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18% dos nisseis que moram no Japão sofrem de depressão

18% dos nisseis que moram no Japão sofrem de depressão

Andréia Alevato
Ser mulher, estudante e fumante são os principais fatores que influenciam nipo-brasileiros que moram no Japão a ter depressão e ansiedade. Essa é a conclusão da tese de doutorado do médico Lincoln Sakiara Miyasaka, defendida em dezembro no curso de medicina interna e terapêutica da Escola Paulista de Medicina, da Universidade Federal de São Paulo (USP). Segundo o médico, 17,8% dos nipo-brasileiros entrevistados que moram no Japão apresentaram distúrbios psiquiátricos, como depressão e ansiedade, enquanto que em Bauru apenas 3,2% dos descendentes de japoneses entrevistados apresentaram os problemas.

A pesquisa verificou que 47% dos estudantes nipo-brasileiros que foram morar no Japão sofriam de depressão e ansiedade. Miyasaka explicou que os descendentes de japoneses que eram estudantes no Brasil tinham probabilidade dez vezes maior de apresentar problemas psiquiátricos do que os trabalhadores no país do sol nascente.

Ele disse, também, que a incidência desses transtornos ocorrerem entre mulheres é três vezes maior do que em homens, e em fumantes é de 2,7% a mais do que em não-fumantes. Os processos migratórios, o choque cultural e o excesso de trabalho influenciam na presença de distúrbios, segundo o Miyasaka.

Durante três anos (abril de 1997 a abril de 2000) o médico coletou informações e reclamações quanto às questões de vida e trabalho entre 2.300 nipo-brasileiros, aproximadamente, que moram no Japão. Foram entrevistados 213 nipo-brasileiros em Bauru e 158 que moram no distrito de Kiyoharadai, no Japão (cerca de 100 Km de Tóquio), com idades acima de 16 anos.

“Escolhi Bauru para fazer a pesquisa porque a comunidade nikkei tem uma lista de endereços das famílias nipo-brasileiras da cidade. Kiyoharadai foi escolhida porque vários nipo-brasileiros moram lá. É uma cidade comparável a Bauru, porque tem aproximadamente 400 mil habitantes”, completou Miyasaka.

Os participantes da pesquisa receberam visitas do médico e responderam um questionário elaborado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), composto por 20 questões e que pode detectar sintomas de depressão, ansiedade e outros distúrbios psiquiátricos. Esses sintomas podem ser detectados se o entrevistado responder “sim” a oito ou mais questões.

“Resolvi fazer a pesquisa porque faço parte da comunidade japonesa e percebi que várias pessoas, quando voltavam do Japão, apresentavam problemas de depressão”, contou o médico. Miyasaka afirmou, ainda, que o estudo não pode detectar as causas que levam aos problemas psiquiátricos, apenas os fatores associados a esses distúrbios.

“Apesar de o trabalho não detectar as causas, morei três anos no Japão e tive contato com 2.300 nipo-brasileiros que moram lá. Com isso, pude relacionar os distúrbios apresentados e quantificar a diferença e os fatores sociodemográficos que contribuem para o aparecimento desses problemas”, concluiu o médico.




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