Bauru e grande região - Sexta-feira, 04 de outubro de 2024
máx. 31° / min. 12°
31/05/01 00:00 -

DIA DO TELEGRAFISTA

DIA DO TELEGRAFISTA

Wanderley Brosco
O dia 24 de maio, consagrado ao telegrafista, é data de grande júbilo para todos aqueles que, apaixonadamente, exerceram a arte telegráfica. Sim, porque essa arte, quando o telegrafista a ela se dedica, de corpo e alma, seduz. Cada qual no seu setor, é lógico. Mas é preciso que cada um cresça com a sua arte. O telegrafista geralmente cresce com a sua. De calças curtas ele se iniciava como praticante. Um a dois anos depois, conforme o movimento telegráfico da estação, já estava transmitindo e recebendo telegramas pelo sistema “inglês” (duas teclas) com relativa facilidade. Começava como praticante gratuito com 11, 13 anos e até com menor idade. Seis meses depois passava a ganhar.

Os primeiros vencimentos eram na época da Primeira Guerra Mundial, de 25.000 réis: R$ 25,00. Insignificância? Sim, insignificância para os dias atuais, mas o suficiente naqueles tempos para pagar modesta pensão! Criança, sem outra ambição se não a de comer uns docinhos de vez em vez, três mil réis que sobrassem davam para essas guloseimas durante o mês todo. Guardava-se, ainda, creiam, um ou dois mil réis: que eram depositados no seu “pé de meia”! Bons tempos aqueles que os anos não trazem mais! Um ano depois, o praticante, se era assíduo e cumpridor dos seus deveres, passava a perceber, ainda como praticante, 50.000 réis. Com R$ 50,00 de hoje naqueles tempos fazia-se coisas do “arco da velha”. Era uma fortuna! Gastava-se a “rodo” e ainda se guardava dinheiro a valer. Dois a três anos mais tarde, o praticante que fosse sempre dedicado ao serviço, era surpreendido com uma promoção. Passava de praticante para a categoria de telegrafista. Vencimentos - coisa louca: 90.000 réis. Aí, então, mandava fazer umas calças compridas. Apresentava-se, agora, como homem apesar de ainda ser criança. A maior parte, estamos certos, recebeu instruções telegráficas com prazer, pelo menos nos primeiros anos de sua mocidade e isso dizemos pelo fato de ser a telegrafia uma arte que entusiasma. Cada letra do alfabeto latino é representada por uma combinação de pontos e traços. Da mesma forma são codificados os sinais mais comuns da linguagem escrita, além de outros convencionais.

Durante sua campanha eleitoral, no período da viagem aos Estados Unidos e Europa, o presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira referiu-se, em várias passagens dos seus discursos, à sua juventude pobre na pacata cidade mineira de Diamantina. E notava-se um certo orgulho e indisfarçável emoção quando contava que para poder custear os estudos de Medicina resolvera praticar telegrafia, em sua terra natal, a fim de candidatar-se, nos Correios, a um cargo de telegrafista, que exerceu, efetivamente, mais tarde em Belo Horizonte. No nosso tempo considerava-se a telegrafia algo de maravilhoso - por ser, na época, o sistema mais rápido de comunicação fosse à pequena ou grande distância. Samuel Morse, ao inventar seu aparelho, dotou o mundo de um dos mais eficientes meios de progresso. A telegrafia, realmente, trouxe grandes benefícios à humanidade salvando vidas no mar, através dos chamados de socorro do sem-fio, e aproximando os homens em terra em comunicações rápidas e seguras. Conservamos, ainda hoje, de nossos tempos de telegrafista, uma emocionante saudade. Além do coleguismo fraterno, a profissão sempre nos pareceu das mais belas - pelo objetivo humanitário e progressista que encerra. (Wanderley Brosco - RG: 2.676.214-6)




publicidade
As Mais Compartilhadas no Face
(SF) © Copyright 2024 Jornal da Cidade - Todos os direitos reservados - Atendimento (14) 3104-3104 - Bauru/SP