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06/03/01 00:00 -

VERSÕES DA HISTÓRIA

VERSÕES DA HISTÓRIA

Dr. Luiz Fernando Ribeiro
A análise da história pertence, logicamente, aos historiadores. São eles quem desvendam fatos pouco conhecidos, obscuros, recheados de matizes políticas e interesses pessoais, esclarecendo a realidade e a verdade. Hoje, sabe-se muito do passado e das razões comportamentais dos humanos graças a essa análise retrospectiva, fruto de pesquisas e mergulho em arquivos. Respeito-os profundamente. A medicina, por exemplo, deve muito a eles. Resgataram perseguidos pelo conservadorismo, qualquer fosse a sua matiz, permitindo a eclosão de conhecimentos ainda pilares do saber médico atual, lutaram para restaurar a verdade das pesquisas bem-conduzidas, em uma época onde contrapor-se aos dogmas era extremamente arriscado.

Feita essa introdução, clamo à memória privilegiada dessa categoria de homens; atrevo-me a dar alguns indicativos para justificar esta solicitação. É tempo de restaurar a verdade sobre o sistema de saúde de Bauru. Lembrar do breve, mas extremamente produtivo governo de Edison Bastos Gasparini na Prefeitura Municipal, rever o Projeto de Lei 22/83 com o seguinte título: Cria Núcleos de Saúde integrados à comunidade e dá outras providências, enviado à Câmara Municipal em 17 de junho de 1983. É tempo de rever publicações da época, onde Gasparini era acusado de sonhador, onde se questionava como conseguir recursos para o programa proposto, incipiente que eram as Ações Integradas de Saúde (AIS). Relembrar que foi em agosto/83, com a presença do então governador Franco Montoro, eleito pelo MDB, a entrega do primeiro Núcleo de Saúde do programa, na Vila Ipiranga. E isso seria só o início. Aos historiadores, estejam na imprensa, nas Universidades, na política, não é permitido calar-se quando a verdade é substituída pela versão.

Esperei, por muito tempo, uma manifestação, na certeza que viria. E, mesmo como médico, introduzo minha colher nessa panela, pois acredito que foi em vão essa esperança. Bauru deve o atual sistema de saúde a um projeto do Governo Gasparini. Deus não permitiu que ele o implantasse na totalidade, porém deu-lhe a honra do pontapé inicial. Se hoje, políticos ou ex-políticos querem homenagear A ou B com nome de hospital, lembrem-se disso. Espero que o noviciado de alguns e a esperteza de outros sejam substituídos pelo conhecimento e honestidade. A realidade bauruense exige, ainda, preocupar-se com o nome de inúmeros médicos da cidade, dedicados à comunidade, fazedores de caridade e responsáveis pela introdução em Bauru de avanços científicos e milhares de cidadãos de nossa cidade. Homenagear politicamente significa implantar Castelos, aparar Costas, indicar Geisels, Medicis e apreciar Quadros; homenagear historicamente significa reconhecer a importância de um cidadão para sua cidade. Concluo com uma colocação ousada: se o Governo paulista não quis concluir o Hospital Regional antes e, agora pretende fazê-lo por interesses a esclarecer, se o terminar que leve o nome de um bauruense. Não por xenofobia, mas por justiça, já que nomes não nos faltam. (Dr. Luiz Fernando Ribeiro - CRM 16320)




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