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Construção: apagão paralisará obras e vai gerar desemprego

Construção: apagão paralisará obras e vai gerar desemprego

Patrícia Zamboni
O presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil (SindusCon/SP), Artur Quaresma Filho, diz que o plano de racionamento de energia elétrica do governo será extremamente prejudicial para o setor da construção civil, com a paralisação das obras que estão em andamento, impedimento de contratar novos projetos e o conseqüente fechamento de postos de trabalho. Atualmente, o setor é responsável por cerca de 400 mil empregos formais no Estado de São Paulo - sendo 250 mil somente na Capital - e por aproximadamente 1,2 milhão no Brasil.

De acordo com a resolução do governo, anunciada ontem, está suspenso o atendimento a novas cargas e a pedidos de aumento de carga de energia, exceto os contratados até a data de publicação das medidas do plano. Segundo Quaresma Filho, que esteve em Bauru, ontem, para a posse do novo diretor regional do SindusCon, Antônio Trindade da Silva Neto, o motivo da preocupação se deve ao fato de que essa medida significa que nenhuma obra que está em andamento poderá ser finalizada. Solicitações para a execução de novos projetos também não poderão ser feitas. Pelo fato do anúncio sobre a resolução ainda ser muito recente, o presidente do SindusCon disse que ainda não foi possível estabelecer propostas ou soluções para os maiores problemas.

Porém, é certo que os prejuízos serão grandes. “Sem poder pedir uma ligação provisória para uma obra comercial - entendendo-se como comercial não somente um prédio de escritórios, como também hotéis e indústrias -, e nem uma ampliação de carga para as indústrias, obviamente o cenário será de restrição na produção. Muitos deixam de investir e, para aquelas obras que estão no meio do caminho, ainda não se sabe ao certo o que vai acontecer. Isso vai gerar um caos social, porque resultará em desemprego, que gera falta de renda e, obviamente, a diminuição da renda gera repercussões graves no comércio, na indústria e em diversos setores”, analisa.

Após identificar essa situação, a diretoria do SindusCon/SP elaborou uma operação de mapeamento da atual situação das obras que estão em andamento para saber qual o real impacto das determinações do governo no setor. Segundo Quaresma Filho, é preciso saber o tipo, quais e quantas obras estão sendo realizadas para poder avaliar melhor os reflexos das medidas do governo no mercado da construção civil.

Existe a possibilidade da auto-geração de energia para não estagnar a produção no setor. Porém, isso implica num custo operacional que não estava previsto. Para as empresas arcarem com esse custo, seria necessário algum subsídio ou incentivo do governo, por exemplo. Para o presidente do SindusCon, somente estudando possibilidades como essa será possível, inclusive, não gerar uma inflação e nem ter um acréscimo de custos que possam inviabilizar os negócios.

Insumos mais caros

Outro problema já identificado, segundo Quaresma Filho, é o aumento de custos de materiais como vidro, aço, cimento e alumínio, em função do racionamento. Com a diminuição da produção nas indústrias, o primeiro reflexo deverá ser o aumento dos preços desses insumos. Para tratar dessa situação, o SindusCon irá propor às indústrias uma série de negociações, com o objetivo de desenvolver um trabalho em conjunto que resulte nos menores níveis possíveis de dificuldades e prejuízos para todos os envolvidos.

“Pode ser que esses aumentos durem por um período, por exemplo, de dois anos, como o próprio governo vem dizendo, já que nesse prazo a situação estaria equacionada. Porém, uma obra também dura cerca de um ano e meio a dois anos para estar pronta. Se forem construídos dois empreendimentos, um ao lado do outro, sendo que uma das obras vai custar mais caro que a outra, como vamos encarar esse problema? A proposta é reunir as indústrias produtoras de insumos para a construção civil e buscar o desenvolvimento de um trabalho em conjunto, porque se não houver compra de materiais, as indústrias terão um problema ainda maior. E se os preços forem elevados, não haverá como viabilizar os projetos”, diz Quaresma Filho.

De acordo com ele, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cebic), que representa todos os SindusCons do País, também foi acionada para estabelecer discussões e procurar soluções para os problemas relacionados ao setor em função do racionamento de energia elétrica. Para Quaresma Filho, somente uma política de união entre todas as partes envolvidas nesse processo poderá resultar em atitudes vitoriosas.




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