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Doença da "ovelha louca" pode ser transmitida ao ser humano

Doença da "ovelha louca" pode ser transmitida ao ser humano

Redação
A doença da “ovelha louca” detectada em animais no Estado do Paraná pode, da mesma maneira como a doença da vaca louca, ser transmitida ao homem. A transmissão é possível, desde que se consuma cérebro ou medula espinhal de ovelhas infectadas. A afirmação é do neurorradiologista Dominique Doyon, especialista francês que está em Bauru como palestrante do Simpósio Brasil/França de Neurocirurgia e Neurorradiologia.

O neurorradiologista explica que a doença da “ovelha louca”, assim como a da vaca louca são variações de infecções causadas por príons, que atacam o cérebro causando lesões. “É uma infecção do encéfalo por um príon. Dada a sua característica, se chama espongiforme.” O príon que ataca o rebanho bovino não é o mesmo que ataca os ovinos, frisa o médico.

A única maneira de se livrar das doenças causadas pelos príons é a exterminação do rebanho, seja ele bovino ou ovino, ressalta Doyon “Não existe tratamento para os príons. Eles são altamente resistentes. Infelizmente, a única maneira de solucionar o problema é eliminando os animais infectados.”

O médico lembra que os príons são “seres” primitivos, precursores dos vírus, que têm a capacidade de infectar o cérebro humano, causando a doença. “No gado, a doença conhecida popularmente como vaca louca leva o animal a perder o controle dos movimentos e a morte. No homem, a demência e a morte.”

Neurocirurgião bem treinado

O neurocirurgião francês Fabrice Parker, outro palestrante do simpósio, ressalta que a tecnologia auxilia a medicina e o cirurgião, mas nada substitui um neurocirurgião bem treinado, bem formado. Parker diz que a navegação em neurocirurgia é basicamente um método onde compõe as imagens de ressonância, tomografia, angiografia tridimensionalmente através de um computador.

Durante a cirurgia, a informática vai ajudar o cirurgião a saber exatamente onde ele está. “É particularmente importante quando a lesão está numa área muito importante do cérebro e você não pode lesar nenhuma das estruturas vizinhas, na área da fala, no hemisfério esquerdo do cérebro, por exemplo.”

O aspecto educacional é enfatizado pelo especialista. “A navegação na neurocirurgia tem uma finalidade importante para os neurocirurgiões que estão começando o treinamento. Pelo computador eles podem ver melhor as estruturas do cérebro. Ilustra bem como a informática está auxiliando a Medicina em particular a cirurgia.”

O médico aponta como problema o preço da tecnologia. “Um dos problemas é que é uma tecnologia ainda é extremamente cara. Mas como tudo nessa área tende a baratear rapidamente, pode ser que em pouco tempo, essa tecnologia seja utilizada por mais especialistas.”

No Brasil, a neuronavegação só é usada nos grandes centros, segundo o neurocirurgião Adriano Yacubian Fernandes. “São poucos os hospitais que têm um equipamento desse. Só nas Capitais.”

“Ovelha Louca”

O foco da doença no Brasil ocorreu em uma propriedade de Candói, no Sul do Paraná, onde foram encontrados três animais da raça Hampshire Down contaminados. Há uma semana, quando a doença foi diagnosticada por exame laboratorial, a Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab) notificou o Ministério da Saúde e a Organização Internacional de Epizootias (OIE) sobre o caso.

Um rebanho de 290 ovelhas foi abatido. Segundo o Ministério da Agricultura do Estado, este é o segundo registro da doença no País. O primeiro foi em Castro, também no Paraná, com ovinos importados do Reino Unido.

A Seab e o Ministério da Agricultura prometem fazer um rastreamento no rebanho ovino do Estado para determinar se há outros focos de contaminação pela doença “scrapie”. O “scrapie”, ou paraplexia enzoóica, provoca lesões nas células nervosas dos ovinos e é causada por uma molécula chamada príon.




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