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31/01/01 00:00 -

Tecnologia em favor do samba

Tecnologia em favor do samba

Ricardo Polettini
Novos softwares ajudam escolas de Bauru a obterem maior qualidade de gravação de seus sambas-enredo; programas auxiliam desde a captação de som até a mixagem e masterização de Ds

Cool Edit Pro, Sound Forge, T-Rex... Essas palavras provavelmente nunca vão estar nas letras de sambas-enredo, mas, se não fossem esses nomes, provavelmente os sambas das escolas de Bauru só seriam ouvidos pelo público na avenida, nos dias de desfile.

Tratam-se de softwares (programas de computador) especializados em edição de som e que estão sendo usados nas gravações dos sambas das escolas da cidade. Dessas gravações sairão os CDs que as escolas utilizarão para divulgar seus sambas em Bauru.

O compositor Léo do Rasi - que também é o intérprete da Coroa Imperial -, participou, na tarde de ontem, de uma sessão de gravação no estúdio Liguesom. Ele elogiou o novo sistema de gravação digital. “As gravações em fitas cassetes eram muito ruins. Com as músicas gravadas em CDs e os novos recursos de estúdio, a divulgação das escolas ganha muito em qualidade”, disse.

O compositor e intérprete Menezes, da Acadêmicos do Cartola, afirma que, com os novos programas, as gravações das escolas de samba de Bauru não ficarão atrás das grandes agremiações das capitais. “O resultado final é muito bom e não perde para os grandes estúdios do Rio de Janeiro, por exemplo. Além de ser muito mais barato”, compara.

Samba de um homem só

A tecnologia dos computadores facilita, inclusive, na hora de colher o material sonoro em estúdio. No sistema analógico, a bateria de uma escola, por exemplo, normalmente era gravada por completo, com a participação de vários músicos. O “take” serviria de guia para os cantores e demais instrumentistas gravarem por cima.

Hoje, o sistema digital possibilita que apenas uma pessoa grave todos os instrumentos. Como foi no caso do samba da Águia de Ouro. O músico Jeferson, que desfilará tocando cavaquinho na escola, gravou sozinho todos os instrumentos da bateria.

“Isso seria impossível no sistema analógico, porque teríamos que sobrepor várias pistas de gravação, prejudicando a qualidade final. Com os softwares, posso trabalhar instrumento por instrumento isoladamente, sem comprometer o resultado final”, explica o engenheiro de som e produtor Kauê Moraes, 23 anos.

Moraes conta que, no caso da Águia de Ouro, o músico gravou primeiro a linha de surdo, que serviu como marcação. A partir daí, foram abertas várias pistas de gravação, nas quais foram dispostas os demais instrumentos.

Esse primeiro passo é feito com o auxílio do software chamado Cool Edit Pro, próprio para PCs (personal computer). Em seguida, com o material sonoro já colhido, ocorre o tratamento das ondas.

Nessa fase, são acertados equalização, timbres e efeitos, como profundidade e reverberação. Para isso, o produtor recorre a outro programa, o Sound Forge.

Depois de acertar todos os instrumentos e colocá-los em stereo (novamente com o auxílio do Cool Edit Pro), vem o processo de masterização.

A masterização prepara e finaliza o arquivo digital, deixando-o pronto para a gravação do CD. Nesse processo, é utilizado o software T-Rex.

Até agora, o estúdio Liguesom gravou por completo os sambas da Águia de Ouro, Coroa Imperial, do bloco Flor de Laranjeira e o promocional da rádio Auriverde para o Carnaval 2001. Também masterizou e finalizou o samba da Cartola, que já veio gravado do Rio de Janeiro.

A idéia é lançar, assim como no ano passado, um CD para a Liga das Escolas de Samba e Entidades Carnavalescas (Lesec), com todos os sambas das escolas e blocos de Bauru.




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