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TRANSPORTE DE ALUNOS

TRANSPORTE DE ALUNOS

Duílio Duka de Souza
Gostaria de externar aqui a minha opinião a respeito do que vem sendo motivo de muitas discussões ultimamente em Bauru: o transporte de alunos.

Gostaria de lembrar a todos que desde 1995 nós, da Apeoesp, vimos denunciando as mazelas do Governo do Estado de São Paulo na educação. Lembram da tal “reestruturação do ensino”? Em que se propunham a separar alunos de 1.ª a 4.ª séries, de 5.ª a 8.ª séries e estes, dos de ensino médio? Estão lembrados? Nós, da Apeoesp, denunciávamos porque entendíamos que na sociedade não existe essa separação; além do que, sabíamos que a finalidade daquela política era: o fechamento de escolas e salas de aula, superlotação de classes, municipalização do ensino, demissão de professores, privatização do ensino, desresponsabilidade do Estado para com a Educação e obstáculos para atender e garantir vagas aos alunos (hoje, jovem acima de dezoito anos não consegue mais matricular-se na 1.ª série do ensino médio), entre outras. Mas, como sempre, ficamos falando quase que sozinhos. A maioria preferiu acreditar na “Escola de cara nova” do governador Mário Covas e da secretária da Educação Rose Neubauer, assim como acreditam hoje no tal do “Amigos da Escola” - da Rede Globo, outra enganação.

É preciso saber que transporte de alunos não é responsabilidade só do município, assim como o ensino fundamental também não o é.

Vejamos: quantas escolas estaduais do ensino fundamental foram construídas em Bauru nos últimos seis anos? Quantas do ensino médio? E a população estudantil, não cresceu nos últimos seis anos? E a cidade, não cresceu? Alguém pode me dizer se o n.º de professores estaduais aumentou ou diminuiu nos últimos seis anos? Claro que diminuiu. Éramos mais de 250 mil, hoje não chegamos a 200 mil.

Por outro lado, houve ou não construção de escolas de ensino fundamental pelo Município, nos últimos seis anos? Além das que estão em fase final de construção para entrega ainda este ano? Houve ou não construção de escolas de educação infantil e creches? Sempre estivemos alertando os prefeitos (Izzo Filho nos dois mandatos, Tidei de Lima e Nilson Costa) para os perigos de uma municipalização do ensino em Bauru, mesmo levando pedradas daqueles que defendem a política do Governo do Estado. E mais uma vez, agora publicamente, quero alertar o prefeito Nilson Costa e a secretária de Educação do Município, Isabel Algodoal: cuidado com essa sua política de “municipalização do aluno”, pois é uma bomba de efeito retardado. Quando perceberem que todas as matrículas do ensino fundamental estiverem com o município, aí não terá mais jeito. E o município não terá caixa, dinheiro para arcar com as despesas do ensino, conforme a Lei obriga. Restará, como alternativa, baixar a qualidade, fechar escolas de educação infantil (EMEIs) ou privatizá-las, entregando-as nas mãos da iniciativa privada; fechar creche, ou no limite, não construir mais; arrochar salários, demitir professores e funcionários, diminuir o programa de capacitação profissional, diminuir a qualidade da merenda, do transporte e do material pedagógico, além de outras desgraças mais.

Dizem que perguntar não ofende, então, será que se o Governo do Estado cumprisse com a sua parte na construção de mais escolas, não resolveria o problema do transporte escolar, uma vez que os alunos estariam perto de suas casas?

Dos augustos defensores do transporte escolar para alunos de ensino fundamental, médio e universitário, espero tamanho empenho na luta pela construção de mais escolas do ensino fundamental e médio por parte do governo do Estado que é obrigação dele, luta essa, materializada nas ações do Sindicato dos Professores - a Apeoesp - nos debates, nas ruas, nas campanhas em defesa da escola pública, nas manifestações organizadas em ocasiões de visitas a Bauru dessas autoridades estaduais, nas cobranças dos vereadores, deputados, dirigente regional de ensino, dirigentes do PSDB, enfim, luta é que não falta para ser travada. O que falta muitas vezes são lutadores de linha de frente, comprometidos com as causas, e não aqueles de retaguarda, comprometidos apenas com as situações e consigo mesmos (será que ficarei falando para mim mesmo? - o tempo responderá). (Duílio Duka de Souza - e-mail: [email protected])




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