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O Cepac e a crise das prefeituras

O Cepac e a crise das prefeituras

(*) Marcos Cintra
As prefeituras brasileiras estão falidas. Muitos dos mais de 5,5 mil municípios brasileiros nunca vivenciaram um descompasso tão grande entre suas demandas e a disponibilidade de recursos para atendê-las.

Este é um momento que requer muita criatividade na gestão financeira por parte das administrações municipais. As exigências da Lei de Responsabilidade Fiscal e o quadro financeiro de muitas cidades vão restringir significativamente as ações dos atuais e dos próximos prefeitos. Nesse sentido, vejo com boas perspectivas um instrumento de grande potencial arrecadatório criado por mim quando fui vereador em São Paulo. Em 1995 a Câmara Municipal de São Paulo aprovou o projeto de lei n.º 259/94, de minha autoria, criando o Certificado de Potencial Adicional de Construção - Cepac, uma inovação em todo o mundo, e que recebeu elogios de representantes de todos os continentes presentes a um Congresso Internacional de Administradores Municipais, realizado em 1993 em Toronto, no Canadá.

Investimentos municipais são tradicionalmente financiados com impostos ou com empréstimos. Estas fontes, contudo estão esgotadas. O Cepac cria uma alternativa e poderá servir de novo modelo de financiamento público. O conceito é simples. A prefeitura vende certificados em leilões públicos que serão utilizados pelos empresários para construir além do definido na lei de zoneamento. Vale lembrar que o poder público deverá determinar previamente quais as áreas com potencial de adicionais construtivos e seus limites.

O Cepac poderá ser utilizado também para viabilizar operações urbanas, programas de urbanização de favela e recuperação de áreas deterioradas. Em suma, o Cepac poderá viabilizar muitos projetos habitacionais e urbanísticos e gerar receita para investimentos a custo zero, ou seja, sem endividamento. A lógica do Cepac ainda não foi devidamente assimilada pelas últimas administrações paulistanas, apesar de ser um instrumento muito utilizado em países mais desenvolvidos. Se o município de São Paulo tivesse feito uso desse mecanismo, certamente, não estaria convivendo com uma crise financeira tão grave como a atual. Os atuais e os próximos prefeitos não podem, e não devem, se limitar a ser meros gestores de suas dívidas. O momento demanda inovação e criatividade. O Cepac é um instrumento que pode equacionar a falta de recursos para as prefeituras e viabilizar projetos.

(*) Marcos Cintra Cavalcanti de Albuquerque, 55, é doutor em Economia pela Universidade de Harvard (EUA) e professor-titular e vice-presidente da Fundação Getúlio Vargas. É deputado federal pelo PFL/SP. Internet: www.marcoscintra.org
E-mail: [email protected]




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