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05/04/01 00:00 -

Pescaria curiosa

Pescaria curiosa

Roberta Mathias
Tem gente que prefere ficar no barranco, alguns optam por pescar embarcado, agora há outros que escolheram a bóia como “veículo” de pesca. “Assim, eu vou até aonde o peixe está.”

A pesca com bóia ainda não é muito popular no Brasil. A idéia de usar câmeras de ar para pescar, segundo informações dos pescadores, começou nos Estados Unidos. Americanos apaixonados pela pesca do black bass, o tucunaré dos EUA, resolveram desenvolver uma forma de aproximar-se mais de seu ambiente natural e assim capturá-lo. Lá, diversas marcas invadiram o mercado como a Float Tube e a Round Boat, apresentando os modelos mais variados. Alguns, até com motor elétrico. Um modelo básico custa, em média, US$ 200,00.

Os japoneses foram na onda americana, pois também têm prazer na pesca do black bass, e desenvolveram suas próprias bóias. E os bauruenses, como sempre, não ficaram atrás. Pesquisaram materiais e desenvolveram a Borbonic Boat.

Tudo começou quando Rodrigo Artioli Sandri, 20 anos, pescador de fly apaixonado, conseguiu comprar uma bóia japonesa de um amigo, que estava indo embora para o Japão pela segunda vez. Apesar do valor um pouco salgado de R$ 300,00 pelo equipamento usado, Rodrigo ficou contente com a aquisição e iniciou algumas pescarias no próprio pesqueiro, Pexe-Loko, em Agudos, onde poderia praticar com tranquilidade.

Um dia, o amigo e pescador Marco Antonio Damante, 36 anos, pediu a bóia emprestada para fazer uma pescaria na Lagoa dos Patos, em Agudos. “Quando eu cheguei com a bóia, os pescadores olhavam para mim com aquela cara de ‘não sei, não’.” Inicialmente, ele queria a bóia apenas para atravessar a lagoa, mas gostou da experiência e decidiu pescar. “Enquanto o pessoal, no barranco, exibia umas tilapinhas, eu voltava com dois black bass!” Ele gostou da idéia e pensou em fazer uma bóia igual. “Aí, resolvi pesquisar o material”, lembra Damante.

Em agosto de 2000, ele já havia produzido o “protótipo” da Borbonic Boat e avançou em pescarias pelo rio Tietê, em Pongaí, no Ribeirão Doce, e em outras represas. “Os amigos pescadores gostaram da idéia e precisei fabricar outras. Aí fui aperfeiçoando.”

A bóia possui diversas bolsas do mesmo material, onde são transportadas as tralhas de pesca, alguma comida e, acreditem, até latinhas cervejas em bolsa térmica. Além disso, há um lugar para prender a vara e os peixes.

A locomoção é simples. A bóia é totalmente revestida em nylon, possui uma cadeirinha resistente em que o pescador fica encaixado, sentado mesmo, e movimenta-se com pés-de-pato. Para conseguir mais agilidade, a navegação pode ser feita em sentido contrário, ou seja, “de ré”.

Apesar de não ser a praia de Damante, que trabalha com a comercialização de material plástico, a Borbonic Boat é ligada ao seu prazer preferido: a pescaria. Por isso, ele tem se envolvido cada vez mais com o negócio. Na semana passada, um pescador de Curitiba, no Paraná, entrou em contato para encomendar a sua bóia. “Algumas pessoas já têm conhecimento porque há algumas marcas importadas sendo comercializadas no Brasil, o custo, porém, é mais alto.”

Desempenho na pescaria

Rodrigo Tosta, 23 anos, e o amigo Antônio Venâncio da Silva Neto, 22 anos, também já adquiriram suas bóias para pescar. Juntamente com Sandri e Damante, eles têm buscado black bass e tucunarés em represas da região. Segundo os pescadores, o interessante da bóia é a possibilidade que ela oferece de chegar nos lugares onde o peixe se esconde sem fazer barulho e arremessar.

A traíra é outra espécie cobiçada pelo grupo. “Pesca com bóia, à noite, pode parecer perigoso, mas é uma grande aventura”, comentam. A traíra fica em lugares sujos, de acesso difícil, o que é facilitado com a bóia. “Você vai do meio da lagoa para as margens, é só escolher o lugar”, diz Damante. É importante não fazer muito barulho para não espantar os peixes, afinal, a proximidade é muito maior.

Perigos, de acordo com eles, nenhum. O risco de encontrar um jacaré ou uma sucuri pelo caminho é pouco provável. “São animais que dificilmente atacariam alguém, principalmente na nossa região”, comentam. A dica é não esquecer o facão e o farolete para se orientar. Observar se há outros barcos na área também é fundamental para a segurança. “Nós pescamos em água parada, no meio do capim. Já pescamos até com piranhas, no Tietê, e nada aconteceu”, comentam.

O equipamento depende do pescador. Com a bóia é possível usar o preferido. “É bom tomar cuidado para não deixar nada afundar no lago”, brincam. Rodrigo Sandri é cauteloso e optou por prender seu apetrechos de pesca na bóia. Até o puçá, ao alcance das mãos, fica amarrado com um fio, evitando o risco de perder.

Para quem pretende iniciar nesta curiosa forma de pescar, o custo de um modelo Borbonic Boat, totalmente nacional, é de R$ 150,00. Informações com Marco Antonio Damante, (14) 3277-1083 ou 9794-0363.




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