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05/05/01 00:00 -

Nome para uma vida longa

Nome para uma vida longa

(*) N. Serra
Concorde-se com que o designativo Genoma não figure nos nossos dicionários, inclusive aqueles mais evoluídos ou moderninhos, como se costuma considerá-los. Precisa-se concordar porque se trata de expressão que a moderna medicina concedeu à matéria, distante dos compêndios que se tem ou se usa. E deve-se considerar justo aquiescer porque todos os nomes ou designações estabelecidos no mundo são inventados ou concedidos a isto ou aquilo, normalmente, por quem na verdade os craneia ou estipula, a propósito ou acidentalmente. Pense-se bem e chegar-se-á à conclusão de que, afinal, pensando melhor, quem deve e pode dar nomes aos filhinhos a não ser os próprios pais? É isso aí e os cientistas não se esquecem disso, haja vista que, em suas cogitações didáticas, acabaram batizando de Genoma o seu importante invento, partindo da premissa inspirada diretamente pelo gene e pela genética. Em decorrência, o novo tipo de medicina vem sendo desenvolvido por aí à sombra benfazeja do seqüenciamento completo, com final previsto para curto prazo, de tudo aquilo que se pode considerar desde logo o “milagroso Genoma do ser humano”. O que é isso e o que virá a ser em benefício da humanidade, revolvida em uma variedade de incuráveis males orgânicos, estão claramente contidos em explicações diretas de um dos homens de ciências, como o francês Jean Weissenbach (JC de 9/4/2001), para quem a conclusão dos estudos da matéria e sua aplicação explícita na sociedade de hoje e de amanhã vão reduzir substancialmente o enorme fosso sanitário existente entre os hemisférios Norte e Sul, uma vez que, com a adequação mais precisa dos atuais medicamentos, a ser possibilitada pela nova cartografia dos genes, o tratamento de muitos problemas patológicos passará a ser bem mais acessível à bolsa dos enfermos.

Como notícia altamente alvissareira para o mundo, dir-se-ia que o otimismo das previsões em foco vai bem mais longe dos horizontes, porquanto prenuncia que em decorrência da nova “terapia da genética” as esperanças da vida humana saltarão logo para 90 anos e toda uma faixa populacional de 130/150 anos se agitará, sorridente, no grande e misterioso Planeta em que vivemos. Conseqüentemente, restam de tudo isso para a humanidade, que geme nos embates doentios do III Mundo, razões realmente animadoras para emitir sonoros cantos de vitória. Que não se tenham pretensões quanto ao fim definitivo da morte, que nunca deixará de existir, mas sim a favor de um generoso aumento da longevidade humana, o que será bastante. Confie-se, então, na sapiência dos crânios das medicinas genética e farmacológica e se lancem a cabeça, os olhos e o coração para a perspectiva de existências mais longas e mais sadias, conforme a opinião de Weissenberg, para quem “a metáfora do carro velho, para o qual, a partir de certa quilometragem, não há peça nova que dê jeito, é, se não completamente, pelo menos em grande parte, válida também para o ser humano”, razão por que tem-se mesmo de dar suporte aos que confiam no que o Genoma reservado para todos desde logo: um nome para uma vida longa. É a nossa opinião.

(*) O autor, N. Serra, é o jornalista responsável do JC e delegado regional da Associação Paulista de Imprensa e da Ordem dos Velhos Jornalistas do Estado.




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