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19/07/01 00:00 -

Lambari: o peixe mais pescado no Brasil

Lambari: o peixe mais pescado no Brasil

Roberta Mathias
De Norte a Sul, de Leste a Oeste, o lambari está em toda parte e é muito procurado pelos pescadores. Grande parte usa o lambari como isca para peixes maiores, outros se divertem e se emocionam com o pequenino, mas grande lutador lambari.

Quando naveguei pela primeira vez, na canoa de meu pai, pelas águas do rio Mogi Guaçu, em meus cinco anos de idade, o que mais me impressionou foi a beleza daquele peixinho prateado em minhas mãos. Naquela época, era só encostar o barco no barranco, nos dias de calor, que os lambaris saltavam freneticamente. Meus olhos se enchiam de curiosidade e alegria. Como um peixe tão pequeno poderia saltar com tanta facilidade? Meu pai fazia graça e repetia o movimento.

O lambari foi o meu primeiro peixe e creio que o primeiro da maioria dos pescadores. Talvez seja muito difícil encontrar alguém que nunca fisgou um lambari. Depois de me “aventurar” em pescarias de lambari pelo Mogi, descobri que ela morava também em outros cantos. Encontrei o lambari no Broa, uma represa de Itirapina. Ah! Lá sim eu poderia pescar à vontade. E como havia lambari por lá.

Sentava a turma de primos no tablado e ficava esperando o lambari beliscar. A isca usada era, na maioria das vezes, o macarrãozinho cozido. Grande parte da isca eles conseguiam roubar. E nós, pescadores-mirins, recheávamos novamente nossos pequenos anzóis e retomávamos à pescaria. Só pela falação em que ficávamos, muitos desapareciam.

Mas a gente não desistia. Para nós, crianças de até 12 anos, encher um balde de lambari era uma grande vitória. Depois seguia-se a parte mais complicada da aventura: limpar os peixinhos. A tarefa era dividida de acordo com as possibilidades de cada um, porém todos queriam ajudar. Limpinhos, chegava o momento esperado: empanar e fritar. Coisa de adulto, que a gente esperava com muita vontade.

Nunca mais comi uma fritada de lambari gostosa como aquelas, aliás, há muito não pesco lambaris. E pegar lambari não é tão simples assim, talvez por isso eu não tenha encarado novas pescarias, pois perdi a sensibilidade de criança. Para fisgar o lambari é preciso sentir o momento exato em que ele morde a isca, o segundo em que a bóia afunda, às vezes imperceptível. E aí, com um equipamento leve, o lambari mostra que é um bom lutador e resiste. No final, quando chega à superfície, dá seu último salto. Um salto que muitas vezes o faz livrar-se do anzol. Até, quem sabe quando, ser capturado por outro predador.

Por isso, não consigo deixar de admirar esses pequenos lutadores, que em época de piracema sobem o rio a todo custo para procriar. Objetivo que tem tido êxito, se levarmos em consideração a quantidade de lambaris fisgada e quantos ainda podemos fisgar.


Paçoca de lambari


Aliás, falando em fritada de lambari, alguém já ouviu falar em paçoca de peixe? Minha amiga Ieda Rodrigues, de Coronel Macedo, conta que é uma delícia. A sugestão é fazer com o lambari, porque seus espinhos desaparecem após torrados. A receita é a seguinte:

Primeiro limpe e tempere bem uns dez lambaris. Não precisa ser muitos, pois a paçoca fica com o sabor bem acentuado. Depois, frite bem os peixes em óleo quente e deixe escorrer. Enquanto isso, prepare o pilão com farinha de milho torrada. Coloque os lambaris fritos, inteiros, e vai socando. Acrescente mais farinha quando achar necessário. É bom observar que o próprio óleo que fica no peixe colabora para a consistência da paçoca. Acrescente cebola crua picada e pouco sal, afinal, o peixe já foi temperado. Para finalizar, acrescente cheiro verde.

De acordo com Ieda, a tradição sugere que a paçoca de peixe seja acompanhamento no café da merenda, mas também pode ser consumida nas refeições. Pode ficar até uma semana fora da geladeira e é boa para levar nas pescarias. Eu fiquei curiosa e com muita vontade de provar!

Lambari

Nome popular: Lambari Nome científico: Astyanax spp, Mimagoniates spp.

Habitat: Em todo o Brasil, segundo estudos, existem mais de trezentas espécies de lambaris, havendo portanto uma grande variação de cor e formato, porém o tamanho máximo encontrado, dificilmente passa de 20 cm. Freqüenta rios, lagoas e represas, alimentado-se tanto de vegetais como de animais (insetos, minhocas, etc.). O lambari pode ser considerado como um dos peixes mais pescados em todo o Brasil, pois além de muito saboroso, é também uma excelente isca para se pescar muitos peixes.

Técnicas de pesca: O lambari pode ser pescado tanto com iscas artificiais, como com iscas naturais.

a) Iscas artificiais: deve-se utilizar equipamento de ação ultraleve, composto por uma vara para linhas de 4 a 10Lbs, utilizando-se iscas muito pequenas, que exigem o auxílio de uma bóia de arremesso. A bóia deve ser arremessada de modo que ao ser recolhida continuamente faça com que a isca passe perto de onde os lambaris estão concentrados. Pode-se utilizar até três iscas em um mesmo equipamento, fazendo com que o rendimento da pescaria aumente consideravelmente. Algumas iscas se assemelham a moscas, podendo também ser arremessadas com equipamento de fly número 2 a 6.

b) Iscas naturais: pode-se utilizar uma vara de bambu ou telescópica com 2,10 a 5,0m de comprimento, linha de 0,16mm a 0,20mm de diâmetro uma pequena bóia do tipo pena, sendo facultativo o uso de chumbada. Após o arremesso, é preciso acompanhar o movimento da bóia provocado pelo peixe ao atacar a isca. As melhores iscas naturais são: minhocas, massas, pedaços de queijo, bicho do pão (Tenébrio Molitor) e bicho da laranja.

Dica: Com iscas naturais, deve-se ficar muito atento para a fisgada, pois a rapidez do lambari faz com muitas iscas sejam roubadas.

Melhor época: Pode ser pescado durante todo o ano, sendo que no verão a sua incidência é maior.

Tamanho mínimo: liberado




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