Bauru e grande região - Sexta-feira, 04 de outubro de 2024
máx. 31° / min. 12°
12/05/01 00:00 -

MST: terra grilada chega a 150 mil ha

MST: terra grilada chega a 150 mil ha

André Tomazela
O MST diz que as terras, de propriedade do Governo, poderiam ser usadas para programa da reforma agrária

A menos de 80 quilômetros de Bauru existem mais de mil hectares de terra, de propriedade do governo que estão griladas, ou seja, apresentam títulos de propriedade falsos e que poderiam ser utilizadas para o programa de reforma agrária. A afirmação é do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que acusa o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) de ter conhecimento sobre a existência do problema.

De acordo com o MST, o Incra já teria reconhecido 30% das terras griladas, que ficam na região de Domélia. Os outros 70% estariam sendo vistoriados. A questão foi discutida ontem, em reunião realizada na sede da Comissão Pastoral da Terra (CPP) em Bauru, que fica no Centro de Orientação para o Trabalho (COT), entre coordenadores e membros de entidades ligadas à defesa da reforma agrária.

A reunião, que contou com a presença de um dos coordenadores do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Rosildo Santos, e da coordenadora da Comissão Pastoral da Terra (CPT) em Bauru, Maria Aparecida Luz, teve, ainda, como objetivo reativar o Fórum Permanente de Apoio à Reforma Agrária na região Centro-Oeste paulista.

De acordo com Santos, a existência dos 150 mil hectares grilados é uma grande contradição quando se sabe que Bauru tem um grande número de famílias desempregadas, provenientes do meio rural, habitando os bairros periféricos e as favelas da cidade.

“O nosso trabalho é viabilizar a volta dessas famílias para o campo. Nós, do MST, estamos vindo para as cidades, tanto Bauru como na região, para fazer um trabalho de recadastramento e convidar as famílias a voltar para o campo e tentar acabar com essa situação que está aqui próxima”, comenta Santos.

Segundo dados do próprio MST, existem mais de 10 mil famílias desempregadas em Bauru entre a população que habita as favelas da cidade. “Para as pessoas que estiverem interessadas, nós viabilizamos a volta ao campo através dos acampamentos do MST, na região”, diz Santos.

Para fazer a visita e o recadastramento das famílias, o MST realiza trabalho conjunto com as Comunidades Eclesiais de Base, com as igrejas e com as CPTs. Na região, entre Lençóis Paulista e Águas da Santa Bárbara, existem oito acampamentos do MST. Há, ainda, os acampamentos de Brasília Paulista e Itapuí, que também fazem parte da região coordenada pela organização.

Institucional x MST

Segundo o MST, o programa de cadastramento de sem-terra pelos Correios e as propagandas institucionais do Governo são fórmulas para a destruição de todos os movimentos sociais. “Na questão rural, é prioridade para o governo destruir todos os movimentos populares que lutam pela reforma agrária. Isso porque, nos planos dele, a prioridade é a produção para o mercado e não para a agricultura familiar”, comenta Santos.

Para Santos, o Governo lançou a campanha de cadastramento para afastar a população dos movimentos sociais. A estratégia governamental seria convencer as pessoas de que, caso queiram retornar ao campo, devem procurar o governo e não os movimentos sociais, como o MST.

O Estado de São Paulo, segundo Santos, tem 32 milhões de habitantes, dos quais 30 milhões vivem nas cidades por falta de condições para viver no campo. “Isso mostra que o Governo não tem o menor interesse que esse povo volte a trabalhar na terra”, afirma.

Cadastramento

O número de famílias cadastradas para participar do processo de reforma agrária oferecida pelo Governo Federal e realizado através dos Correios aumentou depois que MST realizou campanha de divulgação.

Segundo Rosildo dos Santos, a campanha contou com a distribuição de mais de 4 mil convites entre a população dos bairros periféricos e favelas de Bauru.

O cadastramento, que teve início em dezembro do ano passado, contava com apenas 96 inscritos até o dia 15 de abril. No dia seguinte, o MST fez uma manifestação de divulgação em frente aos Correios e, no mesmo dia, mais 170 pessoas cadastraram-se, totalizando 266 famílias.

Os interessados ainda podem inscrever-se no programa. Para isso, devem comparecer à agência central dos Correios com CPF e cédula de identidade.




publicidade
As Mais Compartilhadas no Face
(SF) © Copyright 2024 Jornal da Cidade - Todos os direitos reservados - Atendimento (14) 3104-3104 - Bauru/SP