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22/03/01 00:00 -

BURRICE DESONESTA!

BURRICE DESONESTA!

Helio Souza
Parece mentira que em pleno século XXI ainda haja incautos para os chamados contos do vigário, passados de forma chula, com freqüência, nas ruas iludindo, inclusive, pessoas de relativa instrução. Comprar barato bilhete premiado, deixar dinheiro com estranho em garantia de uma “bolada”, em pacote fechado para ser entregue a uma instituição de caridade ou como caução para ir buscar perto dali gratificação por ter achado um cheque de alta quantia no chão é burrice pior que a compra da ferragem da torre de Eifel ou de um bonde, pois nestes dois casos o otário, pelo menos, foi levado a um escritório, viu papéis timbrados etc., e na época, a desonestidade é que era mais rara.

Ao que consta, esse tipo de logro obtido mediante simulação de ignorância para induzir alguém a lucro fácil foi denominado conto do vigário por ter se tornado célebre o golpe que um vigário teria aplicado com essa estratégia, no passado, numa compra de gado. Fechado o negócio pelo preço de 30 contos, o vigário preparou um recibo especificando que o pagamento fora efetuado com 60 notas de 500 mil réis. Aparentando distração, retirou do cofre 60 notas de um conto, dizendo: “Aqui estão as 60 notas, pode conferir”! O vendedor logo percebeu que estava sendo pago em dobro, mas mal intencionado tratou de assinar o recibo e se despedir sem mais delonga. Mais tarde notou que o dinheiro era falso, mas o padre retrucou categórico que jamais lhe dera cédulas de um conto. “Paguei-lhe com notas de 500 mil réis, conforme prova aqui o recibo.”

O mais típico e comum conto do vigário é o do bilhete premiado com êxito dependente do grau de ingenuidade, tolice e do caráter do elemento escolhido para vítima. Isto porque, não é admissível que alguém ofereça a estranho um bilhete premiado por menos da metade do valor do prêmio ou o entregue a pessoa desconhecida mediante a garantia de qualquer importância, para que vá sozinha, conferi-lo numa casa lotérica (menos insólito, seria esconder o bilhete até de parentes).

O conto do vigário tem crítica peculiar: “A vítima não tem nada de ignorante! Ela cai por querer tirar vantagem ilícita”! Ora, o objetivo do conto é justamente este, explorar a ambição da vítima. Mas a sua má fé não elide o ludíbrio! Apenas acrescenta desonestidade à ignorância por ter acreditado que o golpista era mesmo um tolo dos mais simplórios! (Helio Souza - OAB 19.779)




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