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Tratamento: remédios e novos hábitos

Tratamento: remédios e novos hábitos

Sabrina Magalhães
A obesidade, o sedentarismo, tabagismo, estresse e colesterol elevado são considerados fatores de risco para a hipertensão arterial

O tratamento para controle da hipertensão arterial inclui a mudança de hábitos e, em alguns casos, o uso de remédios. Tudo vai depender do tipo e do grau do distúrbio e de características do próprio paciente. Nos hipertensos secundários, tratando-se a causa, a pressão volta ao normal. Mas se a doença é de origem genética, é preciso avaliar melhor cada situação.

Existem alguns fatores que aumentam os riscos de um indivíduo desenvolver a hipertensão. Então, se ele tem tendência familiar à doença, quanto mais afastado se mantiver destes fatores, maiores serão suas chances de controlar os níveis de pressão. Algumas vezes, basta adotar novos hábitos para reverter o quadro, dispensando o uso de remédios.

A obesidade é um dos principais agravantes para a hipertensão. Quanto mais acima do peso a pessoa estiver, mais sua pressão aumentará. Além disso, a obesidade obriga todos os órgãos vitais a trabalhar em dobro, sobrecarregando o organismo. Por isso, uma das mudanças de hábito mais importantes para se controlar os níveis de pressão é manter uma prática regular de exercícios físicos.

Segundo os especialistas, o ideal é fazer uma caminhada de 40 a 60 minutos, três a cinco vezes por semana. Além de ajudar a baixar a pressão, a atividade física promove um condicionamento cardiorrespiratório, ou seja, melhora o desempenho do coração, tornando sua função de bombear o sangue muito mais fácil.

Mas vale uma observação: os exercícios recomendados para o hipertenso são os dinâmicos, como andar, correr, pedalar e nadar. Atividades estáticas, como o levantamento de peso (musculação), são contra-indicadas, porque promovem um aumento muito rápido da pressão sangüínea. De qualquer forma, é muito importante procurar o clínico geral ou o cardiologista antes de se iniciar qualquer atividade física.

Sal - sódio

A alimentação também tem uma influência muito grande no desenvolvimento e controle da hipertensão arterial. Neste sentido, o sal parece ser o principal vilão. Cientificamente, o sal é chamado de cloreto de sódio e o sódio é um mineral essencial ao organismo, mas que, em excesso, contribui para elevar a pressão. Este mineral está fortemente presente não só no sal refinado de cozinha, como no sal grosso, nos alimentos enlatados, sopas prontas e demais produtos industrializados, além dos embutidos e frios (presunto, salsicha, salame, etc.).

Algumas pessoas, devido a um defeito nos rins, não conseguem eliminar adequadamente o sódio. Então, ele pode atuar de duas maneiras: estimulando um mecanismo do cérebro que estreita as artérias ou ocasionando um inchaço das artérias pelo acúmulo de água. Esse problema acomete cerca de 40% das pessoas, que são sensíveis ao sal e, se exagerarem, poderão ter aumento de pressão. As outras 60% são chamadas resistentes ao sal e, mesmo que abusem, não terão problemas.

De qualquer forma, o organismo de um adulto normal precisa de apenas 2,5g/dia de sal - quantidade que já existe naturalmente nos próprios alimentos. Por isso, os médicos recomendam que a ingestão de sal não ultrapasse duas colheres (café) por dia por pessoa, o que já seria muito. Para o hipertenso, essa quantidade pode ser menor, conforme avaliação médica. No Brasil, em média, um único adulto consome quatro colheres (café) de sal por dia.

Calcule seu consumo: anote o dia em que foi aberto um pacote de um quilo de sal; quando o pacote acabar, conte quantos dias durou e divida 1.000g (1kg) pelo número de dias. Divida o resultado pelo número de pessoas da casa e saberá qual o consumo médio diário de sal para cada pessoa. Por exemplo, se um quilo de sal dura um mês numa casa com quatro pessoas, teremos 1.000g:30dias:4pessoas = 8,3g/dia. É muito - para quatro pessoas, um pacote de sal deveria durar, pelo menos, 50 dias (5g/dia por pessoa).

