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05/04/01 00:00 -

VIOLA E O VOLUNTARIADO

VIOLA E O VOLUNTARIADO

B. Requena
A cidadania bauruense sofreu, ontem, um duríssimo golpe com o falecimento de Mesquino Viola. Pode parecer uma ironia preparada pelo destino, mas justamente no Ano do Voluntariado estamos perdendo esse que era um verdadeiro símbolo quando a questão era ajudar o próximo.

Funcionário do Estado, aposentado do Hospital Manoel de Abreu, onde dedicou grande parte de sua vida, além de cumprir com suas obrigações, Viola arrumava tempo para ser um cidadão múltiplo. Católico fervoroso, deixou as marcas de suas mãos em cada pedra, cada peça dos itens que compõem a igreja de São Benedito, em Vila Falcão. Seu trabalho não passou despercebido nem dos nossos bispos. Na organização e trabalho das quermesses, era um dos primeiros a arregaçar as mangas. Nas procissões, igualmente.

Vicentinos como Silvio de Oliveira, Ricieri Trevisan e tantos outros certamente estão lembrados da disposição física e do ânimo de Viola para atuar em qualquer área de sua entidade. Poderia ser no churrasco anual ou no dia-a-dia ajudando a alimentar famílias carentes e fazendo um acompanhamento de seus integrantes. Viola também era capaz de andar muitos quilômetros a pé, a qualquer hora do dia ou da noite, para orar por um morto de família humilde, implorar a Deus pelo seu credenciamento na porta do céu. E moral ele tinha para isso. Tive a oportunidade de acompanhá-lo numa dessas ocasiões.

Era um gigante na fé e, fisicamente, também. Havia um doente pesadíssimo, ninguém agüentava levá-lo para um banho? Viola jamais se recusava a ajudar. Havia necessidade de levantar um grande peso? A vizinhança logo se lembrava de Viola.

No final da década de 50 e início dos anos 60, Deus o testou tal como fez com Jó. Um acidente gravíssimo vitimou o filho adolescente, o Antonio Viola. Foram necessários vários anos para a recuperação total. O grande chefe de família não virou as costas ao Criador pela tragédia sofrida. Ao contrário, reforçou ainda mais a sua fé. E o amigo Antoninho aí está, com saúde igual à do pai quando jovem.

Mas Deus também está no tempo inclemente e no vento que sopra forte. E nos últimos anos, o velho jequitibá vinha sofrendo essa ação da qual ninguém pode fugir. Nos últimos dias, junto com vizinhos e amigos nos movimentamos para arrumar sangue, ou melhor, seiva, para ver se ainda conseguíamos manter vivo esse jequitibá. Mas a ordem de Deus supera tudo e seja feita a vontade dEle.

Valho-me de famosa página da literatura brasileira para imaginar Viola chegando ao céu: “Dá licença, São Pedro.” E o velho de barba branca, olhando por cima dos óculos: “Pode entrar, Viola. Aqui você nem precisa pedir licença!”

O gigante Viola era um professor de cidadania. Felizes os que foram seus alunos porque homens assim estão cada vez mais raros. Dona Helena, Antoninho, Alaíde, Sônia e Luiz: fosse nos tempos d’antanhos, deveria sair um arauto a cavalo proclamando: “Hoje esta cidade perdeu um grande homem. Hoje esta cidade perdeu um homem de bem.” (B. Requena)




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