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Retrospectiva: Bauru ouve música clássica

Retrospectiva: Bauru ouve música clássica

Redação
Fundado em agosto de 1943, o Clube Amigos da Boa Música (CABM) realizou, no ano 2000, 33 audições semanais de música erudita, a primeira delas de n.º 1.867, em 20 de março; a última do ano, a de n.º 1.899, em 18 de dezembro.

Comparecimento

Freqüentaram as 33 audições do CABM, 651 pessoas, resultando a média de 19,72 por audição. A mais concorrida, a de n.º 1.887, em 2 de outubro, teve 39 freqüentadores e a de menor freqüência, a de n.º 1.881, de 17 de julho, com 10.

Compositores ouvidos

Foram programados 155 nomes importantes da música erudita. 49 delas de autores brasileiros; 106, de estrangeiros. Os mais ouvidos, foram, pelo número de vezes, Bach, 26 (o ano 2000 marcou os 250 anos de sua morte - 1685-1750), Villa-Lobos, 12; Beethoven, 9; Tchaikowsky, 5; Mozart, Liszt e Mendelssohn, 4; Vivaldi, Mignone, Padre José Maurício, Sarasate, Chopin, Bizet e Carlos Gomes, 3. Verdi, Weber, Albeniz, Debussy, Camargo Guarnieri, Dvorak, Clara Schumann, Tom Jobim, Andrew Lloyd Weber, Wagner, Rossini, Haydn, 2; Henrique Oswald, J. Padilla, Manoel Ponce, Brahms, Paganini, Richard Addin Sell, Oswaldo Lacerda, Donizetti, Saint-Saens, Albert F. Doppler, Francisco M. Silva, Fauré, José de Anchieta, Palestrina, Puccini, Itiberé da Cunha, Gershuin, Ravel, Borodin, Schubert, Joubert Carvalho, De Falla, Smetana, Alexandre Levy, Rameau, Grofé, Barrozo Neto, Gregorio Allegri, Noel Rosa, Bellini, Mussorgsky, Pixinguinha, Nazareth, Caetano Veloso, Hekel Tavares, Luiz Vieira, Leonard Bernstein, Vicente Lima, R. Galli, Patápio Silva, Rachmaninoff, Luiz Gonzaga e Nepomuceno, uma vez cada.

Noites de ópera

“Madame Butterfly”, de Puccini (Mirella Freni, Plácido Domingo e Herbert Von Karajan) foi apresentada em DVD (telão), na audição 1.869, no salão da biblioteca da FOB/USP. “Carmen”, de Bizet, ouvida na Sala Villa-Lobos, foi ilustrada por slides. A seleção foi interpretada por Vitoria de Los Angeles, Nicolai Gedda, Ernest Blanc e maestro sir Thomas Beecham.

Audição Brasil 500 Anos

O Clube Amigos da Boa Música não poderia ficar à margem das festividades comemorativas dos 500 anos do nosso amado Brasil. Assim, e à sua maneira, isto é, com muita música, foi criteriosamente preparada uma audição constante de nomes os mais importantes de nossa arte dos sons e com expressão internacional, tais como: Heitor Villa-Lobos (“Bachianas Brasileiras n.º 5”), Alexandre Levy (“Fantasia para 2 Pianos”, sobre temas da ópera “O Guarani”, de Carlos Gomes), culminando com a monumental obra músico-histórico-descritiva “O Descobrimento do Brasil”, que seria, na ocasião, 1937, trilha sonora do filme homônimo de Humberto Mauro, de Cataguazes, pioneiro da nossa cinematografia. A gravação, de técnica monofônica, foi realizada em Paris, com coros e orquestra da Rádio Televisão Francesa, em 1958, sob a direção do exuberante Villa-Lobos. Bem a propósito, o cinema nacional produziu o filme Villa-Lobos, “Vida de Paixão”. Na capital ele passou como um meteoro, ninguém sabe, ninguém viu. Em Bauru, nem cheiro... Por quê? Trata-se de arte nacional.

