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27/05/01 00:00 -

O senhor dos churros

O senhor dos churros

Gustavo Cândido
Benedito Lopes é um dos homens que mais entendem de churros em Bauru e região ou talvez até mais. Há 11 anos ele se dedica à arte de fazer essas iguarias de origem espanhola, que há algumas décadas ganharam uma “cara” (e um sabor) particular no Brasil. Inventor de sabores e nomes curiosos para os seus churros, Benê, como é conhecido pelos freqüentadores seu trailer, conquista seus fregueses “na primeira mordida”, como diz o auxiliar administrativo Luís Roberto Carreiro Santos, que não se importa em esperar na fila, às vezes por mais de meia hora, para saborear um churro. E o número de seus admiradores é grande. “Não existe um churro como esse em outras cidades”, garante a estudante universitária Maria Rita Nogueira, natural de Campinas. Em entrevista ao Caderno Ser, Benê não contou o segredo dos seus famosos recheios, mas deu a receita para se fazer um bom churro: “Bastante amor, muita dedicação, necessidade de trabalhar, uma pitada de alegria e você tem um churro perfeito”.


Jornal da Cidade - Como o senhor começou a trabalhar com churros?

Benedito Lopes
- Comecei trabalhar só com churros há 11 anos, mas já fazia churros em feiras e eventos nos fins de semana, viajei muitos anos com o Coney Island Park por muitas cidades do Brasil. Antes era gerente de transportes de uma empresa.


JC - E aprendeu a fazer a massa com quem?

Benê
- Aprendi na família, com amigos, viajando, com várias pessoas. Daí fui dando o meu toque pessoal, que é o que diferencia. O principal do churro é a massa, o recheio é só o
complemento.


JC - Quantos sabores diferentes de churros o senhor faz?

Benê
- Tenho 14 sabores diferentes, mas existem as possibilidades de mistura, o “você decide”. Então, se formos considerá-las, é possível comer uns 200 churros diferentes no meu trailer. Mas eu não escrevo todos os nomes porque não teria espaço.


JC - Qual é o mais popular?

Benê
- No resto do Brasil o churro mais procurado é o de doce-de-leite, mas no meu trailer o mais vendido é o “Hilda Furacão”, que é uma invenção minha, uma variação do doce de leite com outros ingredientes completando.

JC - Como surgiu o nome?

Benê
- Antes eu o chamava de “Rometa e Julieu”, numa brincadeira com o tradicional “Romeu e Julieta”, que é o catupiry com a goiabada. Mas eu mudei o nome quando a série “Hilda Furacão” estava no ar. Meu filho é muito fã da Ana Paula Arósio e assistia todos os capítulos para vê-la. Como esse churro era o mais requisitado no trailer, assim como a Hilda era a mais requisitada na história da televisão, troquei o nome para fazer uma brincadeira com o meu filho. O nome pegou e não me deixaram mais mudar.


JC - O senhor dá nomes muito originais para as suas invenções de sabores. Cada um tem uma história?

Benê
- Tem, às vezes, são sacadas minhas sobre as coisas, às vezes tem a ver com o ingrediente do churro, às vezes é uma homenagem. Mas quando crio um sabor novo, fico pensando muito antes de colocar.

JC - Quais outros sabores com nomes curiosos o senhor tem?

Benê
- Tem o “Tentação”, que é uma variação do “Hilda”; o “Jeca Tatu”, uma homenagem ao Mazzaropi; o “Kokó Katu”, que o meu churro salgado de frango com catupiry, que ninguém mais faz; o “Tormenta”, o “Amei... xapado”, o “Show Rum”, o “Star na roça”...

JC - Para tantos sabores, quantas máquinas de rechear o senhor tem?

Benê
- Tenho 13 e vou aumentar esse número. No Brasil, tenho certeza que ninguém tem tantas recheadeiras. Os churros não são tão populares no País todo. No Norte e no Nordeste, por exemplo, você pode encontrá-los, mas só nos shoppings e nas cidades grandes, mas no sabor doce-de-leite, que é o tradicional brasileiro. O mesmo no Sul. São Paulo, Rio e Norte do Paraná são as regiões que consomem mais churros e nesses lugares que já estive, nunca vi tantos sabores. No Rio de Janeiro, você só encontra churros de doce-de-leite e doce-de-leite com côco, nem chocolate eles têm. Nos shoppings dá para encontrar de goiabada e só. Em São Paulo os sabores são os mesmos, mas lá eles têm chocolate. Eu criei os sabores porque achei muito monótono só o chocolate e o doce-de-leite. Eu incentivo as pessoas a experimentarem outros sabores. O preço é o mesmo, mas, além disso, só cobro se a pessoa gostar. Se ela fizer cara de quem não gostou faço outro churro para ela. Tenho certeza que em todos esses anos não saiu uma pessoa descontente com os meus churros.

JC - As receitas dos seus churros são secretas?

Benê
- Se a pessoa perguntar do que é o churro, eu digo, mas não falo sobre todos os ingredientes porque senão corro o risco de ser copiado. Mas quem come lá mais de uma vez, acaba sabendo dos sabores. O único que nem o pessoal que trabalha comigo sabe do que é o “Êxtase”. Criei esse churro para ser o melhor churro que existe e é o meu favorito junto com o de banana. Nele eu coloco seis ingredientes que só eu sei quais são. Uma pessoa que come identifica um sabor ou outro, mas não fala tudo. É muito bom.

JC - O seu trailer tem sempre uma fila muito grande. Quanto tempo demora para fazer um churro?

Benê
- Vinte segundos. O problema - que na verdade não é um problema - é que a pessoa vai para comer um, mas acaba pedindo cinco. Tenho fregueses que compram 20, 25 churros de uma vez. Eu brinco que o meu churro é até “exportado”...

JC - Por quê?

Benê
- Porque muita gente vem a serviço ou está de passagem, pára lá, come o churro e depois quer levar para a sua cidade natal. Já levaram churros meus para Goiânia, Rio Branco, Ribeirão Preto, Araraquara, Mandaguari, São José do Rio Preto, muitos lugares.


JC - O senhor acaba fazendo propaganda da cidade, então?

Benê
- Acho que sim, todo mundo de fora que pára no meu trailer fala que nunca vê esses tipos de churros na sua cidade. Então acho que o churro de Bauru acaba ficando conhecido. Justo Bauru, que é a cidade do sanduíche. Nós estamos na entrada da cidade, então acho que fazemos uma boa recepção para quem chega. Inclusive muitas pessoas famosas já estiveram lá. O Paulo Autran, o Oscar Magrini, outro dia esteve um cantor que veio fazer um show na Cervejaria. Ele levou o grupo todo lá.


JC - Quem o senhor gostaria que fosse no seu trailer que ainda não foi?

Benê
- Eu gostaria muito que o prefeito Nilson Costa fosse até o meu trailer experimentar os churros que eu faço. Meu filho, com certeza, ia querer que a Ana Paula Arósio fosse lá.

JC - O senhor trabalha com a família?

Benê
- Sim, minha mulher, meus filhos, minha prima, todo mundo trabalha comigo. É um negócio de família.




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