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18/01/01 00:00 -

EUA/BRASIL: CONTRASTE

EUA/BRASIL: CONTRASTE

Marco Antônio de Souza
Após 20 dias nos Estados Unidos da América do Norte, retorno à vida normal deste Brasil velho de guerra. Ainda bonito por natureza, mas duvidosamente abençoado por Deus (malgrado a apaixonada interpretação dos carolas).

Na América (como antipaticamente os estadunidenses nominam seu país), um formigar de progresso, as ruas limpas, os shoppings centers (malls) abarrotados de gente (e comprando, observe-se), as estradas sem buracos (um único pedágio encontrado à entrada da Ilha de Manhattan), magnificamente projetadas e sinalizadas, os serviços públicos funcionando à toda e bem, o respeito especial ao idoso, à infância, à gestante (parece haver dedicada febre na procriação) e ao deficiente. E sobretudo, maravilha das maravilhas : EMPREGO ! MUITO EMPREGO !

Em cada 10 estabelecimentos comerciais, industriais ou de serviços, pelo menos 6 ostentam o agradável aviso - “NOW HIRING” (alguma coisa próxima de “agora contratando”). Em vinte dias visitando 5 estados diferentes (Massachusets, New Hampshire, Rhode Island, Connecticut e Nova York) a visão triste e quase solitária de apenas dois “homeless” nas ruas, implorando a comiseração alheia.

As visões de qualidade e respeito à vida se multiplicam : um salário-mínimo de cerca de 6 dólares a hora (em nossa pobre moeda, cerca de R$100,00 por dia), um seguro-desemprego de 500 dólares/mês e a crescente volta ao mercado de senhores e senhoras aposentados (as), com a dignidade de seus cabelos brancos e o compromisso de sua experiência, para atender ao explodir do desenvolvimento econômico do grande país da América do Norte.

Os economistas do mundo todo enxergam início de recessão na economia americana há anos. Enquanto isto, sem ligar para esta autêntica bobagem, eles dão as cartas e jogam de mão no pôquer internacional. E crescem um Brasil a cada dois anos !

No Brasil, que amo patriótica e penosamente, revejo as contendas entre ACM e Jader Barbalho, entre Inocêncio e Aécio, sob os coniventes e interesseiros olhares do sátrapa Fernando Henrique, todos eles brigando pelo puro e exclusivo poder, que, como se sabe, quando seu exercício não se presta a emancipar os homens, tem indisfarçável e estéril conotação.

O salário-mínimo de R$151,00, o desemprego cruel e malditamente mantido, as ruas sujas, as estradas deficientes apesar do festival de pedágios, as crianças marginalizadas e agredidas, os velhos tratados como escória social, a saúde sem remédios e sem remédio, os índios assassinados, o futebol na CPI, Lalau e sua prisão especial. Tudo isto, segundo Veja , no melhor Natal do Real.

Confesso minha vergonha e meu despeito. Confesso minha inveja e meu desânimo. Porque não consigo conceber em que ponto da história os EUA infletiram para o sucesso e o Brasil para este elaborado fracasso, feito em sucessivas gerações. Não valem os exemplos pontuais, mínimos e insuficientes de oásis de excelência no Brasil, nos dedos das mãos contados. É muito pouco !

Eu quero esta nação próspera, permitindo-se um mínimo de nacionalismo em defesa extremada dos seus, como acontece nos EUA e em todos os países do mundo que deram certo. Aqui, parece, governo e povo, enchem-se de escrúpulos para defender o que é seu ! Eu quero esta nação, ostentando o mesmo orgulho que estampam os americanos do norte ! Eu quero esta nação oferecendo (mais do que isto, permitindo) aos seus o justo emprego e a decente remuneração, a justa aposentadoria e a decente saúde; a verdadeira educação e o adequado transporte; a segurança de que a vida - bem supremo - está protegida pelo Estado, além da fria letra constitucional.

Chega de se contentar com pouco ! Chega desta síndrome de cachorro magro que aplaude quando o salário-mínimo é reajustado em míseros R$15,00 ! Chega deste destino de jegue, sempre servindo de montaria ao mundo !

Por enquanto, com a classe dirigente que dispomos, seja no ramo público, seja no ramo privado, o bom caminho e a boa direção indicam uma saída : estudar Inglês com afinco e economizar dinheiro para uma passagem aérea que pode ser definitiva !!!

Atenciosamente. (Marco Antônio de Souza - OAB/SP 55.799)




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