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23/01/01 00:00 -

Motivos reais de preocupação

Motivos reais de preocupação

(*) Jorge Boaventura
No momento em que nós estamos sentando, para escrever este artigo, o noticiário internacional nos dá conta de que, uma vez mais, parece ter caído em impasse as negociações de paz entre palestinos e israelenses, promovidas pelo governo americano. Continua, portanto, aceso o estopim de um conflito cujas dimensões e gravidade, aparentemente, escapam à percepção da maioria, neste mundo em que se multiplicam as notícias, informações e desinformações que, em escala gigantesca, desabam sobre o homem comum, por sua vez transformado em uma espécie de escravo de novo baal Moloch, o sr. Mercado que, como se fora ente autônomo, e não algo conseqüente à atividade humana, impõe regras tais e tantas que o homem, sem o qual ele não existiria, passa a existir para ele. E as exigências desse novo senhor são tais e tantas que os seus criadores, transformados em escravos, mal têm tempo para refletir com um mínimo de profundidade, para além das exigências imediatas que lhes são impostas. Por tudo isso, talvez, a maioria não se dá conta de que os campos em confronto não são representados, apenas, por israelenses e palestinos. Os primeiros, de fato, representam fração, ainda que pequenina, do maior poder da terra; os segundos integram o mundo árabe ou, ainda mais precisamente, o mundo islâmico, até aqui fracionado e desunido, mas nem por isso deixando de ser, alguns de seus integrantes, habitantes de áreas em que se situam algumas das maiores reservas mundiais de petróleo, esse sangue que anima a civilização industrial e tecnológica dos nossos dias.

Por outro lado, no caso do alastramento do conflito no Oriente Médio, dada a notória influência do “lobby” judaico sobre o governo dos EUA, ninguém, razoavelmente, porá em dúvida o lado para o qual se inclinará o poder militar até aqui sempre posto à disposição daquele “lobby”. E é aí que reside o perigo de uma unificação, para o caso, do mundo islâmico, por acaso se tornando propenso a dar ao confronto o caráter que denominam os seus fundamentalistas de “Guerra Santa”. Em tal hipótese, percebe o leitor, inteligente, que o conflito, no momento aparentemente pequeno, entre palestinos e israelenses, poderá assumir dimensões apocalípticas, de vez que potências como a Rússia e como a China possivelmente não cruzarão os braços diante da vitória do grande capitalismo internacional que, para eles, significará a relegação irreversível a um segundo plano, e o estabelecimento de uma hegemonia sem contraste possível, o que, certamente, não lhes parecerá desejável ou, sequer, tolerável. E, infelizmente, a humanidade, sobretudo a que vem sendo desumanizada cada vez mais na História Moderna, a dos morticínios em massa das duas grandes guerras, a dos incêndios inomináveis ateados em Hiroshima e Nagasaki, não se tem caracterizado pela sensatez. E aí, quem sabe, poderá ocorrer a intervenção do que temos designado como 2º plano da História, para que, sobre os escombros da atual, surja uma nova civilização mais generosa, mais humana e mais justa.

Tudo isso são cogitações e hipóteses cuja validade só o tempo esclarecerá. Esperemos, portanto.

(*) home-page:www.jorgeboaventura.jor.br
e-mail: boaventura.jorgeboaventura.jor.br





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