As vendas de lampiões estão alcançando níveis recordes no comércio. Produto está esgotado em vários estabelecimentos
O medo dos apagões está provocando compras “desenfreadas” de lampiões no comércio de Bauru. Em vários estabelecimentos já se esgotaram os estoques de lampiões à base de gás, querosene ou pilha. Em uma das lojas consultadas, o comerciante diz que o aumento nas vendas desse produto chegou a 500%. Novos pedidos estão sendo feitos aos fabricantes para que as vendas não sejam perdidas. Porém, as unidades podem chegar ao mercado com valores mais altos, já que, em função da “corrida” às compras de lampiões, as fábricas estão aumentando o preço de custo para os comerciantes.
Milton Sérgio Gomes, dono de uma loja de peças diversas localizada no centro da cidade, diz que as vendas de lampiões aumentaram em cerca de 500%. O estoque acabou e ele já encomendou uma nova remessa. “Para se ter uma idéia, eu tenho uma venda média de 60 unidades por mês. Nesta semana, num único dia eu vendi 300 lampiões”, conta.
A nova encomenda de lampiões feita ao fabricante não foi muito grande. Há duas explicações que justificam a estratégia de Gomes. A primeira é a de que a tendência, de agora em diante, é de queda nas vendas, pois a principal demanda já teria sido atendida. Em segundo lugar, alguns fabricantes estariam aumentando em 100% o preço de custo para o comerciante.
“A base é a lei da oferta e da procura. Com o aumento das compras de lampiões, algumas fábricas estão aumentando o preço em mais de 100% para esses produtos. Eu estava pagando, em média, R$ 4,70 por cada unidade comprada junto ao fabricante e vendendo a R$ 6,90. Ontem, o preço mais barato que eu encontrei foi R$ 8,90. Mas, como eu consegui encaixar o pedido no valor antigo, vou continuar vendendo a R$ 6,90. Já ouvi dizer de fábricas que estão pedindo de R$ 12,00 a R$ 13,00 no preço de venda aos lojistas”, diz o comerciante.
Se nada sair errado, hoje a loja de Milton Gomes voltará a atender os consumidores com lampiões a gás e a querosene. Segundo ele, existe até uma lista de pessoas que já encomendaram o produto com medo de não encontrar depois.
Em uma loja especializada em artigos para pescaria, a gerente Vanessa Pizarro diz que todas as unidades de lampiões a gás e movidos a pilha se esgotaram, anteontem. No estoque de lanternas, restam tão poucas que já foi preciso fazer um novo pedido ao revendedor. Até mesmo os lampiões com tecnologia importada, que custam R$ 59,00, também foram todos comercializados, segundo a gerente da loja.
De acordo com Vanessa, nos últimos dias, quase todos os telefonemas feitos à loja são para saber se estão sendo comercializados lampiões. “Várias pessoas estão deixando o nome para reservar um lampião, dizendo que virão buscar amanhã (hoje), quando a nova remessa já estiver na loja. Nunca vendemos tantos lampiões”, diz.
Em uma loja de variedades, o gerente Givaldo Tobias Santos informa que as unidades de lampião à base de querosene terminaram na última sexta-feira. Ainda restam alguns lampiões a gás, mas, novos pedidos já foram feitos ao fabricante para garantir a reposição do estoque o mais rápido possível. “A procura está sendo tão grande que, hoje, é muito difícil o consumidor encontrar lampião para comprar. Nem mesmo os distribuidores têm estoque para poder entregar”, diz o comerciante.
De acordo com Santos, antes das notícias sobre o racionamento de energia elétrica e os possíveis apagões, os lampiões figuravam entre os produtos menos vendidos nas duas lojas gerenciadas por ele. A média era de 12 unidades comercializadas ao mês. Desde a semana passada, estão sendo vendidos 12 lampiões por dia, em média. “Já chegamos a vender mais de 20 lampiões num só dia. Inclusive, acho interessante fazer um alerta às pessoas para que se informem bem sobre como usar um lampião, a gás ou a querosene. Outro dia, uma senhora veio até a loja para comprar e não tinha a mínima idéia do que fazer para o lampião funcionar”, observa. Todas as lanternas do estoque também foram comercializadas, segundo o gerente.
Em outra loja de artigos para pescaria, o gerente Paulo César de Oliveira diz que seu estoque vai durar somente até amanhã. Em dois dias foram vendidos 50 lampiões, sendo que a média mensal da loja era de 20 unidades.
Gilberto Santos, proprietário de uma loja que comercializa peças para fogões, entre outros itens, diz que vendeu todo o estoque de 150 botijas pequenas, vazias (utilizadas para lampiões a gás), em apenas três dias. O comerciante teme que haja escassez de botijões de gás residenciais no mercado, pois também podem ser adaptados para acender lampiões. “Da maneira que a população está desesperada com a história dos apagões, acredito que pode haver risco de falta de gás no mercado para atender toda a demanda”, observa.
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