Mobilização ajuda na solução de problemas

A população só organiza movimentos populares quando os problemas surgem e se agravam. Processos de mobilização precisam se transformar em projetos para o bairro

Quando vereadores, Prefeitura e associações de moradores não atendem os interesses comuns de uma comunidade, ela se une e começa a buscar formas espontâneas de organização. E é justamente quando os problemas aparecem que a população se movimenta e organiza movimentos populares. A mobilização é uma das formas de organizar a população de um bairro para lutar por melhorias.

Essas organizações populares espontâneas têm dois lados: o positivo e o negativo. O positivo é que o movimento surge de forma natural e obriga lideranças locais, partidos políticos e poder municipal a tomarem providências sobre os problemas. O negativo é que a população acaba se reunindo para resolver um determinado problema e, dificilmente, essas organizações se tornam permanentes no bairro.

“A população se une quando os problemas surgem. Isso porque os desejos são individuais e partem de interesses imediatos. O processo de mobilização precisa se transformar em projeto para o bairro. É preciso que a partir dessa necessidade se construa um processo de reflexão sobre os interesses que estão em jogo”, disse Celso Zonta, professor doutor em Psicologia Social do Departamento de Psicologia da Unesp de Bauru.

Para ele, a população está procurando se organizar de uma maneira informal, sem o aparato institucional de uma associação de moradores ou partido político “porque ambos estão desenvolvendo ações de uma maneira clientelista”.

“No caso das associações de moradores, as lideranças podem ser coopitadas, porque elas acabam confiando muito mais no poder institucionalizado do Poder Executivo do que na força do povo. E por conta dessas relações, ele acaba ficando mais comprometido com poder local do que com a população, e não a coloca de frente com o poder municipal”, explicou Zonta.

As manifestações são a forma de chamar a atenção do Poder Público. Em geral, a população faz manifestações para que o resto da sociedade veja o que está acontecendo em determinado bairro da cidade.

“As pessoas fazem manifestações para que o resto da sociedade veja que o poder municipal não está priorizando os recursos. Se ninguém se manifesta, fica tudo como está e ninguém percebe os problemas”, concluiu o professor.