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Energia preocupa indústrias de Bauru

Energia preocupa indústrias de Bauru

Paulo Toledo
As indústrias, principalmente as que dependem da energia elétrica como matéria-prima básica, receiam ter prejuízo

O setor industrial está muito preocupado com o racionamento de energia, que pode provocar grandes problemas e prejuízos para as empresas, principalmente aquelas que dependem da energia como matéria-prima básica. José Luiz Miranda Simonelli, diretor regional do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), lembra o caso das indústrias de baterias, injeção de plástico e frigoríficos, como as que podem ser muito prejudicadas caso ocorram apagões.

Em Bauru, está instalado o Frigorífico Vangélio Mondelli, enquanto na região existem outros, que dependem de suas câmaras frias para manter o produto. Outro setor que está preocupado é o de injeção de plástico, cujas máquinas passam por aquecimento, e se houver desligamento da energia, poderá causar problemas. A maior fabricante de utilidades domésticas em plásticos do Brasil, a Plasútil, está instalada em Bauru e terá que encontrar alternativas, caso os apagões se confirmem, para não ter que interromper a produção.

Já a indústria de baterias necessita da energia elétrica para dar a carga de reação nas baterias, sem a qual o produto não se completa. Em média, essa carga demora 48 horas ininterruptas. Já há notícias de que empresas de Bauru estão providenciando geradores para evitar os efeitos do racionamento. Em Bauru, são três empresas: Ajax, Tudor e Cral. De acordo com um consultor de empresas, o investimento nos geradores movidos a diesel, que uma das empresas está realizando, terá retorno, em razão da economia que se obterá, principalmente com o desligamento da rede da CPFL nos horários de pico.

Simonelli afirma que as indústrias foram surpreendidas pelo racionamento, apesar das entidades representativas, como Fiesp e Ciesp, terem alertado o Governo Federal sobre o risco que se corria com a demanda crescente por energia e uma falta de acompanhamento da oferta. Porém, o cruzamento das curvas de oferta e demanda só ocorreria num prazo entre três e cinco anos, o que foi antecipado pela questão da falta de chuvas para encher os reservatórios das usinas hidrelétricas.

Simonelli faz duras críticas ao governo, dizendo que a política de energia adotada foi muito ruim, com a falta de investimentos em geração de energia, que poderia ser em hidrelétricas e termelétricas. Outra fragilidade foi a falta de investimento nas linhas de transmissão, o que está impossibilitando a transferência de energia das regiões onde não há problemas de falta d’água nos reservatórios, como o Sul e o Norte.

Para o diretor regional do Ciesp, a questão tem que ser separada em duas: a primeira o fato de não ter energia e ter que racionar; e a segunda a necessidade de achar os culpados e punir. “Isso tem que ser levado à diante por quem tem o dever de fazer, como o Ministério Público Federal. Tem que apurar. O próprio Congresso deveria abrir uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para a questão”, afirmou.

Simonelli disse concordar com as medidas que estão sendo adotadas no Plano de Racionamento. Para ele, não existe outro caminho que não seja o racionamento.

Necessidade

Para Simonelli, que participou de reuniões na Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), a questão é muito delicada. A redução de consumo terá que ser de 20%. O que ultrapassar da cota, a cada 3% é um dia de corte no fornecimento. Além disso, o excedente à cota será cobrado pelo preço do Mercado Atacadista de Energia (MAE), que é dez vezes maior do que o cobrado pela Paulista (R$ 60,00 por mW/h contra R$ 680,00 do MAE).

Simonelli disse que existem diferenças entre o comércio, por exemplo, e a indústria. Ele lembra que, na maioria dos casos, os consumidores podem se adaptar a novos horários de fechamento das lojas, para que essas possam economizar energia. Por outro lado, algumas indústrias não têm como parar a produção por questões técnicas. Assim, o diretor do Ciesp disse que deve haver um estudo caso a caso para se determinar os apagões a serem realizados, caso se concretize a necessidade.

Ele lembra, ainda, que várias indústrias mantêm estruturas para melhorar as condições de trabalho de seus funcionários, como chuveiros nos vestiários e cozinhas, que não podem ser paralisados como forma de economizar energia.

O diretor do Ciesp diz que, na indústria, há segmentos em que seria vantajoso uma paralisação por duas horas por dia. Enquanto isso, em outros o interessante seria para, logo, um dia todo. Para ele, a redução do consumo de energia está intimamente ligado à redução da produção, o que pode acabar gerando dispensas de trabalhadores.

Simonelli disse que é preciso lembrar que a maioria das empresas são micros ou pequenas, gerando até 20 empregos, e que não teriam condições de investir na compra de um gerador movido a diesel, não tendo como escapar dos apagões caso venham ocorrer.




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