reorganização na vida deste.




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