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03/06/01 00:00 -

Prontos-Socorros vão usar baterias

Prontos-Socorros vão usar baterias

Sabrina Magalhães
Secretaria Municipal de Saúde deverá alterar o armazenamento e
distribuição de vacinas, que precisam estar sempre sob refrigeração e
não podem sofrer oscilações na temperatura


A lentidão no processo licitatório para aquisição de geradores está obrigando a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) a se precaver com um sistema de baterias e no-break - equipamento que regula a passagem de energia pelos cabos e fios, impedindo que haja interrupções no abastecimento da força. O sistema deverá ser instalado nas próximas semanas no Pronto-Socorro Central (PSC), Pronto-Atendimento Infantil (PAI) e nas três unidades descentralizadas de atendimento 24 horas, localizadas no Jardim Bela Vista, Popular Ipiranga e Núcleo Mary Dota.

De acordo com a diretora da Divisão Operacional da SMS, Rogéria Marciano Frini, as baterias terão condições de manter o atendimento mínimo necessário nestas unidades, com autonomia para 2-3 horas de funcionamento, aproximadamente. “Alguns equipamentos de emergência, como o desfibrilador (usado em paradas cardíacas para dar choques elétricos e reativar o coração) e o eletrocardiograma (aparelho que mede a freqüência cardíaca) já dispõem de baterias próprias (autonomia de duas horas, em média)”, explica Frini.

Outros aparelhos, no entanto, vão depender exclusivamente desse sistema de baterias e no-break, como é o caso dos monitores que são utilizados para acompanhar as funções cardiorrespiratórias e pressão arterial do paciente. “Mesmo assim, todos os equipamentos essenciais estarão ligados às baterias, para o caso de uma emergência”, disse.

Aumento das filas

Para a secretária municipal de Saúde substituta, Sônia Fiocchi, o racionamento de energia - com certeza - deverá sobrecarregar o atendimento nos prontos-socorros, Unidades Básicas de Saúde (UBS) e demais serviços prestados pela SMS.

“Principalmente se houver os apagões, porque nós seremos obrigados a fazer uma reorganização dos serviços. Teremos que concentrar os atendimentos nos períodos contrários aos do apagão, deixando um lapso em determinadas atividades enquanto durar o corte de energia. Por exemplo, teríamos que suspender as inalações neste período (para reservar a energia de emergência apenas para os equipamentos de suporte de vida, como respiradores, desfibriladores e monitores cardíacos)”, prevê a secretária (leia mais abaixo).

Ela afirma que suspensões deste tipo e uma lentidão nos procedimentos tendem a facilitar um aumento do tempo de espera, que já é um problema antigo para os usuários da saúde pública. “Não digo aumento nas filas, porque teremos que dar vazão aos atendimentos. Teremos que fazer o que se tem que fazer. Mas acho que vamos descobrir outras coisas na medida em que forem acontecendo”, destacou.

Ela ressalta que nem mesmo o Governo sabe ao certo como seriam os apagões, o que torna impossível uma previsão totalmente eficaz. “Nós temos unidades espalhadas pela cidade inteira. Se o apagão for por regiões, poderemos suprir uma região sem energia com o serviço das outras. Mas são meras previsões, quer dizer, tudo vai depender de como isso vai ser organizado. Estamos tentando prever o máximo possível, mas, certamente, teremos outras situações no percurso”, concluiu Fiocchi.

Perfil de atendimento será alterado

“Do ponto de vista assistencial, o apagão não vai causar risco do paciente ficar sem assistência médica ou sem suporte de vida. Já cuidamos disso. A nossa preocupação agora é que, se houver apagões diários, rotineiros, teremos que mudar a rotina de trabalho e, evidentemente, isso vai causar um pouco mais de transtornos”, destacou o diretor superintendente da Associação Hospitalar de Bauru (AHB), Affonso Viviani Júnior.

Como em qualquer outra empresa ou instituição, o funcionamento adequado de um hospital depende do bom desempenho de cada um dos setores. Uma cirurgia só pode ser realizada após a devida esterilização dos instrumentais, higienização das roupas e ambientes, medicação adequada do paciente e resultado de exames pré-cirúrgicos. Tudo isso depende de energia elétrica.

“São coisas que têm que acontecer. A demanda cirúrgica do HB é predominantemente de manhã, mas estamos trabalhando 24 horas por dia, sete dias da semana e dependendo da energia todo o tempo. Se você interrompe parte desse fornecimento de energia elétrica, também de maneira rotineira, certamente vai trazer dificuldades operacionais. Não acredito que isso traga riscos ao paciente, mas vai trazer inconvenientes para a população, que já vai estar enfrentando problemas com o racionamento em casa, no trabalho e no trânsito. Vamos ter muito a que nos adaptar”, acrescentou.

Radiologia preocupa AHB

O superintendente administrativo da Associação Hospitalar de Bauru (AHB), Affonso Viviani Júnior, ressaltou à reportagem uma preocupação especial com o serviço de radiologia prestado no Hospital de Base (HB). Segundo ele, o gerador do hospital não comporta o funcionamento do setor. Dependendo do horário em que houver o apagão (se houver), o problema da espera para realização dos exames pode ser extremamente agravado.

Viviani lembra que a Radiologia do HB atende os pacientes das 22 Unidades Básicas de Saúde do município, além dos quatro prontos-socorros, mais a demanda do hospital. “Vamos imaginar que eles façam esse corte de energia das 9 às 12 horas. As radiografias serão suspensas por 3-4 horas. Se hoje a espera já é grande, imagine num horário vital você tirar quatro horas de funcionamento do serviço de radiologia”, alerta.

O período da manhã, por exemplo, é quando há maior movimento de pacientes em busca de radiografias. Esses pacientes teriam que aguardar outros horários, causando um transtorno nas salas de espera.

Outra alteração importante prevista por Viviani é a do funcionamento dos laboratórios. A coleta de material, que independe de energia elétrica, seria mantida normalmente. Porém, o processamento dos exames teria que aguardar um retorno da energia, o que esbarra em outro problema: o horário de serviço dos funcionários teria que ser remanejado e muitos deles têm dupla jornada de trabalho. São prejuízos que terão que ser divididos entre administradores, funcionários e pacientes.

Armazenamento de vacinas será alterado

O armazenamento de vacinas é outra questão que está sendo tratada com cautela pela SMS. Isso porque os produtos são extremamente sensíveis às alterações de temperatura, ou seja, uma variação de poucos graus poderia ser suficiente para estragar um lote inteiro de vacinas, dando prejuízos enormes à Secretaria.

Para evitar que isso aconteça, a secretária municipal de saúde substituta, Sônia Fiocchi, está estudando uma forma de concentrar todas as vacinas num único local. Ela explica que as doses são distribuídas em 22 unidades de saúde espalhadas pela cidade, que se encarregam de manter as substâncias sob a refrigeração adequada, com controle periódico da temperatura. Esse controle é feito com o auxílio de termômetros especiais, que registram a temperatura máxima e a mínima dentro da geladeira num determinado intervalo de tempo. Funcionários dos postos verificam este termômetro várias vezes ao dia.

“Se houver mesmo os apagões, vamos fazer uma coleta destas vacinas nos 22 postos. Estamos estabelecendo um local em que todas elas possam ficar devidamente armazenadas, com suporte de um gerador. A partir disso, cada unidade de saúde passará a receber apenas a quantidade de doses necessária para um dia de trabalho. Atualmente, elas recebem um número de doses necessário para o consumo de uma semana”, explicou.




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