A ação resultou na prisão de três acusados. O transporte dos animais dava-se em um veículo adaptado com uma câmara de ar vazia atrás das rodas traseiras para não deixar rastros.

Três homens foram detidos e nove animais recuperados. Os furtos vêm sendo uma constante preocupação entre pecuaristas.

Agudos - Uma operação conjunta entre as polícias Civil e Militar realizada na madrugada de ontem, no município de Agudos, resultou na prisão de três acusados de furto de gado na região. O trio foi autuado em flagrante por furto e formação de quadrilha. Com eles foram encontrados nove animais que estavam sendo transportados em um caminhão F-4.000, tipo boiadeiro. O veículo estava coberto com encerado.

Há meses, os furtos de gado vêm preocupando as autoridades policiais e pecuaristas da região de Agudos. Mais de 20 boletins de ocorrência chegaram a ser registrados. No começo do mês passado, 62 bois que haviam sido furtados, em maio, de uma propriedade rural, em Borebi, foram recuperados pela Polícia Civil. Na ocasião, a polícia chegou a um receptador dos animais furtados. Ontem, porém, os policiais flagraram os ladrões em plena atividade.

A polícia intensificou as investigações sobre os furtos de boi no início do mês, quando sitiantes e fazendeiros da região de Agudos e Borebi começaram a reclamar dos freqüentes furtos. Para tentar encontrar uma solução ou pelo menos minimizar o problema, eles chegaram a criar a Associação Rural de Agudos (ARA), através da qual passaram a mobilizar forças para enfrentar o problema.

E na madrugada de ontem, a Polícia Militar recebeu informações de que um caminhão carregado com gado furtado passaria pela estrada velha que liga Agudos a Piratininga. Em uma curva da estrada foi montado um cerco que resultou na prisão dos suspeitos. Outros dois integrantes do bando conseguiram fugir para um canavial e até o começo da noite de ontem permaneciam foragidos. Mas a polícia já possui a identificação dos dois e deve pedir a prisão temporária deles.

A polícia preferiu manter os nomes dos suspeitos em sigilo, alegando que a divulgação dos mesmos poderia prejudicar as investigações. O delegado Eron Veríssimo Gimenes disse ontem que as diligências prosseguem e já há pistas que possam levar a outros envolvidos. “Acreditamos que a quadrilha seja formada por mais quatro homens.”

Os animais furtados que estavam no caminhão, ontem, pertenciam aos pecuaristas Clélio Porto e Basílio Afonso, ambos do município de Agudos. As vacas leiteiras foram avaliadas em mais de R$ 6 mil.

O caminhão utilizado pelos ladrões foi apreendido e será objeto de investigação. Até ontem, sabia-se que o veículo, uma F-4.000, é de Bauru, placas DHK-9655. Os acusados do furto, segundo delegado Eron, negaram o crime.


Mobilização


Cansados de serem vítimas de furtos, os pecuaristas da região de Agudos se mobilizam para pedir ao Poder Judiciário a manutenção da prisão dos três acusados, até que tudo seja esclarecido. O pecuarista José Ademar Simões disse que ele e seus colegas esperam rigor. “Nós estamos gastando com a segurança dos animais. Eu já fui vítima 12 vezes. Meu vizinho, nove e assim por diante.”

Sem deixar rastro

De acordo com o delegado Eron, o bando que vinha aterrorizando os pecuaristas de Agudos e região eram bem organizados e agiam premeditadamente. Para não deixar rastros na estrada de terra e não levantar suspeitas, eles optaram por adaptar um pedaço de borracha (câmara de ar vazia) próximo do pneu. Assim, conforme o veículo se movimentava, a borracha apagava a pista deixada.

Outro artifício usado pela quadrilha era o uso de lona sobre o caminhão com a carga viva, o que impossibilitava a visão da mesma. Os animais eram colocados quase que uns sobre os outros. Em consequência disso, um dos nove encontrados ontem, estava morto.

O delegado acredita que a partir desse flagrante, outros furtos de gado também possam ser esclarecidos.