Vale tudo para chamar a atenção

Barricadas, impedir ruas, colocar fogo em pneus, gritar, cantar. Vale tudo para chamar a atenção das autoridades

Cada vez mais a população está se organizando para conseguir melhorias para o bairro ou rua onde mora. E para chamar a atenção do Poder Público, as formas de mobilização variam entre protestos, barricadas e até boletins de ocorrência.

Buscando soluções para os problemas nos bairros onde vivem, os moradores estão se mobilizando fora das organizações formais já existentes, como associações de moradores, partidos políticos e sindicatos.

Fazer barricadas, impedir ruas, colocar fogo em pneus, gritar, cantar. Vale tudo para chamar a atenção das autoridades e tentar que as reivindicações sejam atendidas.

Moradores da Vila Popular Ipiranga, Vila Industrial e Jardim Chapadão se organizaram e, como forma de protesto, impediram ruas dos seus respectivos bairros. No Jardim Chapadão, os moradores fecharam uma rua duas vezes em menos de uma semana este mês. Eles fizeram barricada e até uma música para o atual prefeito. Eles reivindicavam asfalto. As crianças moradoras do bairro que também participavam do protesto pediam ônibus escolar. Franciane Cristina Bueno Camargo, está matriculada na 4.ª série do ensino fundamental da escola estadual “João Maringoni”, no Núcleo Habitacional Beija Flor. Ela reclamou que vai a pé todos os dias para a escola por falta de ônibus. Ela sai de casa às 6 horas. As aulas começam às 7 horas.

“O Bauru I tem ônibus e nós não. Quando chove, nós não vamos para a escola”, reclamou a pequena moradora do Jardim Chapadão.

Sergina Fernandes da Silva Rodrigues, moradora da Vila Popular Ipiranga, participou de uma manifestação. Segundo ela, os moradores resolveram fechar uma rua no bairro para cobrar da Prefeitura o andamento das obras de galerias. Depois da manifestação, a Prefeitura se comprometeu a retomar as obras, de acordo com Sergina.

Ela afirmou ainda que se a promessa de retomada e término das obras não for cumprida, os moradores realizarão outros protestos, impedindo várias ruas do bairro, incluindo a avenida Castelo Branco.

Os moradores do Núcleo Habitacional Joaquim Guilherme, Jardim Jussara, Vila Celina, Vila Nova Celina, Vila Rocha e Parque Viaduto encontraram outra forma de protestar. Sem falar nada, eles estiveram presentes na sessão da Câmara Municipal na última segunda-feira e com cartazes pediam asfalto e galerias de águas pluviais nos bairros. Segundo Pedro Miguel de Camargo Júnior, morador do Núcleo Joaquim Guilherme e presidente interino da associação de moradores do bairro, se for necessário os moradores se reunirão para fazer movimentações “com mais barulho”.

“A enxurrada das chuvas desce toda do Parque Viaduto para o Joaquim Guilherme. E junto com as águas vem terra. No dia 8, a água da chuva inundou as casas do núcleo. Queremos soluções. Estamos reivindicando sem barulho ou violência, mas se for preciso vamos fazer muito barulho”, disse o morador do núcleo.

Mas nem só a população de bairros periféricos protesta por melhorias. Os moradores do condomínio fechado Centreville, que fica ao lado do Jardim Estoril, Zona Sul da cidade, também encontraram uma forma de protestar contra alguns problemas dentro do condomínio. Eles registraram um boletim de ocorrência porque a área de lazer do condomínio, ainda não terminada, tem duas piscinas, que também não foram concluídas e que estão se transformando em criadouros de mosquito da dengue.

“Quando os funcionários da Secretaria de Saúde passaram pelas casas e falaram sobre o mosquito da dengue, nós mostramos o local, mas a resposta que tivemos foi de que nada poderia ser feito, porque o assunto não era da competência deles. Encaminharam minha reclamação para o Centro de Controle de Zoonoses, mas também não foi resolvido nada. Então, registramos um boletim de ocorrência. Temos o direito de viver num local saudável”, afirmou Hamilton Cândido Pereira, morador do condomínio Centreville.