Dia desses, participando de um churrasco num dos bairros da cidade, um dos temas que vieram à baila foi o da “ajuda” que alguns candidatos fazem às vésperas das eleições, pagando contas em atraso, contribuindo com cestas básicas e até com ajuda financeira. Aceitar, mesmo discordando, acho até tolerável, mas daí a votar naquela pessoa, existe uma distância muito grande. Era o que esperava encontrar.
O que ouvi, quase como um consenso, pela maioria dos presentes, é que nada mais justo retribuir com o voto, naquele que lhe ajudou, quando necessitava. Mesmo cientes de que estão sendo usados, votam naquela pessoa pelo “favor” recebido. Não faltam com a palavra empenhada. Não existe, para eles, nenhuma esperança das coisas tomarem outro rumo na política. E, como tudo vai continuar como dantes, porque não ajudar aquele que lhe “ajudou”. Entendem que a política sempre foi feita assim e nunca será feita de outra forma.
Não existe argumento que mude a opinião dessas pessoas: “Ele me ajudou, eu ajudo ele.” E pronto. Não existe aquele pensamento do político fazendo algo para o bem de sua comunidade. O político fez um bem para ela e se ele vai ou não fazer algo para o restante da população, já não lhe diz respeito. Sente-se gratificada pelo “bem” recebido. Estão conformadas com essa situação.
Num outro momento, o assunto foi a televisão e assustei-me com essas mesmas pessoas. Elas acompanham em detalhes a vida dos artistas. Sabem tudo a respeito deles. É de ficar de boca aberta. Quando tentei mudar o assunto para seus problemas locais e nacionais, o desprezo e o desinteresse foram quase totais. Tive que ouvir essa: “que ganho com isso?”
Estou chegando à infeliz conclusão que vai ser quase impossível reverter a situação do País. Quem vota, principalmente no Interior, e na maioria das vezes quem vem decidindo as eleições, é essa gente que não percebe o seu ato, a sua cidade fazendo parte de um País. Somos todos irrevogavelmente separados e adversários. (Henrique Perazzi de Aquino - RG: 9.710.205)
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