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Assembléia quer destituir diretoria do Sindicato dos Trabalhadores nos Correios

Assembléia quer destituir diretoria do Sindicato dos Trabalhadores nos Correios

Redação
Uma assembléia marcada para as 10 horas de amanhã, em Bauru, pode pôr fim à gestão da diretoria do Sindicato dos Trabalhadores nos Correios de Bauru e Região, que mantém o mesmo presidente desde que foi criado, há 10 anos. A reunião, respaldada legalmente pelo estatuto da entidade, foi proposta por funcionários, delegados e membros da própria diretoria descontentes com a forma antidemocrática que o presidente, Francisco Theodoro de Souza Neto, conduz os trabalhos.

O grupo de oposição a Souza Neto vem se articulando desde 1997, mas teria ganhado reforços dois anos após, quando da reeleição do presidente. Pelo estatuto, o mandato da presidência é de sete anos, o que já é discutível sob o ponto de vista democrático. Não bastasse esse fator, a eleição teria ocorrido de forma suspeita e com o intuito de manter o presidente no cargo.

Embora contrários à gestão “vitalícia” de Souza Neto, os oposicionistas não irão discutir o mérito da regras eleitorais internas na assembléia, mas discutir a necessidade de uma prestação de contas, que até hoje nunca teria sido feita ou, pelo menos, divulgada aos associados. “O estatuto prevê a prestação de contas, mas a diretoria não cumpre essa exigência. Temos direito de saber como as contribuições são aplicadas, até porque somos nós quem as recolhemos”, destacou o carteiro e oposicionista Carlos Alberto Alves, emendando que “a não-prestação de contas é motivo de destituição da diretoria”. Vale registrar que somente o imposto sindical pago pelos associados renderia ao sindicato local R$ 40 mil por ano.

Há três semanas, o grupo saiu percorrendo as 196 cidades que integram o sindicato para recolher assinaturas de apoio à realização da assembléia. O abaixo-assinado foi subscrito por 90 funcionários, necessariamente filiados à entidade - dos cerca de 3.000 trabalhadores da área, apenas 140 são associados. A convocação da assembléia independe do número de assinaturas, mas os coletores fizeram questão de obter a maioria para evitar contestações.

O abaixo-assinado foi protocolado na última segunda-feira no sindicato, que teria o prazo de três dias para convocar oficialmente a assembléia. Para a surpresa dos oposicionistas, porém, a diretoria não providenciou a chamada como manda o protocolo, assim como também não se manifestou a respeito. Indignado, o grupo resolveu manter o encontro, que, a princípio, deve ocorrer na sede da entidade. “Vamos nos reunir no horário marcado na sede do Sindicato dos Correios. Caso as portas estiverem fechadas, iremos para o Sindicato dos Bancários, que já ofereceu espaço para a realização da assembléia”, avisou Alves.

O Sindicato dos Bancários, por sinal, estaria fazendo as vezes da entidade representativa dos funcionários da Empresa de Correios e Telégrafos (ECT). “Como nós não temos respaldo, usamos o jurídico do Sindicato dos Bancários para nos defender em causas trabalhistas. Para falar a verdade, não confiamos na entidade que nos representa, porque invariavelmente se recusa a brigar por nossas horas-extras. Para você ter uma idéia, o sindicato nem mesmo entrou na Justiça para reaver as perdas do FGTS”, reclamou o carteiro.

Na assembléia de amanhã, vários pontos serão debatidos e votados, a começar pela necessidade da prestação de contas. A destituição da diretoria também entrará na pauta de deliberações, bem como a abertura de processos criminal e trabalhista para apurar a conduta de Souza Neto durante seu longo mandato. “Se a destituição for aprovada, vamos formar um junta, tomar posse e determinar a abertura imediata de uma auditoria”, anunciou Alves.

Denúncias

O grupo de oposição atribui ao presidente Francisco Theodoro de Souza Neto uma série de irregularidades e lança outra vasta lista de denúncias, a começar pelo fato de o sindicato de Bauru e região ser o único dos 34 do País a não integrar a Federação Nacional dos Trabalhadores na Empresa.

Na tarde de ontem, a reportagem do JC tentou contato com Souza Neto a fim de ouvi-lo sobre a decisão de não convocar a assembléia e as acusações feitas por seus opositores. A secretária do sindicato, que se identificou pelo nome de Ísis, informou que Souza Neto havia saído há pouco em viagem pela região. Também disse que o presidente perdera o telefone celular no início da semana, razão pela qual seria impossível contatá-lo até o retorno da viagem.




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