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A presença de Bauru na Revolução de 1932

A presença de Bauru na Revolução de 1932

(*) Luciano Dias Pires
Quando da eclosão do movimento constitucionalista em 1932, a participação da nossa gente foi das mais destacadas e não foi pequeno o número de voluntários que seguiram para os campos de luta, alistados nos diferentes batalhões. Na retaguarda, ou seja, na campanha do ouro para o bem de São Paulo, foi até emocionante a presença dos bauruenses com vultosas doações em prol da Revolução.

Enquanto os homens se mobilizavam, a mulher bauruense não deixou de colaborar, unindo-se em torno da Cruzada Feminina, cuja sede estava instalada num velho prédio na rua 1.º de Agosto e que ganhou a denominação de Casa do Soldado. Centenas e centenas de senhoras e senhorinhas, de várias classes sociais daquela época, se engajaram naquele nobre trabalho em benefício da causa.

Durante a Revolução, quando todo o Estado de São Paulo se levantou para defender uma Constituição, três bauruenses tombaram em combate e até hoje seus nomes são lembrados, perpetuados que foram em importantes ruas: Rubens (Fraga de Toledo) Arruda, Alfredo Ruiz e Agenor Meira. Também do então 4.º Batalhão de Caçadores (hoje Polícia Militar) sediado em Bauru desde setembro de 1927, grande foi o número de soldados mortos em diversos campos de batalha.

Terminada a Revolução, teve início uma campanha em nossa cidade, visando a angariar fundos necessários a edificação de um monumento que registrasse, para todo o sempre, a grandeza daquele movimento revolucionário, bem como a participação de Bauru e o respeito aos jovens bauruenses que morreram heroicamente.

Foi então que, exatamente no dia 9 de julho de 1936, tivemos as solenidades de rara emoção, com a entrega do bonito monumento, por parte de uma comissão de bauruenses da época, a Bauru, por intermédio do prefeito recém-eleito, o médico João Bráulio Ferraz que também foi um soldado constitucionalista. Ao ato solene estiveram presentes autoridades, familiares dos ex-combatentes, inclusive dos que faleceram, escolares, integrantes do 4.º Batalhão da Força Pública, componentes do Tiro de Guerra e ainda a presença maciça de populares.

O monumento, inicialmente instalado à avenida Rodrigues Alves, confluência com a Gustavo Maciel, era todo ornamentado com capacetes, pentes de balas, os nomes dos soldados bauruenses que morreram em combate defendendo uma Constituição, enfim, chamava a atenção pela beleza e originalidade.

Mais tarde, visto o intenso movimento de veículos na Rodrigues Alves, naquele ponto, o monumento foi transferido para a mesma artéria, porém defronte ao antigo Grupo Escolar Rodrigues Alves (hoje Colégio São José) atrás da atual Catedral e, posteriormente, para a praça 9 de Julho. Infelizmente, com o decorrer do tempo todas as peças que adornavam aquele monumento foram desaparecendo (roubadas, pois eram de bronze) e atualmente tem apenas as gravações com os nomes dos combatentes que morreram e os nomes dos locais. Os blocos de pedra naturalmente não foram igualmente roubados porque seria muito trabalhoso e não renderia tanto.

Naquele dia memorável para a história de Bauru, exatamente há 55 anos, falaram os srs. profs. José Guedes de Azevedo (foi prefeito de Bauru de 4 de setembro de 1933 a 29 de agosto de 1934), presidente da comissão pró-Monumento, dr. João Bráulio Ferraz, então prefeito, srs. João Maringoni e José Fernandes (diretor do jornal Correio da Noroeste). Depois da solenidade, militares e escolares desfilaram pelas ruas da cidade, encerrando, desta maneira, as diversas comemorações que marcaram para sempre aquele dia na história da ex-Capital Terra Branca.

Após a “peregrinação” do histórico monumento por diferentes pontos, chegou, por último, a ser instalado em uma área defronte ao quartel do 4.º BPMI. Daquele local foi retirado, desmontado e por algum tempo ficou em um depósito da Prefeitura Municipal, abandonado. Face aos reclamos, com maior incidência por parte dos combatentes de 1932, o monumento, parcialmente recuperado, está agora na avenida Rodrigues Alves, ao lado do velório municipal.

Reportagens, medalhas, fotografias, livros e documentos sobre a Revolução Constitucionalista de 1932, poderão ser apreciados no Instituto Histórico “Antônio Eufrásio de Toledo”, que funciona à rua Capitão Gomes Duarte, n.º 13-41, atende de 2ª a 6ª feira, das 8h30 às 12h e das 13h às 16h30. Aos sábados, das 8h30 às 10h30. Informações poderão ser obtidas pelo telefone 234-2508. O e-mail: [email protected].

(*) Luciano Dias Pires
Especial para o JC





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