Homenagens póstumas

Os “abemistas” não deixam passar datas importantes, como: nascimentos, falecimentos, valores artísticos, etc., de nomes que são caros à nossa história. Então, na audição n.º 1.876, de 5 de junho, homenagem-póstuma foi consagrada a Jean-Pierre Rampal, nome dos mais ilustres entre os flautistas do mundo, falecido no dia 20 de maio, em Paris, de quem o presidente Chirac lembrou: “sua música falava do coração”. Constavam do programa composições de Bach, Vivaldi, Rossini, Beethoven, Donizetti, Chopin e Fauré, pelo artista primorosamente executadas. Em 12 de junho (audição n.º 1.877), houve referência póstuma e devida a João Dias Carrasqueira, emérito flautista brasileiro, morto em 14 de maio, em São Paulo. Via discos, CDs e por ele transmitidas, com classe e técnica, segundo sua invejável capacidade, músicas de Albert Franz Doppler, Vicente Lima, Raffaelle Galli e, de autoria própria, a esplêndida “Fantasia Sobre Temas de ‘O Guarani’”. Em homenagem à cidade de Bauru, no seu 104.º aniversário de fundação, em 1.º de agosto de 1896, foram preparadas duas audições comemorativas: a do dia 14 (n.º 1.882) e a de n.º 1.883, em 21 de agosto, respectivamente. Integradas por Francisco Manoel da Silva, autor feliz do nosso hino maior, na ocasião ouvido atenciosamente. De José de Anchieta, o “Aleluia”, da missa escrita em língua tupi, especialmente com fins de catequese e evangelização; de José Maurício Nunes Garcia, o “Hyrie” da missa de Santa Cecília; de Pixinguinha, “Naquele Tempo” (quinteto de sopros); Nazareth (“Brejeiro”); Mignone (“2 Valsas de Esquina”); Hekel Tavares (“Concerto em Formas Brasileiras” para piano e orquestra); de Carlos Gomes, seleções cantadas das óperas “Salvatore Rosa”, “Lo Schiavo” e “Fosca”. Outras peças completaram as homenagens, com cordas, clarineta, piano, soprano e orquestra. Mais duas audições, no total de quatro, foram apresentadas: “Bachianas Brasileiras” n.º 4, 2 e 1; duas serestas, “Valsa da Dor”, finalizando com a “Sinfonia n.º 4”, “Vitória” e “Concerto n.º 5”, para piano.

Em 2 de outubro a audição n.º 1.887, relembrou um dos primeiros “abemistas”, o companheiro e estimado amigo Carlos de Almeida Guimarães, falecido no dia 23 de agosto. Grande conhecedor de obras pianísticas e respeitado mestre de interpretação musical. Em sua memória foram ouvidas peças de sua predileção, dos compositores: Bach, Chopin, Albeniz e Rachmaninoff, interpretadas por seus ídolos: Glenn Gould, Guedes Barbosa, Vladimir Horowitz, Van Cliburn, entre outros. A Sala Villa-Lobos, sede do clube, estava lotada, numa visível manifestação de solidariedade. Foi a mais concorrida do ano: 39 ouvintes.

Audição Santa Cecília

Após breve comentário do presidente sobre a jovem mártir da família romana dos Caecilli (séc. III) a padroeira universal da música foi lembrada por meio de obras do gênero sacro, a começar pelo “Aleluia” (canto gregoriano), Palestrina (“Credo”, da Missa Brevis), Bach (coral Nosso Deus é uma poderosa fortaleza), Vivaldi (“Kyrie”), Padre José Maurício Nunes Garcia (“Missa Pastoril para a Noite de Natal”) e Tchaikowsky (“Pai Nosso”).

Audição Especial

N.º 1.898, de 11 de dezembro. Teve programação de obras mais conhecidas por isto mesmo mais agradáveis, especialmente quando acompanhadas de slides ilustrativos, como no caso. “Alvorada”, da ópera “Lo Schiavo”, de Carlos Gomes, o “Uirapuru”, de Villa-Lobos e a “Grand Canyon Suite”, do americano Ferda Grofé.

Audição de Natal

Última do ano 2.000. Coroou jubilosamente a temporada musical do CABM. Iniciada com 3 “Spirituals”, prosseguiu com “Noite Azul”, de Klecius Caldas/Armando Cavalcanti, “Natal Brasileiro”, de Wilma Camargo. Foi o toque nacionalista na noite natalina, alegre, melodiosa, com jeitinho brasileiro. Descontraído, mas, respeitoso.

Foi mais um ano de boa música, com a qual o CABM cumpriu, mais uma vez, seu objetivo programado em 1943: “Distrair e Divulgar Instruindo”.

Só não escuta música de classe em Bauru, quem não quer.

E só não aprende a ouvi-la proveitosamente, quem não quiser.

O Clube está ali, na Gerson França, 18-82, sede social, com reuniões toda as segundas-feiras, às 20 horas, após o Carnaval. Com entrada franca.

“...de há muito acompanho os trabalhos desenvolvidos pelo professor Hélcio Pupo Ribeiro, especialmente no campo cultural específico - a música de Arte ou Erudita. Com efeito, não é segredo para ninguém que o professor detém uma das mais perfeitas, completas e admiráveis coleções de música erudita, em gravações de excepcional nível, quer qualitativo, quer quantitativo. Porém, mui ao contrário da maioria dos colecionadores, que se encerram egoisticamente em suas residências, o professor Hélcio Pupo Ribeiro coloca os seus tesouros artísticos à disposição dos interessados, sobre instruí-los no melhor conhecimento das formas, gêneros, estilos que se sucederam na música do Ocidente, no espaço e no tempo” - trecho extraído de um ofício endereçado ao então presidente da Câmara Municipal de Bauru, Rodolpho Pereira Lima, em 25 de maio de 1981, assinado pelo professor dr. José da Veiga Oliveira, musicólogo, historiador e crítico de música erudita da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.




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