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18/01/01 00:00 -

NA ZONA DO MERETRÍCIO

NA ZONA DO MERETRÍCIO

Nei Ribeiro
Ainda na década de 70, a zona do meretrício funcionava, porém, a decadência já acenava, indicando que os dias de farra, festas, orgias e o comércio do sexo estavam próximos de extinguirem-se.

Naquela época, a classe “B” tinha essa opção, onde naquelas “casas” uma transa com as mulheres era mais em conta, e por isso as classes “B” e “C”, principalmente, no início dos meses, época de pagamento, davam uma maior intensidade no comércio do sexo e tinha preço variado, de acordo com a casa e a mulher.

Lembro-me que na Casa da Deise, por exemplo, havia uma festa por mês, com churrasco e bebida de graça, para determinadas pessoas, ou seja, aquelas que prestavam serviço na zona e também eram convidadas as que indiretamente também tinham ligação com o local, por circunstâncias de suas profissões.

Tinha cidadão que se dirigia à zona trinta vezes por mês, ou seja, todos os dias, principalmente os que mantinham amantes lá. Havia outros que freqüentavam também todos os dias, mas que não tinham amantes, não transavam com nenhuma mulher, não gastavam com bebidas, mas que apenas iam encher o saco das mulheres.

Em algumas oportunidades, de serviço no local, tive a chance de ver ambulância indo buscar médico que dormia com sua amante e, tendo que entrar em seu plantão logo de manhã, telefonava e a ambulância para lá se dirigia com o motorista e ainda de contra-peso, a funcionária burocrática, que aproveitava para ir conhecer de perto a zona do meretrício.

Numa outra oportunidade, uma das mulheres de uma das casas mostrou-me uma porta de madeira do seu quarto, caída no chão, alegando que um cidadão que tomou umas cervejas a mais, para mostrar que era forte, arrancou a tal porta com um soco e depois foi-se embora.

Não raro, havia brigas entre mulheres, às vezes colegas da mesma casa, e às vezes de casas diversas, e quando isso ocorria, dois motivos eram freqüentes: bebedeira e rixa por motivo de o “homem” de uma transar com outra e o fato era descoberto. Quando isso ocorria, os policiais de plantão no local colocavam-nas no interior do camburão e as levavam para a delegacia, para o registro da ocorrência, e, em seguida, ambas desciam para o “corró” até a cura da bebedeira.

Certa vez, uma mulher foi expulsa pela dona da casa por ter transado com um cliente, a troco de um maço de cigarro, fato ocorrido numa casa muito pobre e ralé que existia lá no finzão da zona e isso acabou denegrindo a imagem da casa, o que não foi aceito pela proprietária. Consta que gente boa daqui da cidade era proprietária de várias casas na zona, onde mantinha uma gerente, paga mensalmente e a fatura mensal era muito polpuda para tais pessoas possuidoras das casas. A zona que era chamada ninguém sabe o porque, de “Formigueiro”. O fim da zona do meretrício, deu-se, com o advento dos motéis. (Nei Ribeiro - RG: 2.703.333-8)




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