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18/03/01 00:00 -

CUT pretende processar a Petrobras

CUT pretende processar a Petrobras

Daniela Bochembuzo
Entidade afirma que ausência de investimentos em segurança causou explosão da plataforma P-36 e morte de petroleiros

A Central Única dos Trabalhadores (CUT) quer processar criminalmente Henri Phillipe Reichstul, presidente da Petrobras, por causa das mortes de dez petroleiros que trabalhavam na plataforma P-36 da companhia, alvo de três explosões na madrugada da última quinta-feira. A afirmação é de Antonio Carlos Sips, presidente da CUT Estadual - São Paulo.

Sips, que esteve, ontem, em Bauru participando de uma reunião da subsede da entidade, afirma que o processo depende da contratação de um jurista. “Queremos fazer uma análise das mortes que, para nós, são resultado de uma política de sucateamento da Petrobras, iniciada em 1990”, afirma.

Como se trata de uma empresa estatal, Sips não descarta estender o processo e criminalizar o presidente Fernando Henrique Cardoso. “Por ter levado a Petrobras a uma linha gerencial que se adequou aos processos de privatização e, principalmente, pela irresponsabilidade de não investir em segurança”, argumenta.


De acordo com levantamento realizado pela CUT, dois petroleiros morrem a cada mês, desde 1998, a serviço da Petrobras. Na bacia de Campos, a entidade detectou 12 mortes e, em 2001, 15. A média de falecimentos, na opinião do sindicalista, é injustificável e indica a ausência de investimentos em segurança.

A insegurança, argumenta Sips, não se justifica em razão da Petrobras ter fechado o ano de 2000 com lucro de R$ 10 bilhões e ter batido recorde mundial de prospecção de petróleo em água profunda.

“Se é uma empresa com recursos financeiros e gente pensando, ela faz planejamentos concretos. Então, fico imaginando que no planejamento da Petrobras está previsto matar dois por mês, porque não investe mais em segurança”, denuncia Sips.

O presidente da CUT estadual sustenta que o levantamento realizado pela entidade é concreto e inclui os nomes de todos os mortos e de suas viúvas. “Isto não é ficção. Não é brincadeira que a maior empresa da América Latina, a Petrobras, que poderia dar maior segurança aos seus trabalhadores, mate tanta gente”, critica.

Segundo Sips, de grande orgulho nacional, a P-36 se tornou “um túmulo” e está provocando nos petroleiros de Macaé e Campos a incerteza se voltarão vivos ao final de um dia de trabalho.

O sindicalista lembrou ainda que a CUT já havia denunciado a realização de procedimentos operacionais inadequados na P-36, razão pela qual a plataforma permaneceu ancorada na Baía da Guanabara antes de ser levada à Bacia de Campos.

A P-36 é a maior plataforma de processamento de petróleo do mundo. Antes do acidente, era responsável pela produção de 80 mil barris de petróleo por dia. Nela estão armazenados 1,5 milhão de litros de petróleo e 300 mil litros de petróleo bruto estão entre seus dutos. Há risco de afundamento.

A P-36 é uma das 72 plataformas da Petrobras na Bacia de Campos. O local dos acidentes fica a 120 quilômetros da costa.

Sindicalistas discutem FGTS

Além do processo contra o presidente da Petrobras, a pauta da reunião da subsede da CUT, ontem, incluiu também a discussão sobre o pagamento de diferenças perdidas pelos trabalhadores no Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) com os planos Verão e Collor.

“Estamos estudando a realização de grandes manifestações, envolvendo trabalhadores, donas de casa, idosos e estudantes, a respeito do pagamento do FGTS. Os trabalhadores brasileiros têm direito à correção, que chega a R$ 4,3 bilhões, e não estamos dispostos a abrir mão disso”, afirma Antonio Carlos Sips, presidente da CUT Estadual - São Paulo.

Apesar das centrais sindicais terem reunião agendada com o governo para discutir o assunto nesta semana, a expectativa é de manutenção do impasse. Por causa disso, o planejamento das manifestações já começou.

Em 1.º de Maio, Dia do Trabalho (outro assunto abordado na reunião), a CUT deve realizar novos grandes eventos, desta vez nas principais capitais brasileiras.

“Queremos chamar a atenção para as políticas sociais”, adianta Sips. As manifestações deverão ter mais apresentações musicais (em São Paulo poderá haver show da Orquestra Sinfônica) e menos discursos.

Por ser uma dia de conscientização da classe trabalhadora, as comemorações pelo Dia do Trabalho em São Paulo incluirão a montagem de “barracas da cidadania”, nas quais os sindicatos realizarão trabalhos com a comunidade. O SindSaúde, por exemplo, estará avaliando a pressão arterial das pessoas que foram assistir aos shows.




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