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23/01/01 00:00 -

Os melhores perfumes estão

Os melhores perfumes estão

Ricardo Polettini
Pode parecer uma analogia besta, mas o ditado popular é bem aplicado quando o assunto é o Rock in Rio 3. Na sexta-feira, quando todas as atenções se voltavam ao Palco Mundo - onde se apresentariam as atrações principais -, nas tendas alternativas, acontecia o melhor do festival.

Sem desmerecer as bandas donas da noite - Sepultura, Iron Maiden, Pavilhão 9, Sheik Tosado e Queens of the Stone Age -, que fizeram jus ao lugar que ocupavam, mas o inesperado sempre impressiona mais. Isso sem falar do conforto (duchas vaporizavam água a cada cinco minutos) e do som impecável, já que as tendas, cobertas, exigiam menos potência e proporcionavam mais definição.

Ao chegar na Cidade do Rock, por volta das 14 horas, o sol era escaldante. O jeito foi se esconder sob a lona da Tenda Raízes, onde começava a apresentação de Pascual Gallo, da Andaluzia.

Refresco no calor e aquecimento para os ouvidos. O flamenco virtuosista dos músicos ganhou aplausos generosos até de roqueiros camisas-pretas fervorosos.

O suíngue afro-caribenho de Dedé Saint Prix, na ilha de Martinica, não ficou para trás. Tudo insinuava que o dia musical seria longo.

Pausa para recompor líquidos no corpo e começa o que seria de longe uma das melhores apresentações da sexta-feira, na Tenda Brasil, o show de Pepeu Gomes e Armandinho. O fantasma das garrafadas de Carlinhos Brown acenava forte, personificado nas apresentações mornas anteriores: Tafari Roots, Os Anjos e Supla, pouco tolerados pela galera “metaleira” presente em massa.

A dupla de guitarristas entra e deixa o público em êxtase logo de cara, abrindo com “Soul Sacrifice”, de Carlos Santana. Pepeu Gomes enfatiza: “Essa é a guitarra brasileira!”.

Uma série de sucessos deu seqüência à apresentação, exclusivamente instrumental, intercalando malabarismos dos dois baianos. Destaque “Malacacheta”, sucesso de Pepeu no final dos anos 70 que foi acompanhado de palmas do começo ao fim.

Após vários “duelos”, o final foi apoteótico e provou que roqueiro também se rende ao samba quando este é bem encaixado num show - diferente do Guns’n’Roses, que submeteu sambistas da Viradouro ao vexame só para fazer média com os brasileiros. Com a bateria da Mocidade Independente de Padre Miguel no palco, Pepeu e Armandinho tocaram “Brasileirinho” e todo mundo sambou - sem arremesso de garrafinhas!

Tom Zé, que encerrou a noite na Tenda Brasil, mesmo fazendo um show estranhamente curto, foi aplaudidíssimo.

A tarde caía e enquanto os recifenses do Sheik Tosado mostrava sua mistura manguebitiana no palco principal, entre as tendas circulava um grupo de maracatu de baque solto, chamando as atenções do público desprevinido - mais uma surpresa fora do “main stream”.

A Tenda Eletro já fervia nesse momento. Além de números circenses, o drum’n’bass embalava passos destrambelhados no local eleito para a “azaração” no festival.

Mais tarde, em contraste com o velho heavy metal, a nova música do brasileiro DJ Marky alucinava o público, enquanto Queens of the Stone Age e Rob Halford (ex-Judas Priest) se esforçavam para não fazer feio.

As estrelas da noite fizeram o esperado: o Sepultura provou que tem vida própria sem Max Cavalera e o Iron Maiden fez um show digno grande nome do heavy metal - se é que isso ainda existe em pleno 2001; Bruce Dickinson provou que sim.

É uma pena que o público televisivo tenha ficado apenas com as atrações do Palco Mundo. O Rock in Rio 3 foi muito mais que astros manjados. Anônimos (ou quase) e esquecidos “comeram pela beirada” e “fizeram o molho sair melhor do que o peixe” - só para encerrar com mais ditados.




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