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23/06/01 00:00 -

Paisagismo ajuda na qualidade de vida

Paisagismo ajuda na qualidade de vida

Redação
O arquiteto Benedito Abbud acredita que o paisagismo compensa a vida agitada do cotidiano nas grandes cidades

A tendência atual do paisagismo é proporcionar melhor qualidade de vida às pessoas, compensando o estresse provocado pelo cotidiano da vida urbana. É o que afirmou o arquiteto Benedito Abbud, que atua no segmento de projetos paisagísticos em todo o Brasil há 26 anos e esteve em Bauru, ontem, ministrando a palestra “Produção e Conceitos de Arquitetura Paisagística do escritório Benedito Abbud”, que teve início às 20 horas, na sede da Associação dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos (Assenag) de Bauru.

Abbud declarou que vê seu objeto de trabalho, o paisagismo, como uma forma de amenizar os problemas gerados em ambientes excessivamente urbanos. “A tendência do paisagismo, atualmente, é resgatar a condição mais humana das pessoas. É uma compensação da vida muito agitada, muito estressada que as grandes cidades acabam proporcionando. Todo mundo procura uma forma de compensar esse processo e o paisagismo está sendo uma dessas válvulas”, disse.

De acordo com Abbud, ao longo dos anos, o paisagismo teve sua área de atuação ampliada em decorrência das características das grandes cidades, cuja ausência de vegetação é um aspecto bastante relevante e alarmante. “O paisagismo é uma questão que está em alta principalmente por esse aspecto do urbanismo. Há 40, 50 anos, ele era visto apenas como elemento de decoração da residência. Com o tempo, a profissão foi se desenvolvendo e, hoje, a principal função do paisagismo está ligada ao urbanismo, às questões ambientais, à arborização urbana, às praças, áreas de lazer, parques urbanos”, observou.

A vegetação é um elemento de fundamental importância no meio urbano, segundo o arquiteto, já que ajuda a diminuir a poluição do ar, controla temperatura para que não aumente e diminua bruscamente, colabora na diminuição dos ruídos e, além disso, tem seu aspecto estético - a vegetação possui florações e frutificações. “A urbanização acabou ficando mais acentuada nos últimos anos e principalmente as crianças e os adolescentes acabaram perdendo o contato com a natureza. Faz parte do mundo do paisagismo tratar esses espaços urbanos para que você viva melhor com a natureza. Hoje, está provado que, quanto você tem um ambiente urbano muito edificado, ele é bastante estressante. É fundamental que você tenha o contato com a natureza, com todos os elementos da natureza”, enfatizou.

Tratamento de esgoto

Abudd destacou um projeto paisagístico que seu grupo desenvolveu em Natal (RN), cuja funcionalidade estava vinculada ao tratamento de esgoto da cidade. “É um projeto de um parque numa área de tratamento de esgoto. Natal é uma cidade que tem pouca área rural. Então, tem pouca área para fazer tratamento de esgoto. Porque o esgoto ainda é visto como um elemento ruim, que cheira mal etc. Foi discutido que, como uma medida de compensação, seria criado um parque junto a essa área de tratamento”, esclareceu.

O trabalho foi desenvolvido com base em pesquisas de espécies de plantas que possuem capacidade de absorver impurezas da água, como metais pesados e coliformes fecais, limpando-a e purificando-a de elementos químicos. “Nós começamos a pesquisar e descobrimos, em Bauru, o professor Eduardo Oliveira, que tem um trabalho pioneiro na área. A universidade está fazendo também uma usina de tratamento de seus esgotos que é chamada de wetlands, que são alagados construídos. Você trata os esgotos através de um sistema em que a vegetação é importante para poder limpar esse esgoto, purificá-lo. A água que sai dessas lagoas passa pelo processo de wetlands para que tenha uma qualidade boa ao sair. E ela destina-se a vários usos - irrigação dos jardins da cidade, lavagem de ruas etc”, expôs.

Palestra

Na palestra ministrada ontem, na sede da Assenag, o arquiteto falou sobre sua obra e experiência de vida no escritório Benedito Abbud paisagismo, Planejamento e Projetos. “Comecei como estagiário, em 1970. Eu trabalhava como arquiteto paisagista nessa área. Achei que era uma coisa importante, que era uma coisa do futuro e, graças a Deus, me parece que eu não estava enganado. A gente começou fazendo jardinzinhos das casas, depois fomos desenvolvendo. Vendemos a idéia de que isso é importante nos prédios, depois fizemos projetos de hotéis, projetos urbanísticos, ambientais”, contou.

Além disso, falou sobre a adaptação de seu trabalho de acordo com os costumes e tradições dos diferentes locais em que os projetos são aplicados, em diversos pontos do País, assim como das características do mercado de trabalho no período de cerca de 30 anos. “Porque a gente só sobrevive quando existe um mercado que nos sustente”, afirmou.




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