Desinformados fazem crescer a dengue

Há dez anos, Bauru tem programa de combate à dengue. Mas, a população ainda dificulta o trabalho realizado pelo DSC

O transmissor da dengue, o mosquito Aedes aegypti, não deveria mais existir. Mas, além de existir, contamina milhares de pessoas, proliferando a doença e tornando-a cada vez mais resistente. Isso se deve à falta de conscientização da população que não colabora na erradicação do mosquito.

Durante visitas realizadas pelos agentes de saúde contratados pelo Departamento de Saúde Coletiva (DSC), fica constatado que ainda há locais que faciliatam a proliferação do Aedes. Pneus, garrafas, vasos e, principalmente, caixas d’água abertas ou quebradas continuam existindo em diversas residências.

Além disso, muitas pessoas impedem os agentes de entrar em suas casas para checar se há irregularidades e deixar o local totalmente sem criadouros.

Os agentes também são agredidos por moradores, que não concordam com o trabalho realizado pelo DSC e usam a presença desses funcionários para reclamar de outros setores da Prefeitura Municipal.

De acordo com Flávio Tadeu Salvador, coordenador do Projeto de Controle do Aedes, os agentes contratados pelo DSC vão continuar registrando boletins de ocorrência quando forem insultados por moradores das regiões visitadas. “É uma grande falta de respeito. Nós entendemos que as pessoas têm reclamações a fazer, mas nós estamos cumprindo nossa obrigação, que tem o objetivo de ajudar a população e, se for necessário, vamos registrar outros boletins de ocorrência”, disse.

Na verdade, o DSC e qualquer outro órgão ligado à saúde pública não teria mais que estar insistindo nesse assunto sobre a eliminação de criadouros do Aedes aegypti, mas ao contrário, esse trabalho, se intensifica a cada ano porque a população não colabora e não cumpre sua parte.

Outro problema constatado pelo DSC é o fato de que algumas domésticas e diaristas, que fazem parte do grupo dos casos suspeitos, dizem não poder revelar onde trabalham. Se elas estiverem contamindas, certamente já levaram o vírus para os lugares onde freqüentam e, portanto, é possível que as pessoas que vivem no mesmo bairro onde trabalham já estejam sendo contaminadas pela dengue. “Elas alegam que, se informarem onde trabalham, perderão o emprego. Então, devido à essas ameaças, é colocada em risco toda a população”, explicou Salvador.

Ele lembrou, ainda, que as pessoas não se conscientizaram que o problema está dentro das casas, no quintal de cada um.