O problema é que a maioria das pessoas diz que é o sal que deixa a comida saborosa. Então, uma boa dica é adotar o uso de outros temperos, como alho, cebola, cheiro verde, noz moscada, tomilho, gengibre e ervas aromáticas (coentro, orégano, manjericão, falavaca, hortelã, erva-doce). São produtos naturais que não contêm sódio e que dão aos pratos sabores bem diferentes, permitindo a redução do sal sem deixar o prato sem graça. Aí, tire o saleiro da mesa e aprenda a apreciar novos sabores.

Colesterol

Ainda no quesito alimentação, o colesterol e a gordura saturada são outros dois importantes fatores de risco para a hipertensão. A gordura em excesso pode ficar retida nas artérias, dificultando a passagem do sangue, ou seja, elevando a pressão arterial. O colesterol está na carne bovina, no frango, no ovo, frutos do mar, leite e derivados, alguns peixes. Para reconhecer uma gordura saturada, basta deixá-la na temperatura ambiente. Se for saturada, ela vai mudar de cor e endurecer, como acontece com a gordura onde se frita o bacon.

Álcool e cigarro

Os prejuízos à saúde causados por estes dois vícios são conhecidos há anos. Mas, no caso do hipertenso, eles contribuem para agravar a situação. Ambos contêm substâncias que elevam a pressão arterial. No caso do álcool, também pode haver uma alteração no efeito dos remédios usados para o controle da doença.

Por isso, quem gosta de beber e está em boas condições de saúde deve optar pela ingestão moderada de álcool, o que significa ingerir 10 a 30g de etanol por dia. Traduzindo, beber moderadamente quer dizer tomar até uma cerveja por dia ou dois cálices de vinho ou uma dose de destilados (uísque, pinga, vodca, etc.). Se for hipertenso, só o médico pode dizer que a bebida é permitida ou não e em que quantidade.

Estresse

Para quem sofre de problemas cardíacos ou hipertensão, o estresse é um fator altamente agravante. Infelizmente, num mundo competitivo, é impossível eliminá-lo, mas é preciso aprender a administrá-lo, planejando melhor as atividades e priorizando as tarefas.

Uma boa dica é fazer pausas de três minutos a cada hora. Muitas vezes, simplesmente sair da mesa de trabalho e tomar um copo de água já é suficiente. Nestes momentos, observar um quadro na parede, o pó no lustre, o defeito ou detalhe do teto, uma aranha que passeia entre papéis ou o pássaro que pia na rua pode ser suficiente para aliviar a tensão, mesmo que momentaneamente.

Tratamento deve ser seguido à risca

A cardiologista Sandra Rodrigues salientou que uma dificuldade muito grande no controle da hipertensão é a adesão do paciente ao tratamento. Segundo ela, é muito comum os pacientes iniciarem o tratamento, usarem a medicação por alguns dias e, ao perceber a normalização da pressão arterial, suspender a medicação por conta própria, sem avisar o médico. Só que a pressão volta a subir e pode elevar-se cada vez mais.

“Os homens são ainda mais difíceis de aderir ao tratamento, porque querem tomar a cervejinha no final de semana e interrompem a medicação”, lamenta a médica. Aí, eles cometem dois erros: ao interromper o remédio, a pressão volta a subir; com a ingestão do álcool, seus níveis tornam-se muito mais altos.

“Outro problema que envolve os homens é que alguns medicamentos anti-hipertensivos podem causar uma impotência sexual temporária. Porque são substâncias vasodilatadoras, que interferem na manutenção do sangue no pênis. O que o homem não sabe é que, quando o problema é causado pelo remédio, basta ele conversar com o médico e trocar de remédio. Mas, se ele não tratar, a própria hipertensão vai causar lesões nos vasos sangüíneos que levam à impotência, só que definitiva”, destacou.

Resumindo, o controle da pressão arterial depende exclusivamente do empenho do paciente. Muitos conseguem manter a pressão sob controle apenas reduzindo o peso e eliminando outros fatores de risco. Outros vão precisar do remédio, mas, se seguirem as recomendações médicas à risca, poderão ter vida normal. Se não seguirem, a médio prazo, apresentação seqüelas irreversíveis ou mesmo doenças fatais.




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