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06/05/01 00:00 -

MINHA TERRA NATAL

MINHA TERRA NATAL

Fernando Lucilha Júnior
Peço licença aos caros leitores para esta minha narrativa que talvez não seja tão interessante a todos, mas tenho a certeza de que muitos a compreenderão, até mostrando alguma emoção, principalmente aqueles que conheceram e conviveram, com pessoas, locais e situações aqui lembradas. “Saudade do carro de boi, cantando lá na distância, na estrada que um dia foi, caminho de minha infância”. Com este singelo versinho de um poeta cheio de saudade, retorno meu pensamento, não propriamente à infância, mas sim aos anos 60 e 70. Foi nessas décadas douradas que vivi minha fase final de adolescente, alcançando a maioridade. Em minha mente, neste início de século e milênio novos, surgem lembranças nostálgicas que fazem brotar dos olhos pequenas lágrimas e enchem a alma de saudade, provocando no peito um aperto atroz. O deslumbrante poder da imaginação, transporta-me até a minha querida terra natal, a vizinha e pequenina Piratininga. Ah, pudesse eu voltar no tempo! Viveria a alegria das “quermesses” que aconteciam na rua em frente à igreja matriz. Até hoje, ainda lá estão os rudes, porém firmes paralelepípedos que estabilizam o leito carroçável da rua. Para amenizar o impacto do caminhar de tanta gente, era feito um carpete de palha de arroz, fofo e macio, que cobria toda a extensão das “barracas”, dando-lhes uma característica especial. Os pés das cadeiras e mesas, afundavam gostosamente, assim como faziam os meus, fixando-se naquele solo inusitado. E havia o famoso “Correio Elegante”, forma poética e romântica de se “paquerar”, enviando e recebendo “recados” por escrito, levados pelas graciosas mensageiras. Que saudade! E devo confessar que alguns de meus amigos conheceram suas esposas naquelas quermesses e estão “amarrados” até hoje. Diferentemente dos dias atuais, não havia tantos carros. Eu e meus amigos sentíamos o prazer de uma “viagem-relâmpago”, através da não menos saudosa Cia. Paulista de Estrada de Ferro, depois Fepasa, e hoje, lamentavelmente transformada numa sucata deplorável que teima em se manter sobre os trilhos, corroídos e malconservados. Esses mesmos trilhos foram, mais tarde, desviados do trajeto original, excluindo dolorosamente a minha pacata Piratininga, da rota dos vagões, luxuosos até, de cor branca e azul da saudosa “Paulista”. E tome saudade! Lembro-me bem do pioneirismo do Cine Omar, quando não havia ainda a simultaneidade de hoje para que se pudesse ver os melhores filmes. Em primeira mão, curti com emoção e exclusividade, “Inferno na Torre”, “Laranja Mecânica”, “O Exorcista” e outros não menos famosos. Devo admitir que nessa época havia para mim um mundo particular, talvez ligado ainda pelo cordão umbilical, que não fora totalmente cortado quando vim ao mundo, deixando uma forte ligação com a terra onde nasci. Da minha pequena e próxima Piratininga, saí com 6 anos, vindo morar em Bauru com meus pais. Muitos parentes (tios e primos) além de inúmeros amigos de meus pais e irmãos, somaram motivos para inúmeras idas à “terrinha querida”. Como esquecer dos empolgantes bailes de carnaval do PTC! Era um acontecimento ímpar, uma festa animadíssima! Muitos foliões de Bauru (eu inclusive, é claro) e de outras cidades, lotavam o clube nos “Folguedos de Momo”. Era só alegria! Cantava-se na época uma “marchinha” inesquecível que dizia em sua primeira estrofe: - “O melhor carnaval, de noite e de dia, é aqui em Piratininga, no Clube do Seu Elias.” Lembram-se? Dá pra não sentir saudade? Quase sempre, para abrilhantar mais a festa, vinha um pessoal de Garça, comandado pelo querido primo Ezequiel F. Guedes, o popular “Didi”. Era só alegria! (continua). (Fernando Lucilha Júnior - RG: 5.023.414)




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