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06/03/01 00:00 -

Bancárias terão cartilha sobre assédio

Bancárias terão cartilha sobre assédio

Patrícia Zamboni
Sindicato dos Bancários pretende conscientizar as trabalhadoras da categoria. Projeto é de âmbito nacional

O Sindicato dos Bancários lançará amanhã, em âmbito nacional, um projeto que visa a distribuição de uma cartilha contendo informações sobre tema assédio sexual no trabalho, para todas as trabalhadoras da categoria. No total, foram confeccionadas 100 mil cartilhas e todas as bancárias atuantes em Bauru serão contempladas com o livreto.

De acordo com o assessor de comunicação do Sindicato dos Bancários de Bauru e Região, Marcos Silvestre, inicialmente o projeto será direcionado às mulheres porque as diversas pesquisas feitas em torno do assunto mostram que 97% das vítimas de assédio sexual estão entre o público feminino.

A idéia de abordar o assunto entre as trabalhadores da categoria surgiu, segundo Silvestre, no âmbito da Confederação Nacional dos Bancários (CNB), à qual o sindicato de Bauru pertence. “Dentro da CNB-CUT, existem várias comissões. Uma delas é a Comissão Nacional de Gênero, Raça e Orientação Sexual, que iniciou as discussões sobre o problema do assédio sexual no trabalho. O resultado foi a decisão de elaborar essa cartilha, que será distribuída durante esta semana em função do Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março. Mas, a intenção é transformar isso em uma campanha permanente”, relata Silvestre.

Para o sindicato, a grande importância desse projeto está no fato de despertar um processo de conscientização, sobretudo das mulheres, em torno do assunto. “O objetivo é fazer com que as mulheres vítimas de assédio sexual percam o medo de denunciar. Existe um preconceito muito grande sobre isso. A mulher tem medo de denunciar e ficar marcada no seu trabalho, de ser ridicularizada e, principalmente, de ser demitida, porque geralmente o assédio parte de uma pessoa que ocupa uma posição hierárquica maior do que ela dentro da empresa”, observa Silvestre.

Com a quantidade de cartilhas que serão destinadas ao sindicato, a previsão é de que praticamente todas as bancárias pertencentes à área de atuação de Bauru recebam um exemplar.

Para marcar o lançamento do projeto, amanhã será proferida uma palestra, às 19h30, no sindicato, que fica na rua Marcondes Salgado, 4-44. O evento é aberto à participação de todos os interessados. A psicóloga e sexóloga Maria Lúcia Bien, e Iraci Borges, especialista em administração do serviço de saúde, mestre em Comunicação Social e militante do PSTU, falarão sobre o tema.

Imposto

Em relação ao imposto sindical, que todos os trabalhadores - independentemente de serem sindicalizados ou não - pagarão este mês, não será recolhido pelos integrantes da categoria bancária, em Bauru e região. O imposto equivale à remuneração de um dia de trabalho, aproximadamente 3,33% do valor do salário do empregado.

De acordo com Silvestre, em 1992 o sindicato ganhou, na Justiça, uma liminar que isenta os bancários da base territorial de Bauru de pagar o imposto. Segundo o assessor de comunicação, a decisão do sindicato em entrar com a ação judicial se baseou em dois pontos principais. Um deles é a filosofia de que as entidades de classe devem ser mantidas através de contribuições espontâneas.

“Em primeiro lugar, nós entendemos que os sindicatos têm que se manter com as contribuições dos trabalhadores, sem haver nenhuma imposição. As contribuições extraordinárias podem existir, contanto que sejam aprovadas em assembléia. Não é o que ocorre com o imposto sindical, porque ele é unilateral, está previsto na CLT e é cobrado de todos os trabalhadores, independentemente da vontade deles”, diz Silvestre.

A outra razão que teria levado o sindicato a mover ação para a suspensão do pagamento do imposto para a categoria bancária foi a autonomia sindical, conquistada na Constituição Federal de 1988. Através dela, os trabalhadores conquistaram o direito de se organizar livremente. “Com base nesses dois pontos, nós decidimos impetrar essa ação judicial, que vigora até hoje”, explica Marcos Silvestre.

Para a diretora do sindicato, Leonilda de Campos, é muito importante abordar o assédio sexual no trabalho porque as mulheres ingressam ao mercado de trabalho, de uma maneira geral, enfrentando uma série de dificuldades. Entre elas, as do preconceito e do assédio.

“Dentro da sociedade machista brasileira, em geral, chegar ao mercado de trabalho não quer dizer, para a mulher, sinal de igualdade perante os outros trabalhadores. Então, o machismo que vigora na sociedade, também se manifesta no trabalho e o assédio está fundamentalmente ligado à questão do poder. Quem assedia, está numa posição hierárquica superior em relação ao assediado. Então, é preciso que as mulheres percam o medo de denunciar se sofrerem preconceito e forem assediadas”, observa Leonilda.




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