O PÃO NOSSO DE CADA DIA

Segundo o Catecismo da Igreja Católica, o sentido especificamente cristão desse pedido refere-se ao “Pão da Vida”: a palavra de Deus a ser acolhida na fé, o corpo de Cristo recebido na Eucaristia. Jesus se declara o pão descido do céu que dá a vida ao mundo e nos exorta a “trabalhar”, não pelo alimento que se pede, mas pelo alimento que permanece até a vida eterna.

O cristão sabe que sua meta é a vida eterna, e que é neste sentido que ele deve direcionar seus esforços, e com esse objetivo que deve pedir ao Pai seu sustento. Jesus sabe que precisamos também do pão material, “nos dá por acréscimo”; embora indispensável à vida, o alimento material não deve ser para nós fonte de preocupação. Não deve ser o objetivo de nossa vida e de nosso trabalho, nem de nossa oração. É importante ter isso em mente quando rezamos o Pai Nosso; não devemos pedir a Deus apenas o pão material, como se nossas necessidades se esgotassem aí.

Pedimos ao nosso Pai que nos dê o pão nosso, não apenas meu. Será justamente o nosso desapego, a prioridade dada ao alimento espiritual, que nos levará como consequência à caridade, à partilha solidária, para que ninguém precise passar fome no mundo. Ele multiplica nossos pães e nossos peixes, mas exige que, primeiro, saibamos colocar à disposição o pouco que temos... Se tanta gente ainda morre de fome, não é porque falta alimento no mundo ou porque Jesus seja surdo, mas sim porque quase todos nós estamos ainda demasiadamente apegados às nossas comodidades pessoais, e não sabemos buscar preferencialmente o pão da “Vida”, para que tudo o mais nos seja dado por acréscimo e os famintos possam ser material e espiritualmente saciados.

Quando Jesus ensinou aos apóstolos a oração do Pai Nosso, estes provavelmente entenderam, naquele momento, apenas o sentido material. Mas Jesus não falava somente aos apóstolos, falava a todos os homens, em todos os tempos. (Izabel Ramos - RG: 4.779.639)