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28/01/01 00:00 -

Genéricos chegam a 59 em um ano

Genéricos chegam a 59 em um ano

Redação
Os remédios genéricos estão conquistando os consumidores, mas só representam pouco mais de 1% do mercado farmacêutico

Às vésperas de completar um ano de vida no Brasil, os medicamentos genéricos conquistaram os consumidores e ocupam espaço de destaque nas prateleiras das farmácias de São Paulo. De bairros nobres até a periferia, a lista, que em fevereiro de 2000 era de apenas 6 remédios, tem hoje 59 genéricos. Mas apesar disso, eles ainda representam pouco mais de 1% do faturamento do mercado farmacêutico brasileiro.

"Genérico é mais barato", diz o aposentado Efrau do Nascimento de 60 anos, que mora na periferia. Pai de duas crianças, deixou de lado a marca do xarope para tosse e compra o genérico. A garantia de ter a mesma qualidade do remédio de marca por preços em média, 40% menores, alivia o bolso do consumidor. "O genérico conseguiu tornar-se realidade", comemora o ministro da Saúde, José Serra.

No Itaim Paulista, bairro de periferia da Zona Leste, o genérico tem lugar garantido nas farmácias. A clientela pede e os estoques circulam. "A procura é muito grande", afirma José Severino Macedo, dono da Drogaria Stocco. "Há freguês que pede genérico até do que ainda não tem."

Do outro lado da cidade, em Santana, bairro de classe média da Zona Norte, a situação é a mesma. "Tem gente que pede genérico de Gelol", diz a assistente de gerente da Farmais, Bruna Dazzani. A lista de genéricos é variada e inclui remédios de uso contínuo para pressão alta, colesterol alto, gastrite e mal de Parkinson. Dos 59 medicamentos disponíveis nas farmácias, 7 também têm a forma injetável, para uso hospitar. Outros 21 genéricos, todos injetáveis, são para uso exclusivo nos hospitais e postos de saúde.

Patentes

Não há genérico de remédios de última geração. A razão é simples: os laboratórios que os desenvolvem detêm a patente do produto - exclusividade da fórmula - por até 15 anos. Só depois desse período o medicamento de marca pode ter seu genérico produzido.

A tendência, porém, é que a lista de genéricos seja cada vez maior e mais diversificada. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tem pedidos de registro da indústria farmacêutica para 57 novos genéricos. "São solicitações de 45 laboratórios que querem entrar nesse mercado", acrescenta Vera Valente, gerente-geral de genéricos da Anvisa. "As empresas vão investir cada vez mais em remédios para doenças crônicas porque significam mercado certo", afirma Ciro Mortella, presidente da Associação Brasileira da Indústria Farmacêutica (Abifarma).

Segundo donos de farmácias, receitas do Antak (para gastrite), um dos primeiros remédios a ter equivalente genérico, praticamente desapareceram. Os números do laboratório Glaxo Wellcome, fabricante do remédio, confirmam essa tendência: em 1999, o Antak rendeu à empresa U$ 23 milhões. No ano passado, quando passou a valer a lei de genéricos, esse total caiu para U$ 13 milhões. Já a ranitidina (genérico do Antak) foi a campeã de vendas entre os genéricos em 2000.

Mercado

Apesar disso, representantes de laboratórios e farmácias são unânimes em dizer que as vendas apenas migraram do remédio de marca para o genérico, ou seja, o mercado de medicamentos não cresceu. "Essa é a nossa grande frustração", diz o presidente da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), Sérgio Mena Barreto. "Os genéricos não trouxeram mais gente para o mercado." Não é difícil entender o motivo: quem não tinha R$ 40,00 para comprar o medicamento, também não tem R$ 20,00.

José Serra duvida da avaliação. "Sou economista e acho que esse efeito deve ser medido melhor." Mas o ministério não tem dados que mostrem crescimento do mercado. O faturamento da Drogaria São Paulo, uma das maiores redes do Estado paulista, por exemplo teve uma queda de R$ 50 milhões, de 1999 para 2000.

De qualquer forma, os fabricantes estão animados com o novo negócio. "As vendas crescem 15% a cada mês", afirma Omilton Visconde Junior, vice-presidente do Laboratório Biosintética, que fez parceria com o maior fabricante mundial de genéricos, o israelense Teva.

Consumidor

Em 2000, foram vendidas 1,2 bilhão de unidades de genéricos no País, o que representa 1,6% dos medicamentos comercializados. Por enquanto, a maioria dos laboratórios fabricantes de genéricos é de empresas brasileiras que até 1999 vendiam similares de produtos já consagrados. "Entre 2001 e 2002 teremos mais 150 novos genéricos", diz Débora Mori, gerente de produtos do Laboratório EMS. "O consumidor está ávido por genérico e é ele quem decide as regras do jogo", afirma o superintendente do Laboratório Teuto, Jailton Batista.

Donos de farmácias também já perceberam a força do consumidor. "Quem não tem genérico fica para trás porque perde cliente", afirma Macedo. "Os genéricos são caminho sem volta", completa Ruy Saccomani, farmacêutico e dono de lojas da Rede Aquitem, na periferia de São Paulo.




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