Vereador acusado de fraude quer CEI

Abaixo-assinado que pede a instalação de um posto da Polícia Rodoviária na SP-191 pode ter assinaturas falsas

Botucatu - O vereador Domingos Chavari Neto (PTB), 46 anos, acusado de fraudar o abaixo-assinado que pedia a construção de um posto da Polícia Rodoviária na rodovia Geraldo Pereira de Barros (SP-191), que nasce na rodovia Marechal Rondon, passa pelo município de Botucatu e vai até Santa Maria da Serra, foi um dos primeiros a assinar o requerimento para a instauração de uma Comissão Especial de Inquérito (CEI), dentro da Câmara Municipal, com a finalidade de esclarecer os fatos que o colocaram na berlinda.

Chavari Neto foi colocado no banco dos réus depois que o comando da Polícia Rodoviária, em São Paulo, para onde foi encaminhado o requerimento nº 267, de 9 de abril, informou que algumas das assinaturas que constavam do abaixo-assinado (anexado ao requerimento) eram falsas.

Em conversa com alguns policiais de Botucatu, o comandante Gérson dos Santos Rezende teria descoberto que as assinaturas que constam do abaixo-assinado não seriam deles. Os policiais rodoviários, ainda não foi especificado quantos, teriam negado a autoria das respectivas assinaturas.

A criação da CEI é apenas uma questão de tempo. O requerimento foi apresentado na sessão da Câmara da última segunda-feira, pelo vereador José Fernandes de Oliveira Júnior (PSD), que também assina o requerimento que pede a construção do posto policial. Foi ele quem apresentou aos demais vereadores, na segunda-feira, a possibilidade do abaixo-assinado ter sido fraudado. Até o momento, o requerimento já recebeu a assinatura de sete vereadores, segundo informações da secretaria da Câmara. Esse número já seria o suficiente para se instaurar a CEI, mas acredita-se que todos os vereadores irão assinar o requerimento até a próxima segunda-feira, quando nova sessão deve ser realizada.

Chavari Neto, que é sub-tenente aposentado, se diz ansioso pelo início das investigações. Só assim ele acredita que será possível descobrir o que aconteceu e mostrar que é inocente. Embora se mostre surpreso com a situação, o vereador já tem suas suspeitas. Ele acredita que a irregularidade possa ter partido de dentro da Associação dos Sub-Tenentes e Sargentos da Polícia Militar, da qual é presidente. Segundo Chavari Neto, algumas pessoas dentro da Associação estariam tentando prejudicá-lo e o abaixo-assinado teria sido uma boa oportunidade. O vereador não quis revelar o nome de suas suspeitas.

Além da lista que ficou na Associação, várias outras foram distribuídas por toda a cidade para receber assinaturas de pessoas favoráveis ao requerimento. Segundo o vereador, as assinaturas começaram a ser coletadas em fevereiro último. O abaixo-assinado recebeu a adesão de 675 pessoas, aproximadamente. Desse total, cerca de cem assinaturas são de policiais, segundo o vereador.

Chavari Neto se defende da acusação de fraude dizendo que é muito difícil controlar a veracidade de cada assinatura. “Eu apenas distribui os abaixo-assinados, com a ajuda do José Fernandes, e depois passei recolhendo”, argumenta.

Ainda não foi revelado com exatidão o número de assinaturas supostamente falsas. Caso a CEI seja realmente aprovada, os vereadores que compõem a comissão terão 60 dias para finalizá-la. Depois disso, a Câmara decide quais as providências cabíveis para o caso.

O comandante Rezende, que descobriu as supostas irregularidades, não pôde atender à reportagem ontem à tarde para comentar o assunto. Segundo informações do Comando da Polícia Rodoviária, em São Paulo, ele estava em reunião e só poderia se pronunciar hoje de manhã. O presidente da Câmara, Antonio Luiz Caldas Junior (PC do B), também não foi localizado. Ele estava em São Paulo proferindo palestra na Assembléia Legislativa sobre políticas de saúde. Além de vereador, Caldas Junior também é médico.