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CONTRADIÇÕES POLICIAIS

CONTRADIÇÕES POLICIAIS

Marco Aurélio dos Santos
Meu nome é Marco Aurélio e estou escrevendo esta carta para expressar meu inconformismo diante de certas situações que, ao meu ver, seriam evitadas com o uso do bom senso. Moro em um edifício de quitinetes atrás da USC e apesar de não ser universitário, convivo com muitos, que como eu, estão sendo submetidos a uma constante atmosfera de insegurança. Já há algum tempo, estamos sendo alvo de furtos por parte de ladrões que podemos classificar como “pés de chinelo”. Eles roubam bicicletas, equipamentos de som, danificam os automóveis e por aí vai. A lista é grande!

Eles aproveitam o êxodo dos estudantes, que ocorre nos finais de semana, para invadir os prédios e os quitinetes, aliviando os inquilinos de seus pertences com uma tranqüilidade que impressiona. Por exemplo, algumas semanas atrás, em um sábado, meu vizinho, que estava do lado de fora do prédio, viu um desconhecido tentando sair, conduzindo uma bicicleta pertencente a um outro vizinho. Esse desconhecido pediu ao meu vizinho que abrisse o portão. Meu vizinho estranhou e perguntou o que ele estava fazendo dentro do prédio e porque estava com uma bicicleta que não lhe pertencia, ao que ele respondeu: “estou roubando”. Enquanto meu vizinho gritava por ajuda, o marginal saiu andando calmamente após ter pulado o muro, sem a bicicleta, é claro.

Na verdade, essa atitude despreocupada em relação às conseqüências de seus atos tem razão de ser e hoje, eu e alguns vizinhos descobrimos por quê! Estava na sacada do meu prédio quando a vizinha do edifício ao lado, pela janela de seu apartamento, pediu-me para acionar a Polícia. Estava visivelmente assustada e foi bem clara: viu um estranho forçar a entrada em um dos apartamentos. Enquanto esperava ser atendido pela Central da PM, alertei um vizinho que conseguiu flagrar o ladrão fugindo do prédio com alguns objetos na mão. Logo em seguida eu também o vi. Andava calmamente em direção à rodovia Marechal Rondon e, pasmem, era o mesmo rapaz que tentou roubar a bicicleta. Observando pela minha janela, passei a descrição física do ladrão à Central da PM e a direção que ele estava tomando. Terminada a obrigação, tive que me ausentar e quando voltei meu vizinho me aguardava para me comunicar uma história, no mínimo desanimadora. A PM, numa ação rápida, envolvendo várias viaturas (parabéns à PM!) capturou o ladrão, que ainda estava de posse de um rádio furtado. Como eu não estava, aquela vizinha que deu o alarme e meu amigo do andar de baixo, que viram o meliante, foram requisitados para fazer a identificação.

A despeito de todos os receios que esse procedimento traz, os dois foram à Delegacia de Polícia e ficaram aguardando serem chamados. Para nós, leigos no assunto e crentes na justiça, o resultado era óbvio! Não só havia testemunhas, como o ladrão foi pego com o fruto do crime! A punição já era uma certeza. Ledo engano. Na Delegacia, meus vizinhos nem foram ouvidos e apesar de tudo corroborar a atitude criminosa do indivíduo, ele foi solto. O que de verdade ocorreu na Delegacia, que estória “chorada” ele contou para o policial civil de plantão, nenhum de nós ficou sabendo. O que meus vizinhos tiveram que ouvir e engolir foi: “como a vítima do roubo não compareceu, não podemos retê-lo”.

Como um amigo meu costuma falar: “viva-se com um barulho desses.” O que aconteceu hoje, domingo, dia 29 de abril, prova que alguma coisa está muito errada. Não só fomos roubados, mas levamos também um tapa na cara da própria Justiça ou de quem não sabe aplicá-la. Não fomos alvos únicos desse “deboche”. A Polícia Militar também o sofreu, pois é inconcebível que depois de tanto esforço, despendido para a captura do meliante, os profissionais da PM tenham o desprazer de vê-lo sair da Delegacia por uma porta, após tê-lo entregue pela outra. (Marco Aurélio dos Santos)




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