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15/05/01 00:00 -

Crise energética: qual a sua dimensão?

Crise energética: qual a sua dimensão?

(*) Reinaldo Cafeo
Ninguém pode estimar exatamente qual a dimensão da crise energética vivida pelo País. Há estimativas. Algumas apontando para um verdadeiro caos.

Mas na prática não há dados históricos que permitam avaliar com precisão o que virá pela frente. Vejamos alguns parâmetros. Primeiro, o Produto Interno Bruto representa a produção de bens e serviços do País. É o indicador da geração de riqueza em um período. As previsões iniciais davam conta de um PIB 4,5% maior em 2001 em relação a 2000. Arredondando, o PIB brasileiro está na casa dos 1,1 trilhão de reais. Se crescer 4,5% teremos um incremento de 49,5 bilhões de reais neste ano (em termos nominais). Cada um ponto a menos representa uma redução de 11 bilhões de reais. Vejam quanto isso representa. Concordam que é “chute” falar em redução de 3 pontos percentuais como colocam alguns analistas? Seria uma redução de 33 bilhões de reais na previsão!

As exportações são outra variável que tem relação direta com o PIB. Na verdade faz parte do próprio PIB.

Não acreditando na redução do PIB, considerando todo o incentivo que será dado ao setor externo, apostar no caos nessa variável é nivelar nosso desempenho por baixo.

Em relação à inflação: teremos um problema de oferta? Será gerada uma inflação de demanda por falta de produtos (demanda idêntica com menor oferta)? Mesmo que consideremos um PIB idêntico ao do ano passado, a renda não crescerá em uma proporção que gera pressão de demanda. Considerem os efeitos colaterais de um crescimento do PIB menor (como o desemprego, por exemplo, eliminando a renda).

O desemprego é um quarto ponto. Preconizando o caos, é claro que o emprego diminui. Somente o crescimento populacional sem geração de produção pressiona o emprego. Temos milhares de pessoas entrando e saindo do mercado de trabalho. É dinâmico. Mas uma coisa é clara: não há relação diretamente proporcional entre produção e emprego, dada a mudança estrutural e a outras causas do desemprego (especialização, qualificação etc.). Portanto, somente a conjuntura não fornece dados suficientes para uma previsão de crescimento acentuado do desemprego.

E por fim os juros, que no Brasil virou instrumento de política econômica em qualquer momento. O Banco Central tem tido posição extremamente conservadora. Portanto, nos parece que independente das demais variáveis o que vale para o País são as pressões externas. Mantendo a posição conservadora atual, os juros serão instrumentos da equipe econômica.

Enfim, sem querer dizer que as previsões feitas até agora não mereçam avaliação, está demonstrado que ninguém consegue precisar o que podemos esperar com a crise energética.

Se enfileirarmos com os pessimistas de plantão, este ano será um caos total. Se a opção for com os otimistas, nada de ruim acontecerá. Prefiro ficar com os pés no chão e apostar que a crise é séria, não há estratégia, que estamos atrasados, porém, não tomará as dimensões veiculadas na mídia e tampouco exageradas como prevêem alguns colegas economistas.

Não é hora de apostas e sim de soluções e rápidas. Disso dependerão as definições dos cenários para nossa economia.

(*) Reinaldo Cafeo é economista, professor na Instituição Toledo de Ensino (ITE) e delegado do Conselho Regional de Economia -
e-mail: [email protected]





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