O vereador João Parreira (PSDB) vê a Administração Municipal com olhos de racionalização. Depois de defender a extinção da Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano e Rural de Bauru (Emdurb), o parlamentar tucano volta suas atenções, agora, para a Companhia de Habitação Popular de Bauru (Cohab).
Na sessão legislativa de anteontem, Parreira usou a tribuna para alertar o governo municipal dos prováveis prejuízos que poderá acumular se não iniciar o processo de fechamento da companhia. “A Cohab perdeu sua finalidade básica, que é a construção de casas populares no Município. Quantas casas a companhia está construindo hoje? Nenhuma”, argumenta.
O vereador explica que o único serviço que é realizado hoje pela empresa é o gerenciamento de 47 mil contratos de mutuários, dos quais 21 mil foram anistiados através de medida decretada pelo Governo Federal. “A Cohab tem presidente, diretores, assessores, secretárias. É um organograma fabuloso. São salários altos que bancam essa estrutura extremamente onerosa para o Município.”
O tucano defende que o prefeito Nilson Costa (PPS) inicie o processo de extinção sob pena, de num futuro próximo, ter que arcar com grandes prejuízos. Parreira protocolou pedido de informações sobre a companhia para reforçar sua tese. O presidente da empresa tem 15 dias para responder ao vereador.
No aguardo
O presidente da Cohab, Constante Mogione, disse, ontem, que vai aguardar o recebimento do requerimento protocolado pelo parlamentar tucano. “Mas posso adiantar que a Cohab nunca deu prejuízo ao Município. A companhia amarga um prejuízo desde 1993, quando a administração passada autorizou desconto de 21% nas prestações dos mutuários de forma irregular.”
Embora não tenha citado nominalmente, Mogione refere-se ao ex-prefeito Tidei de Lima (PMDB), que o vereador João Parreira apoiava na época, responsável, com o aval da Câmara Municipal, pelo desconto de 21% nas mensalidades dos mutuários dos núcleos habitacionais Índia Vanuire, Mary Dota e Edson Francisco.
Segundo cálculos extra-oficiais, a dívida por conta desse desconto já atinge a casa dos R$ 10 milhões. Atualmente, a Cohab está providenciando a anistia de 21 mil contratos assinados até 1987. O Governo Federal perdoou o saldo devedor desses mutuários. Depois dessa operação, restará à companhia o gerenciamento de 26 mil contratos.
Uma representação feita pelo deputado estadual Pedro Tobias (PSDB) ao Ministério Público questiona a cobrança, por parte da empresa, de uma taxa de R$ 99,00 dos mutuários para efetivar a anistia.
A Cohab justifica a cobrança alegando que o dinheiro é utilizado para pagamento das despesas de recálculos. O promotor de Defesa da Cidadania, Fernando Masseli Helene, informou, ontem, que a companhia já encaminhou sua defesa sobre a acusação. Ainda nesta semana o promotor deverá decidir sobre o destino da denúncia.
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