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Recuperação oferece aprendizado light

Recuperação oferece aprendizado light

Gilmar Dias
Secretaria de Estado da Educação determina que professores não se restrinjam somente ao conteúdo da matéria

O que num passado não muito distante era encarado como uma assombração, um pesadelo, hoje nada mais é do que um divertimento ou, em alguns casos, até mesmo um passatempo para os jovens. A recuperação de férias, considerada um “castigo” para os alunos que, por motivos diversos, não conseguiram atingir a avaliação mínima para seguir em frente com seus estudos, virou um atrativo de verão. Os estudantes aprovaram. “É dez”, como costumam dizer.

A Secretaria de Estado da Educação determinou que, a partir de 1999, a recuperação também teria um tema definido antecipadamente para ser acoplado às atividades de classe. No ano retrasado, por exemplo, os estudantes tiveram que trabalhar o tema jornal. No ano passado, a revista foi a escolhida. Neste ano, a fotografia - aquela invenção que quando bem aplicada diz mais do que mil palavras escritas - é a abordagem da vez.

Assim caminha a educação no Estado. Para o dirigente regional de ensino, Jair Vieira Sanches, o governo está no caminho certo. “Na realidade, a recuperação de férias tem por objetivo recuperar o aluno. E é mesmo estar motivando o aluno, incentivando-o a aprender de forma diferente”, diz. Segundo ele, a idéia é evitar que professores e alunos trabalhem o conteúdo das matérias da mesma maneira que ocorreu durante o ano.

“É para que o aluno perceba que o conteúdo que foi trabalhado durante o ano tenha uma intervenção em sua vida de forma diferente. A química, a física, a matemática, ou seja, não é só para ele saber isso. É para ele saber que esses conteúdos trabalhados tenham uma interferência em sua vida e o que faz ser diferente como cidadão. Um cidadão crítico, consciente, participativo de todos os grupos nos quais ele está inserido”.

Sanches aponta que os professores não precisam escrever no planejamento que formam cidadãos conscientes, mas apenas ter uma postura de educador para que isso ocorra. “O professor que faz o aluno perceber um mundo diferente é o que forma o cidadão consciente e participativo numa sociedade heterogênea e globalizada”.

No ponto de vista dele, o docente não deve ficar atento somente ao conteúdo que ele ministra, mas também ao aluno que está aprendendo e a forma como isso está se dando. Ele defende que a Secretaria de Estado da Educação está no caminho certo. “Em 99, nós trabalhamos o jornal. Nas férias de janeiro de 2000, nós trabalhamos a revista e, agora, nós estamos trabalhando a fotografia”.

O dirigente de ensino reforça que a intenção é fazer com que o aluno tenha a sensibilidade de perceber as diferentes “nuances” que existem no mundo e, a partir daí, mudar seu comportamento. “A Secretaria da Educação tem esse compromisso de fazer com que essa educação, vista de forma diferente, seja trabalhada de forma diferente. Esse deve ser o caminho trabalhado durante o ano inteiro. Tenho ouvido de alguns alunos que estão em recuperação que, no ano que vem, vão fazer de tudo para ficar de recuperação de novo, que é legal”.

Sanches acredita que a escola tem que ser um local alegre, de satisfação e prazer, como se fosse um complemento a vida do aluno. “A escola não pode ser uma obrigação. É esse o projeto da Secretaria de Educação: trabalhar o aluno no seu total e que ele perceba que as mudanças ocorrem porque ocorre a aprendizagem. A escola tem a obrigação de ensinar, mas o aluno precisa aprender. É essa a avaliação que a secretaria fez. Nada adianta ficar trabalhando especificamente o conteúdo. Mas sim trabalhar esse conteúdo ligado a toda participação do indivíduo na sociedade”.

Apeoesp cobra mais tempo para aplicação do projeto

Na avaliação da diretoria regional do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), o projeto adotado pela Secretaria de Estado da Educação é interessante. A coordenadora regional da entidade sindical, Maria José dos Santos, no entanto, defende que o programa deveria ter mais tempo para ser colocado em prática.

Ela também avalia que o conteúdo das matérias deveria ser mais abordado durante as atividades. “Não somos contra. O conteúdo deve ser aplicado junto com o projeto. Acho interessante trabalhar o tema fotografia, ensinar para os alunos o que tem por trás das imagens”.

A dirigente sindical citou o exemplo de uma escola que está trabalhando imagens fotográficas de meninos de rua. “O projeto precisa ser aplicado de maneira que os alunos possam entendê-lo”. Maria José avaliou a situação da progressão continuada, que até classifica como um bom projeto.

“Ela é ótima. Mas existem alguns entraves, como classes com mais de 45 alunos, jornada de trabalho exagerada por parte dos professores, bibliotecas sem funcionários, falta de espaço físico nas escolas”.




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