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Argentina: apesar dos pesares...

Argentina: apesar dos pesares...

(*) José Almodova
Não posso deixar de reconhecer que dos nossos vizinhos, a República Argentina - país praticamente formado por europeus com predominância de italianos - de certa forma (em toda sua história), sempre levou a sério demonstrar sua hegemonia na América do Sul. A Argentina, enquanto - comparativamente ao Brasil - representando menos de um terço da nossa população, bem como do respectivo “PIB” (somatório de tudo o que um país produz no período de um ano, historicamente sempre viveu falsa liderança do seu desenvolvimento, espalhado aos quatro ventos pelo mundo.

Tal fato (pelo sim ou por não), se mostrava por denegrir a posição brasileira no contexto, hoje, na área denominada Cone Sul. De tal e tão acirrada era sua influência, que nos “EUA”, por exemplo (como já tive oportunidade de manifestar noutra ocasião nesta coluna), um fato presenciado num curso da marketing, na Universidade de Nova York (outono 976), alguém, procurando referir-se à capital do Brasil (supostamente desconhecendo a geografia), perguntou por Buenos Aires.

Em verdade, a história da Argentina na era do famoso político, presidente Perón - e sua festejada 2ª esposa, quase politicamente santificada publicamente - o país buscava manter-se divulgando mundialmente seu predomínio na América dos Sul. Na seqüência de governo, subira à presidência o fogoso político Carlos Menem, nomeando Cavallo ministro da economia. Em mais de dois mandatos (1989 a 1999), Menem se aproveitou da euforia em que viviam no mantenimento hegemônico do país, até que a sociedade arrefecera-lhe as ilusões.

Ultimamente, o atual presidente argentino Fernando de la Rúa apelou a Domingo Felipe Cavallo - conhecido como (Caballo) - visando dominar a crise econômica do país. Este voltou a assumir o Ministério da Economia, esperançoso em reduzir a inflação atual, tal como ocorrera (segundo entrevista à Veja de 11/4 corrente), conseguindo na ocasião, “pôr fim a dois anos de hiperinflação (de mais de 5.000% em 1989 e de 1.500% em1990)”.

Assim publica a Veja: “O vizinho fala grosso - O poderoso ministro da Economia argentino (sic) fala em união com o Brasil, mas não descarta negociar em separado com os Estados Unidos”. Falando na ocasião, Cavallo se aproveitou da oportunidade para desdizer-se quanto ao que teria afirmado pouco antes na França, em procedimento largamente abordado nas mídias, falada e escrita. A Veja arguiu quanto à irritação do governo brasileiro: “com a inclusão de celulares e bens de informática de qualquer lugar do mundo, foi liberada de impostos na Argentina. O senhor vai voltar atrás?”. “Cavallo - O Brasil é nosso sócio, e só recebo sinais de apoio do governo brasileiro. Estive com o ministro Alcides Tápias (do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) e disse a ele que vamos tirar produtos de informática e telecomunicações da relação de itens de importação beneficiados com redução tributária. Na verdade, foi um engano nosso. Pensava que produtos de informática e comunicações eram bens de capital, mas nas cláusulas do Mercosul eles têm uma nomenclatura à parte”.

Ora bolas, após esta, seria bom que sua senhoria o ministro melhor se preparasse ao programar-se para levar para fora do seu país os assuntos porventura duvidosos de serem manuseados ao ensejo de interrogações exteriores, em geral, maliciosas e apimentadas. Na referida Veja, Cavallo foi inquerido a respeito da afirmação de seu amigo economista Adolfo Sturzenegger que haveria dito no mês passado: “(...), que se deveria acabar de uma vez por todas com esse projeto absurdo chamado Mercosul”. Em resposta, Cavallo teria saído pela tangente, afirmando que Sturzenegger não se houvera utilizado de “um termo adequado”, e que supunha que ele “se referia às dificuldades que enfrentamos para dar plena vigência à união aduaneira entre os quatro países”. Prosseguindo nos elogios a Sturzgenegger e demais economistas argentinos, disse reconhecerem “(...), o imenso valor do livre comércio que há no Mercosul”. Respondendo à questão proposta (para amaciar o ego do nosso presidente), completou: “Na Argentina, damos muita importância à iniciativa do presidente Fernando Henrique Cardoso, apresentada na reunião de chefes de Estado da América do Sul, no ano passado (...)”. - Fico por aqui.

(*) José Almodova é professor-Mestre em Projeto, Arte e Sociedade pela Unesp. É jornalista e colaborador do JC. Escreve às quintas-feiras nesta coluna.
E-mail: [email protected]





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